O afastamento de Renan Calheiros da presidência do Senado continua no centro dos acontecimentos em Brasília. Agora já se fala em uma possível disputa na base governista pela cadeira do presidente do Senado: PT e PMDB disputariam, a posição, diante da possibilidade de que Renan não voltar. Mas o PMDB já trata de firmar posição e anuncia que não abre mão de indicar seu sucessor, segundo seu presidente Michel Temer.
Para o deputado, a licença de Renan era "inevitável" e a sua meta maior seria "tentar salvar o seu mandato". O ponto mais agudo de toda crise interna, na base aliada, na opinião do presidente do PMDB foi episódio do afastamento dos senadores Pedro Simon e Jarbas Vasconcelos da Comissão de Constituição de Justiça. A partir dele os acontecimentos se precipitaram. Um dado sintomático em direção à uma possível renúncia de Renan foi muito especulado, ontem em Brasília: ele está trocando de residências, deixando a oficial. Pode não significar nada, mas chamou atenção.
Mais denúncia
Para o senador Álvaro Dias, a nova denúncia contra o senador Renan Calheiros, divulgada pelo jornal "O Estado de S. Paulo", revelando que o peemedebista elaborou emenda permitindo repasse de R$ 280 mil para uma empresa fantasma, é da maior gravidade e, se for confirmada, justificaria a cassação do mandato de Renan: "Esta nova denúncia é gravíssima, e, se for confirmada, justificaria a cassação e poderíamos dispensar os outros fatos (representações)",
Segundo o senador do PSDB, o PSOL já estuda oferecer a sexta representação contra Renan, baseado nestes novos fatos. Na sua opinião, Renan se afastou muito tarde e a situação agora tornou-se ainda mais crítica para ele, abrindo caminho para a cassação do mandato.
Anac e Apagão
O "Diário Oficial" da União publicou ontem despacho do presidente Lula que indica o engenheiro Alexandre Gomes de Barros para exercer o cargo de diretor da Anac. Barros ocuparia a vaga deixada por Denise Abreu, que renunciou no último dia 24 de agosto. Seu nome ainda deve ser aprovado pelo Senado. Outros três nomes já estão em apreciação. O do brigadeiro da reserva Allemander Pereira Filho, Marcelo Pacheco dos Guaranys e Cláudio Jorge Pinto Alves. Dos integrantes da cúpula da agência, resta somente Milton Zuanazzi, o diretor-presidente.
O ministro Jobim já disse que espera por sua renúncia depois dos demais nomes serem aprovados. Enquanto isso, a CPI do Apagão Aéreo deverá apresentar seu relatório final amanhã. Nele, o relator da CPI, senador Demóstenes Torres acrescentará o resultado das investigações de irregularidades na Infraero aos dois relatórios parciais já apresentados pela comissão.
No relatório final, Demóstenes deverá pedir o indiciamento de ex-funcionários e servidores da Infraero, em razão do fato de terem sido identificados indícios de "crime organizado" na atuação da empresa em todo o país, conforme o relator já declarou em entrevistas.
Pasta de Unger
O PSDB e o Democratas entraram, com uma ação no Supremo Tribunal Federal contra o decreto do presidente Lula que cria o Ministério Extraordinário de Assuntos Estratégicos, ocupado pelo filósofo Mangabeira Unger. O ministério substitui a Secretaria de Planejamento de Longo Prazo, que foi rejeitada no Senado. Os partidos argumentaram que o decreto do presidente é uma reedição do texto da Medida Provisória que criava a Secretaria de Planejamento de Longo Prazo e já rejeitada no Senado...
Sem habeas
Salvatore Cacciola, ex-dono do Banco Marka, teve pedido de habeas-corpus negado por Carlos Mathias, juiz do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, convocado para assumir temporariamente uma vaga de ministro do Superior Tribunal de Justiça. O mérito do habeas-corpus será julgado pela Sexta Turma do STJ em data ainda não definida.
(*) Carlos Fehlberg escreveu essa matéria originalmente no site "Política para Políticos" - Adaptada pelo Portal Brasil.
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