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16 / outubro / 2005
DINHEIRO E
FELICIDADE
Gilberto Wiesel,
colunista-titular do Portal Brasil
Pesquisas recentes apontam para a tendência desenfreada em busca do dinheiro para, por meio dele, garantir a tão sonhada felicidade. Afinal, a felicidade é o nosso maior sonho de consumo.
Esse registro é preocupante, pois demonstra a falta de preparação das pessoas, nos critérios que utilizam, em todos os níveis sociais, na busca da felicidade. Os critérios, relacionados à conquista da felicidade, não são claros e/ou definidos, mas é possível perceber a busca sendo feita nas escolhas duvidosas. Explico: um estudo realizado pelas Universidades de Harvard e Estatal da Pensilvânia, com indivíduos de 20 a 64 anos, revelam que o dinheiro, de fato, compra a felicidade. As pessoas mais ricas tendem a ser mais felizes que as pobres, entretanto, os dados coletados apontam para um critério desastroso, por elas utilizado: a comparação!
Exatamente isso! As pessoas com dinheiro, comparam seus ganhos e suas aquisições materiais com aquelas dos indivíduos do mesmo grupo social, ao invés de fazerem a comparação com um grupo social inferior. É nesse ato que nascem os sentimentos sombrios, com o poder de ofuscar a tão desejada felicidade. Nesse momento, o dinheiro simplesmente compra aflição, ansiedade e uma insatisfação profunda. Afinal, com a comparação, os seres humanos percebem que nem sempre possuem o que as pessoas do seu grupo social já conquistaram. Assim o tempo passa a ser insuportavelmente curto para tudo que se pensa ser necessário para evitar a distância entre o que a pessoa conquistou e o que o outro tem a mais.
Essa luta é cruel e não dá trégua. Dia e noite, ano após ano, é sempre a mesma coisa. Praticamente uma corrida, aliás, pior que uma corrida, pois nas competições esportivas, corremos felizes, praticamente flutuamos. Já a corrida da vida acontece com uma incessante falta de ar. O peito aperta e dificulta a respiração serena. Não há muito tempo para isso. Quanto ao ar, não tem importância se ele falta diante do stress causado pelos objetivos gigantescos. O importante é vencer a comparação e, termos a certeza de que estamos perto do que o outro já tem. O resto não importa...
E como fica a felicidade? Afinal, foi com esse tema que iniciamos o artigo. Bem, a felicidade para esses estressadinhos não é atingível, pois ela estará sempre um quilômetro, ou um degrau, ou uma promoção, ou uma aquisição, à frente! Dessa maneira, segundo a pesquisa, quanto mais alto é o rendimento dos demais integrantes do grupo etário e social a que pertencemos, menor é a nossa felicidade. Acrescenta ainda que, ao invés de promover uma felicidade geral, o crescimento contínuo dos rendimentos pode promover uma permanente corrida consumista, em que os indivíduos consomem mais e mais apenas para manter um nível constante de felicidade. O que infelizmente denota uma grande ilusão. E naturalmente a ILUSÃO nunca foi matéria-prima para felicidade. Ao contrário, a matéria-prima para felicidade é a LIBERDADE.
Com ela, conquistamos sem comparar, crescemos sem medir distâncias, desejamos o que, de fato, não nos aprisionará e, finalmente, deixamos os outros livres para crescerem. Enquanto eu, sou livre para voar!
Afinal, a liberdade é o espaço que a felicidade precisa !
PUBLICAÇÃO
AUTORIZADA EXPRESSAMENTE PELO COLUNISTA
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