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de Empresas -
01
/ Janeiro / 2005
Dinheiro público
para "socorrer" empresas privadas
Por Antonio Carlos
Evangelista Ribeiro
Colunista-Titular do Portal Brasil
Recentemente,
manchetes e matérias em todos os jornais e telejornais do País alardeavam um
pacote econômico financeiro que o governo prepara para o salvamento da Varig
– Viação Aérea Rio-Grandense, empresa brasileira, criada em 1927.
A VARIG é a maior empresa de transporte aéreo da América Latina. Sua parceria
com as empresas Rio Sul e Nordeste, disponibiliza 115 aviões para oferecer a
maior e mais diversificada rede de linhas aéreas de todo o país. Essa aliança
operacional, com as empresas Rio Sul e Nordeste, consolidou a liderança do
grupo no mercado. As três empresas oferecem ligações entre 70 cidades no
Brasil.
O Grupo Empresarial é controlado pela Holding FRB-Par Investimentos Ltda
Participações, que foi criado pela Fundação Rubens Berta, para assumir todas
as participações acionárias anteriormente detidas pela Fundação Ruben
Berta, sendo em seguida criadas duas novas holdings: VARIG Participações em
Transportes Aéreos (VPTA) e VARIG Participações em Serviços Complementares
(VPSC), além da própria VARIG. Cada uma das holdings tem controle sobre
parte das empresas do Grupo.
A VARIG S/A (Viação Aérea Rio-Grandense) controla a VARIGLOG (VARIG Logística
S.A..) a PLUNA (Pluna Líneas Aéreas Uruguayas S.A.) e a VEM (VARIG Engenharia
e Manutenção S.A.); a VARIG Participações em Transportes Aéreos S.A. (VPTA)
controla a Rio Sul (Rio Sul - Linhas Aéreas S.A.), Nordeste (Nordeste Linhas Aéreas
S.A.) e Rotatur (Soc. Brasileira de Turismo Aéreo Rotatur Ltda.); e, a VARIG
Participações em Serviços Complementares S.A. (VPSC) que controla a SATA
(Serviços Auxiliares de Transportes Aéreos S.A.), Rede Tropical de Hotéis,
AMADEUS Brasil e VARIG Travel. Ao todo são 11 as principais empresas
controladas pelas três holdings que fazem parte do Grupo FRB-Par.
Além disso, a VARIG Participações em Serviços Complementares S.A. (VPSC) tem
participações nas seguintes empresas: Phoenix Cargas Aéreas e Turismo Ltda.
– 60%, Cia. Tropical de Hotéis da Amazônia – 99,99%, Cia. Tropical de Hotéis
- 97,94%, Travel Serviços VARIG TRAVEL Participações e Serviços S.A. -
99,99%, Varig Agropecuária S.A. – 19,24%.
Essas informações estão no site oficial da Varig. Ainda, segundo o site, a
criação deste conglomerado econômico, entre outras vantagens, permite maior
transparência para divulgação dos resultados de cada empresa, foco em cada
atividade de negócios, autonomia de decisões, maximização de retorno aos
acionistas e criação de oportunidades de captação de investimentos.
Sem dúvida alguma é um grande Grupo Empresarial.
Diante dessa portentosa demonstração de solidez e transparência do Grupo
Empresarial, como podemos admitir que o Poder Público atue de forma
intervencionista direcionando recursos públicos gerados por impostos pagos
pelos contribuintes para o salvamento de uma empresa privada?
Como contribuinte não posso concordar com a idéia do Poder Público Executivo
socorrer qualquer empresa privada que, por motivos organizacionais e/ou
operacionais venha ter dificuldades. Não posso concordar com os argumentos -
geralmente os mais empregados são o desemprego e a desestabilização do setor
econômico e da economia - utilizados para “doação” de dinheiro público a
empresas privadas.
Conforme publicado pela Agência Reuters, o plano do governo para Varig prevê
empréstimo de US$ 1 bi (um bilhão de dólares) do BNDES. O pacote de
salvamento prevê a divisão da companhia em duas partes - uma englobando os
ativos e outra, as dívidas - e financiamento de cerca de 1 bilhão de dólares
aos futuros novos controladores da empresa, segundo sindicalistas e uma fonte
ligada ao Ministério da Defesa.
Deste total, entre 300 milhões e 400 milhões de dólares seriam usados para a
demissão de todos os cerca de 11,5 mil funcionários da atual Varig,
que tem patrimônio negativo de 6,6 bilhões de reais e enfrenta fortes
dificuldades financeiras.
Numa segunda etapa, os funcionários seriam recontratados pela nova empresa,
mas sindicalistas dizem que não há garantias de que todos sejam readmitidos e,
a probabilidade de isso aconteça é muito grande.
Um bilhão de dólares corresponde a aproximadamente R$ 2.700.000.000,00 (dólar
a R$ 2,70) que, se empregados em proveito da população, poderiam construir
milhares de casas populares, centenas de escolas, hospitais, melhorar a remuneração
dos trabalhadores (salário-mínimo), melhorar a qualificação e a remuneração
dos professores da rede pública de ensino básico que é uma vergonha neste País,
etc.
Além disso, cabem outras perguntas.
E as demais empresas, podem quebrar?
As micro, pequenas e médias empresas responsáveis pela grande parte do número
de empregos gerado no Brasil (constatação do próprio Governo) não desfrutam
da mesma regalia. Quando não são bem administradas, quebram mesmo. E estamos
repletos de exemplos é só olhar ao redor.
Não me convencem argumentos macro-econômicos, que possam querer justificar
esse tipo de ingerência pelo Executivo. Pelo que tudo indica, não vai parar
apenas na Varig, pois já tem até nome PROAR.
Infelizmente, já temos vários casos de intervenções com a utilização dos
recursos públicos, que, em minha opinião, não passam de assistencialismos em
prejuízo coletivo maior: PROER para os Bancos, o caso AES (artigo do 1º
semestre/2004), etc.
Enquanto isso, hospitais fecham por falta de recursos, escolas públicas não reúnem
as mínimas condições para os alunos, etc.
Se quisermos uma economia de mercado temos que agir de forma que isso
efetivamente aconteça.
Por que internar recursos públicos em empresas privadas?
Por que não se adota o mesmo critério para todas as empresas privadas? A micros,
pequenas e médias seguem o mercado, quando enfrentam dificuldades
desimobilizam, buscam recursos com sócios e acionistas e, quando é caso,
penhoram bens em garantia que vão à praça, como de costume em uma economia de
mercado.
Nesse caso em questão, surgiu providencialmente, por decisão do STJ (Superior
Tribunal de Justiça) a favor da Varig numa ação de cerca de R$ 2,5 bilhões
de crédito contra a União, o que deve precipitar esse socorro.
Não se pode esquecer que é um “socorro” capaz de equacionar a curto e médio
prazo os problemas de liquidez enfrentados. Mas, o que dizer do patrimônio
negativo de 6,6 bilhões de reais. Será que o socorro será suficiente para
reverter essa situação ou teremos no futuro o mesmo problema para socorrer?
O tempo dirá.
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