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16 de
julho de 2006
AS CLASSES SOCIAIS
Por Antonio Carlos
Evangelista Ribeiro
Colunista-Titular do Portal Brasil
Como tenho afirmado em meus artigos e em no livro “Manual das Micro, Pequenas e Médias Empresas” um Administrador capacitado precisa ter uma visão global e bom senso para administrar os recursos existentes e disponíveis.
Para isso, além de precisar de fontes de informação confiáveis deve filtrar e buscar a informação desejada sem, evidentemente, analisar um universo mais abrangente de suas pesquisas/fontes de informação.
Essa combinação permite ao Administrador profissional executar suas funções com êxito em qualquer empresa.
As fontes de informação são fundamentais e indispensáveis no processo administrativo. Essa ferramenta proporciona uma base de sustentação ao Administrador para balizar suas decisões.
Da mesma forma que essa ferramenta contribuiu para decisões adequadas uma base de dados inadequada ou certamente ocasionará uma leitura errada do mercado e pode direcionar o Administrador para decisões desastrosas.
Por isso, mais importante que ter a fonte de informação é identificar se esta fonte é confiável. O Administrador deve cercar-se de fontes fidedignas e confiáveis para poder balizar suas decisões da forma mais adequada para atingir os objetivos propostos.
Quanto se busca informação, invariavelmente se fala em coleta de dados e utilização de bancos de dados. Assim, ao analisar as informações deve se ponderar a fonte, o período e a metodologia utilizada para produzi-la. A princípio, quanto mais segmentado for o banco de dados, mais minuciosa poderá ser a informação extraída.
Existem inúmeras fontes de dados estatísticos à disposição para consulta, sobre os mais variados temas e segmentações. Cabe buscar a análise mais adequada.
Todos os bancos de dados disponíveis estão sujeitos a parâmetros impostos pela sua metodologia, segmentação ou pela sua concepção. Além disso, os bancos de dados sua montados através de amostragem, ou seja, pesquisa-se e coletam-se dados de uma parcela do universo a ser pesquisado.
Como exemplo, vamos analisar a recente informação divulgada no site do Partido dos Trabalhadores:
“Governo Lula: Em um ano, 7 milhões de pessoas sobem para classe média"
A notícia divulgada, afirma que, entre 2005 e 2006, cerca de 7 milhões de brasileiros ascenderam na pirâmide social e chegaram à classe média - o que representa um acréscimo de 7,9% e uma expectativa de consumo da ordem de R$ 31 bilhões a mais. A ascensão de grandes contingentes das classes D e E para a classe C foi detectada pelo Instituto Target, com base em dados do IBGE, e confirmada por outras duas instituições: a Fundação Getúlio Vargas e o LatinPanel, ligado ao Ibope. As políticas do governo Lula foram determinantes para a expansão dos setores intermediários da população. Segundo especialistas ouvidos pelo jornal, a evolução se deve ao crescimento de emprego com carteira assinada, à recuperação do poder de compra dos salários e ao aumento da oferta de crédito no país. Outro jornal, a Folha de S.Paulo, chegou a conclusões parecidas em pesquisa Datafolha também divulgada n este domingo.”
Para analisar essa informação precisamos entender que a conceituação da classificação da população em classes sociais é parte de fundamentos teóricos da análise social.
As classes sociais mostram as desigualdades da sociedade capitalista. As divisões da população em classes se da na forma que o indivíduo este situado econômico, social e politicamente em sua sociedade.
Historicamente, a classificação por classes vem desde tempos remotos: na antiguidade as classes eram dividas em duas: a dominante e a dominada. A dominante era formada por aqueles que tinham condições para a dominação e a apropriação, que eram os ricos. Aqueles que trabalhavam para estes eram os pobres, dominados. Por muito tempo esses elementos eram os principais denominadores de desigualdade social.
Atualmente a sociedade utiliza outros parâmetros para verificar as disparidades sociais. Essas desigualdades são produzidas por um conjunto de ações da sociedade que refletem na própria sociedade: a concentração de renda, os salários, o desemprego, a fome, a desnutrição, a taxa de mortalidade infantil, etc.
Desta forma, são coletados dados e disponibilizados para leitura e os institutos de pesquisas divulgam suas leituras. Portanto, a mesma base de dados pode oferecer alternativas para diversas leituras.
Na qualidade de Administrador entendo que a informação divulgada precisa ser melhor parametrizada para ser aceita como fidedigna e confiável.
Qual a quantidade de dados analisada?
Qual a tamanho da amostra pesquisada?
Qual o modelo estatístico utilizado?
Quantas e quais são as classes populacionais?
Quais os parâmetros de classificação de cada uma delas?
Como estão dividas as classes populacionais?
Sem me atrever a questionar a veracidade das conclusões, me reservo o direito de encarar com certo ceticismo a informação veiculada nos meios de comunicação.
Há que se ponderar ainda que, além disso, existe significativa variação nas metodologias e critérios avaliativos entre os institutos de pesquisas. Há institutos que dividem e subdividem a população em 7 classes sócio-econômicas e outros em 9.
Finalmente, essa leitura apresentada refere-se a um período não especificamente delimitado e determinado: um ano, entre 2005 e 2006. e não há comparativo com idêntico período anterior, o que pode significar uma sazonalidade ou ser efeito de alguma ação pontual.
Desta forma, quer me parecer que a informação divulgada está mais direcionada para criar, junto ao eleitor brasileiro, um clima favorável ao poder executivo e contribuir para a sua intenção de permanecer no mando das ações governamentais por mais um período.
MATÉRIA AUTORIZADA
EXPRESSAMENTE PELO SEU AUTOR
OS DIREITOS AUTORAIS DESSE TEXTO ESTÃO RESERVADOS AO SEU AUTOR
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