Célio Rocha (Pedro Cardoso) reencontra seu amigo de infância Otávio Sabóia (Miguel Falabella) quando o pai desse suicida-se no momento em que sua construtora está por quebrar. O pai de Célio (Fernando Torres) havia comprado um apartamento jamais entregue num dos condomínios da construtora e tem como idéia fixa morrer em seu imóvel.

            A trama estabelece uma luta ética na cabeça de Célio que é sempre confrontado com as conseqüências de suas ações e acaba tendo uma visão divina que lhe determina uma missão: solucionar a questão dos apartamentos inacabados e dos operários deixados sem pagamento pela família Sabóia.

            Um filme que foge dos parâmetros estabelecidos na fase atual do cinema nacional, com um roteiro confuso, mas que ousa na linguagem ao construir um anti-herói que apresenta a situação nacional e busca soluções ainda que equivocadas por vezes.

            O elenco supreende, ainda que Pedro Cardoso e Miguel Falabella não pareçam confortáveis em papéis tão distantes dos personagens cômicos usuais em sua carreira, mas nada que comprometa a compreensão do filme. Inegáveis os bons momentos proporcionados por Fernanda Montenegro, Fernando Torres e Lúcio Mauro que emprestam experiência e talento à trama.

            A direção de Torres é segura e consegue proporcionar ao espectador um filme rico visualmente e de bom nível que, com justiça, ficará marcado com a boa estréia de um cineasta que promete marcar presença no cenário nacional.