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- I M I G R A Ç Ã O -
16 de setembro de 2006

35% DOS BRASILEIROS ILEGAIS NOS ESTADOS UNIDOS SÃO EXILADOS SEXUAIS
Por Freddy de Freitas (*)

            O Brasil tem várias caras.

            Discriminação é uma delas, e talvez a pior de todas.

            O que leva um professor universitário paulista, Ph.D., a se  mudar para os Estados Unidos e se tornar um caixa de supermercado? E o mais intrigante: ganhando menos nos EUA do que no Brasil.

            A resposta  é inesperada e inusitada.

            Cerca de 35% dos imigrantes brasileiros nos Estados Unidos não buscam uma melhor situação financeira, mas liberdade sexual sem sofrer perseguições.

            É comum encontrar brasileiros, graduados por universidades de renome, como UnB, USP, Puc-Rio, FGV, lavando pratos, limpando mesas de restaurantes, vivendo em precárias condições. A  vida nos Estados Unidos não é fácil.

            A sociedade brasileira é das mais machistas e racistas do Terceiro Mundo, o que leva muitos gays e lésbicas a deixarem o Brasil, mesmo para trabalhar no mercado informal. Em Nova Iorque, a comunidade brasileira faz piadas: “No nosso país não tem gays, pois eles estão morando nos Estados Unidos.”

            A Quantum American Society entrevistou 2.048 imigrantes ilegais brasileiros entre os anos de 1998 e 2001 nos Estados de Nova Iorque, Nova Jersey, Connetictut, Illinois, Flórida, Califórnia e Indiana. Desse total, 35% vieram para os Estados Unidos por motivos de orientação sexual.

            Um dos entrevistados, F.G. , 39 anos, paulista de Matão, vive ilegalmente nos Estados Unidos desde 1988. “O começo foi um pesadelo, eu lavava pratos num restaurante francês no Upper West Side, era uma barra pesada. O que me ajudava a sobreviver eram as noites nos bares gays da cidade.” F.G trabalha atualmente como bartender num bar gay no Village em Nova Iorque. Profissão no Brasil: ex funcionário de um banco estrangeiro. Universidade : FGV. Segundo ele, mesmo morando ilegalmente nos Estados Unidos, “eu vivo com decência e com condições de dignidade.”

            Os gays brasileiros entrevistados ressaltam que é impossível assumir a sua orientação sexual no Brasil. “Nós sofremos  ataques físicos, agressões verbais, ações ameaçadoras e provocações de todos os tipos”, frisa  P.A.D, 45 anos, mineiro de Ipatinga, vivendo há 15 anos em Nova Jersey. “A minha mãe acostumava assistir ao programa do Clodovil na Rede Manchete, e uma vez ela me disse que preferiria ver um filho morto a saber que ele é gay. Isso partiu o meu coração e me empurrou para fora de casa e do meu país.

            De acordo com recentes pesquisas, 33% dos jovens brasileiros (15 a 29 anos)  acreditam que homossexualismo  é doença e que ser gay é aberração moral e social. Outro número assustador: 47% afirmaram que não gostariam de ter um homossexual como vizinho. O historiador Sérgio Buarque de Holanda escreveu que há diversas formas veladas de violência no país, encobertas pela suposta cordialidade do povo brasileiro. Muitos homossexuais, temendo serem ainda mais desrepeitados, evitam processar os seus agressores. 

            Os gays brasileiros que vivem nos Estados Unidos pagam um preço muito alto pela sonhada liberdade sexual. A maioria, com alto nível de escolaridade, deixa para trás família, amigos, identidade nacional, cultura, uma  pátria ensolarada. 

            A homofobia ainda não é crime no Brasil.

            O colunista tentou contactar duas vezes o Brazilian Rainbow Group em Nova Iorque e não obteve sucesso.
 

*Freddy de Freitas, 46 anos, divorciado, é cidadão americano, nascido no Hospital de Base em Brasília;
ex-aluno dos colégios Marista e Objetivo; cursou jornalismo na Universidade de Brasília (UnB).


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