O filme, inicialmente, demonstra o esfacelamento de uma família argentina com o pai criando o filho, receoso de cada movimentação nas ruas, enquanto sua esposa de origem indígena liga-se aos movimentos clandestinos que lutavam contra a ditatura.

            A partir da prisão de Negra (Gabriela Salas), seu esposo (Daniel Kuzniecka) e seu filho, Amigomío (Diego Miesaglio) iniciam viagem pelos Andes buscando chegar ao Equador e encontrando toda a sorte de problemas inerentes aos diversos movimentos políticos existentes na América Latina dos anos setenta.

            Num terceiro momento, já estabelecidos no Equador, começa a crise de identidade em que a tranquilidade de uma vida confortável e sem maiores contratempos conflita com a saudade da terra natal e a culpa pelos que ficaram para trás ou pereceram na luta política.

            Um roteiro inteligente que consegue nos três momentos da trama esboçar com perfeição os sentimentos dos protagonistas e que, plenamente, justifica a sequência de eventos, ainda que a parte da viagem contenha alguma construção esteriotipada dos habitantes dos rincões latino-americanos. Esse ponto, entretanto, não compromete o resultado final.

            Uma boa mostra da cinematografia latino-americana que tardiamente vem sendo conhecida no Brasil, descortinando facetas diversas e eventos históricos que ocorreram tão perto e tão longe de nossa realidade, embora guardasse com ela fraternal correlação.