Área Cultural Área Técnica

 Ciência e Tecnologia  -  Colunistas  -  Cultura e Lazer
 
Educação  -  Esportes  -  Geografia  -  Serviços ao Usuário

 Aviação Comercial  -  Chat  -  Downloads  -  Economia
 
Medicina e Saúde  -  Mulher  -  Política  -  Reportagens

Página Principal

C  I  N  E  M  A
C R Í T I C A

1 6  /  D E Z E M B R O /  2 0 0 9
ATUALIZAÇÕES QUINZENAIS


TÚLIO SOUSA BORGES, Colunista de cinema do Portal Brasil - www.portalbrasil.net

Duas vezes Tornatore

            Prêmios cinematográficos raramente dizem respeito à excelência artística dos filmes. Só o prestígio do diretor italiano Giuseppe Tornatore, por exemplo, explica a indicação de Baarìa (2009) ao Globo de Ouro de Filme em Língua Estrangeira.

            A filmografia de Tornatore sempre apresentou um sério defeito, já evidente no memorável Cinema Paradiso (1988): seus filmes são emocionalmente apelativos e manipulativos, como se o diretor desejasse nos comover a qualquer custo. Nesse aspecto, ele se parece muito com o brasileiro Walter Salles.

            Se às vezes o problema não chega a comprometer o resultado final, isso não vale para Baarìa. Em poucas palavras, o filme é fracasso.

            O título é nada mais do que o nome, em gíria regional, de Bagheria, cidade-natal de Tornatore situada na província siciliana de Palermo; e o filme narra, com pretensões épicas, a estória de três gerações de uma família humilde. Trata-se de um trabalho bastante pessoal, sobre memórias e sonhos. Tem alguns episódios genuinamente charmosos, mas é kitsch no todo, tão falso quanto a maquiagem que tenta envelhecer o fraco ator principal. Se Tornatore tenta imitar Fellini, Baarìa está mais para Il Mulino Bianco (truque publicitário criado pela marca de biscoitos de mesmo nome e potencializado por meio de comerciais televisivos assinados pela dupla Tornatore/Morricone) do que para Amarcord (1973) - clássico de Fellini sobre as lembranças da infância em Rimini.

            Apresentado em Brasília na V Semana Venezia Cinema, Baaría arrancou aplausos da platéia. Gosto de pensar que ela estava agindo por educação...

*

            Antes dessa bomba, Tornatore dirigiu um filme muito melhor, o suspense/mistério A Desconhecida (La sconosciuta, 2006). Disponível na melhores locadoras, ele trata de uma misteriosa ucraniana que chega à cidade de Velarchi, tornando-se empregada dos Adacher, rico casal de ourives. A moça tem segundas intenções, a princípio obscuras, e tenta se aproximar estranhamente da pequena filha do casal.

            Num filme repleto de surpresas, Tornatore cria atmosfera semi-gótica a fim de narrar uma estória bíblica de sofrimento e redenção, retomando seu obsessivo interesse – já manifestado em  Malèna (2000) – pela figura de Maria Madalena.

            Os tradicionais defeitos do diretor estão presentes, mas não prejudicam muito a produção. La sconosciuta é um filme tenso, que prende como poucos a atenção do espectador.


Por Túlio Sousa Borges, [email protected]

PROIBIDA REPRODUÇÃO SEM AUTORIZAÇÃO PRÉVIA EXPRESSA
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS AO PORTAL BRASIL
® E AO SEU AUTOR

Para ler colunas anteriores, Clique aqui


FALE CONOSCO ==> CLIQUE AQUI