A narrativa é extremamente ágil e, ainda que haja algo de vago na missão do matador, toma conta da tela minuto a minuto. A relação de quase amizade estabelecida entre o carrasco e sua vítima recebe um tratamento extremamente interessante, há uma criação de uma dependência momentânea entre ambos que acaba por se tornar necessária em algum momento da fita.

            O filme flui sem que haja uma torcida contra o personagem de Cruise ainda que não haja simpatia por seu tipo, ele consegue tornar crível seu matador que perpassa alguma emoção num tipo que, em momentos, lembra o exterminador vivido por Schwarzenegger tal a obstinação em cumprir sua missão.

            Jamie Fox, um dos atores mais atuantes do momento, completa a dupla de protagonista com seu motorista simpático e que vive em meio a seus sonhos de criar um serviço de limusine e que tem seu destino atravessado pelos eventos.

            Um policial clássico que ganha em força com o toque ofertado por Michael Mann, diretor que arrisca nos enquadramentos, não ficando adstrito a dar ao expectador uma visão neutra, mas sim colocá-lo para interagir com a cena, sentindo o que vai ocorrendo durante a história, entrando nos diversos ambientes, possibilidades que a tecnologia digital fornecem com facilidade que só os grandes talentos conseguem dela fazer uso.

            A ida ao cinema acaba por resultar num grande divertimento para os fãs de filmes policiais e revelam uma dupla de atores em plena forma, com bom roteiro e um diretor que a cada filme parece acertar ainda mais sua mão.