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C R Í T I C A

01 / MARÇO / 2007
ATUALIZAÇÕES QUINZENAIS

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Correndo com Tesouras (Running with Scissors), de Ryan Murphy - A juventude do escritor Augusten Burrooughs (Joseph Cross) que viveu grande parte de sua adolescência na casa do psiquiatra de sua mãe Deidre (Annette Bening), num lar disfuncional e convivendo com situação que parecem inverossímeis.

            Um filme que causa estranhamento, pois os personagens estão muito fora da normalidade, vivem emoções de forma exacerbada e tomam decisões que não se apresentam críveis aos olhos dos espectadores.

            O desenvolvimento do roteiro acaba prejudicado pela falta de simpatia que todos os personagens despertam, pois fica difícil simpatizar com um pai alcoólatra, uma mãe que despreza o filho porque pensa que é uma grande artista, um médico que inviabiliza a vida de sua família e seus pacientes, um homossexual pedófilo, entre outros.

            A grande qualidade do filme é mostrar o brilhante trabalho de Annette Bening que consegue valorizar cada uma de suas cenas e dar uma certa concatenação às loucuras de sua personagem.

            O Jovem Cross consegue emprestar alguma empatia ao protagonista vivendo um adolescente de forma convincente e ainda demonstrando as nuances de sentimentos sem que se altere a expressão de seu rosto.

            Um filme difícil com algumas boas seqüências,  que pode se tornar insuportável para alguns paladares, mas também trazer alguns questionamentos que podem enriquecer a conversa entre amigos após a sessão.

Cotação: **

O Último Rei da Escócia (The Last King of Scotland), de Kevin Macdonald, 2006 - O estranho relacionamento estabelecido entre o ditador de Uganda, Idi Amin Dada (Forrester Whitaker), com jovem médico escocês (James McAvoy) que inicia trabalho naquele país tentando criar um sistema de saúde pioneiro na África.

            O roteiro segue a aventura de Nicholas, o médico, em entender o funcionamento da África e a cabeça do ditador que se revela um sanguinário com que não siga seus desejos e deliberações.

            Whitaker defende com garra Idi Amin embora, em alguns momentos, esteja um tom acima do esperado, mas não se pode negar o carisma emprestado ao personagem. Por outro lado, McAvoy destaca-se pela contenção como constrói um jovem idealista que se choca com a barbárie que lhe é oferecida pelo ditador.

            Um filme com alguma base histórica, mas que estabelece com o espectador a possibilidade de conhecer a vida de um dos grandes vilões contemporâneos até com excesso de delicadeza na forma em que se delineia o caráter do ditador ugandense.

Cotação: ***

Lourival Sobral              
Colunista de cinema           

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