TURISMO & NEGÓCIOS EM TOCANTINS - Estive em viagem ao estado do Tocantins, que não conhecia, e pude observar então diversas facetas do mais novo estado brasileiro. Foram diversas "primeiras experiências" que ali obtive. Conheci a empresa aérea Oceanair, que tem suas origens na colombiana Avianca - a primeira companhia aérea das américas. A Oceanir possui em sua frota aeronaves Boeing 767.300ER, Boeing 757.200, Fokker 100 Mk.28, Fokker 50 e E-120 "Brasília". Ela voa diariamente para a capital do estado, Palmas, na rota São Paulo-Goiânia-Brasília-Palmas-Araguaína, retornando no mesmo dia. Suas aeronaves chegam a Palmas às 13:25h, partindo as 13:55h para Araguaína e depois retornam, chegando de Araguaína às 16:25h e partindo às 16:55h para São Paulo (com escalas em Brasília e depois em Goiânia). A aeronave utilizada é o Fokker 100 Mk.28, aeronave holandesa, já fora de fabricação, para 100 lugares. Meu assento foi o 2C (num dos lados não existe o assento B - são 20 fileiras de 5 lugares lado a lado) e foi minha terceira viagem nesse tipo de aeronave (no mês de julho de 1995 voei nos F100 da TAM de São Paulo para Barra do Garças (MT) e depois de Barra do Garças para Brasília. É um bom avião, seguro, um pouco barulhento em razão das turbinas na fuselagem, e não nas asas como na maioria das aeronaves comerciais modernas. A TAM, que teve dezenas dessas aeronaves, ainda hoje utiliza três delas que serão desativadas e vendidas em breve. Fui via TAM (Airbus A320, prefixo final VY) e retornei via Oceanair (Fokker F100, prefixo final AK). O vôo foi excelente, bancos em couro, turbinas silenciosas, interior novo - reformado - e aeromoças - 03 -, gentis, não fosse um pequeno senão: quando estávamos na sala de embarque, à 3 minutos de adentrar pista, nos informaram que a empresa mudou algo: o vôo faria escala em Goiânia, pegaria 57 passageiros e iríamos a Brasília pois essa aeronave agora iria para Recife e Natal e a continuidade desse vôo que seria para São Paulo agora iria ser em outra aeronave da companhia que aguardava em Brasília. Resultado: passageiros em conexão revoltados, pais ansiosos em Brasília já que o vôo "atrasaria" por mais de uma hora e haviam diversas crianças à bordo, além de uma certa revolta e desconforto dos demais que compraram vôo direto. Além disso os que embarcaram em Goiânia que, teoricamente, fariam vôo direto a São Paulo e também tiveram que voltar a Brasília, fazer conexão - alguns também perderiam conexão em São Paulo... um verdadeiro caos e desrespeito ao consumidor e isso foi relatado à ANAC. Vamos aguardar se ela toma providências...

            Conheci Palmas e percebi que a cidade foi bem planejada com longas e largas avenidas (bom aeroporto à 22km do centro mas com pouquíssimo movimento - em 6 horas pousaram dois aviões comerciais -, TAM e Oceanair, além de três monomotores privados). Os endereços em Palmas são bem complicados até para os moradores, há muita área a ser urbanizada, uma certa bagunça imobiliária (soube que a Universidade Católica Tocantins briga judicialmente para se garantir na área que está instalada, que fora adquirida legalmente na administração anterior, e agora foi vendida novamente como parte de uma área maior. Há muitos hotéis - uns bem ruins, outros bem razoáveis (visitei alguns), a dengue já fez quase 13.000 vítimas somente em 2008 (3.900 na capital - casos registrados) e a limpeza urbana não é eficiente (notei muito lixo nas ruas nos bairros próximos ao centro). Como necessitei fazer um serviço no interior, numa cidade chamada Guaraí, distante 177 km da capital, utilizei um serviço denominado "Van". Na verdade são microônibus particulares (aqueles padrões, em torno de 20 lugares e ar condicionado). Há postos de apoio nas cidades do interior e capital e o percurso, nessa rota, é feito em 3 horas. Próximo ao município de Miranorte (90 km ao norte da capital) há a travessia do Rio Tocantins, que naquela região não é tão largo, feita por balsas. São aproximadamente 200 metros de largura e duas balsas grandes, particulares, não muito bem conservadas, fazem o trecho margem a margem em torno de 10 minutos. O acesso é péssimo, estrada de chão bem esburacada e o governo, sob minha ótica de turista, finge que não vê algo que poderá vir a ter graves conseqüências no futuro. Não há fiscalização nenhuma e o retorno financeiro é bem razoável: um cálculo simples: R$ 18,00  por carro, cada travessia. Pelo que pude observar, e também pelo que estive especulando, são, em média, são 12 veículos leves, ônibus e caminhões por travessia. Calculei 4 travessias por hora (às vezes as balsas erram "a pontaria" e há necessidade de correção na chegada à outra margem e, às vezes também, ficamos aguardando as balsas encherem um pouco). Nesse cálculo grosseiro são, um pelo outro, 100 (cem) veículos transferidos margem a margem nas duas balsas, por hora. As balsas funcionam 24 horas por dia, 7 dias por semana. Nessa média, arrecada-se R$ 1.800,00 por hora, ou algo em torno de R$ 40.000,00 (quarenta mil reais) brutos por dia, mais de um milhão ao mês e doze milhões ao ano. É um dinheiro razoável para um atendimento precário, sem fiscalização sanitária (vendem de tudo ali), nem acesso adequado, nem fiscalização tributária e nem da marinha. No fim das contas aprovei muito bem o serviço que essas "vans" prestam aos turistas e cidadãos do estado que as utilizam em larga escala (sempre cheias). As que utilizei foram microônibus Volare (leia-se carrocerias Marcopolo) novos, motoristas prudentes, atendimento cordial e rodovias, em geral, em bom estado de conservação - um ótimo serviço feito pela iniciativa privada já que o estado não oferece nada (não pude observar nenhum serviço oferecido pelo estado ou municípios no período que estive no estado). Adicionalmente há grande volume de transporte de pequenas encomendas - algumas vezes feitas na base da confiança - e tudo funciona bem (não observei nenhum inconveniente).