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J U N H O / 2 0 0 9
ATUALIZAÇÕES QUINZENAIS
Perigo na
fronteira
Dois
lançamentos retratam vida e morte, drama e ação – e
muito suspense – no extremo norte da América
Quem gosta de pulp fiction – o fenômeno literário, não aquele estúpido filme de Quentin Tarantino – não pode perder o recém-lançado Killshot – Tiro certo (2008) – que, coincidentemente, foi produzido pelo cineasta. O filme poderia se chamar The Killers (Os Assassinos ou Os Matadores), não fosse o conto de Hemingway, além de suas várias adaptações cinematográficas, sobretudo o clássico noir dirigido em 1946 por Robert Siodmak. The Hunters (Os Caçadores) seria um título ainda melhor. Qualquer uma das opções tornaria inclusive mais clara a necessária comparação com The Searchers (1956), clássico de John Ford intitulado Rastros de ódio no Brasil.
O romance – que também se chama Killshot – foi escrito pelo genial Elmore Leonard (1925-), que também assina 3:10 to Yuma (estória filmada duas vezes por Hollywood, mais recentemente como Os Indomáveis, ruim apesar da presença de Russell Crowe e Christian Bale). E o filme demonstra o quanto o escritor herdou de Raymond Chandler. A trama é intrigante, mas secundária; o que importa são os inusitados encontros entre as personagens, a ação, mas sobretudo o clima.
As belas locações canadenses contribuem bastante nesse sentido, ao lado da soberba fotografia de Caleb Deschanel (Pergunte ao pó, A Paixão de Cristo). Juntos, esses elementos cenográficos criam o palco perfeito para um filme de ritmo frenético e humor sagaz.
Com um ótimo elenco, Killshot constitui mais um belo marco no louvável renascimento de Mickey Rourke. Merecidamente indicado ao Oscar no início do ano, o veterano atrairá muitos espectadores. Mas – e essa é uma das marcas de um grande ator – depois que as luzes se apagam, vemos quase que somente a personagem – Armand ‘O Pássaro Negro’ Degas, um pistoleiro de aluguel índio. Perguntado sobre sua ocupação, ele responde: “Eu mato pessoas. Às vezes, por dinheiro; às vezes, por nada”.
‘O Pássaro Negro’ e seu parceiro, um jovem marginal tagarela (Joseph Gordon-Levitt), são acidentalmente vistos pelo casal Colson (Diane Lane e Thomas Jane) enquanto cometem um crime. Agora, precisam eliminar as duas testemunhas. A perseguição, que também envolve a máfia de Toronto, deixa um longo rastro de sangue no estado de Michigan.
As quatro principais personagens aparecem em situações completamente separadas durante os créditos iniciais. É óbvio, no entanto, que se encontrarão eventualmente. O que não é óbvio é a maneira como isso acontece. Killshot surpreende a todo momento, deixando o espectador na ponta da poltrona.
Dirigido por John Madden (Shakespeare apaixonado), o filme tem alguns defeitos. Muitos deles devem-se, sem dúvida, aos vários problemas enfrentados depois da primeira filmagem, realizada em 2006. O filme teoricamente estava pronto, com cerca de duas horas de duração, mas não convenceu nos testes de audiência. Foi extensamente modificado (a personagem de Johnny Knoxville, por exemplo, acabou excluída) e a versão final chega ao Brasil com menos de uma hora e meia.
Toda essa história deixa a impressão de que Killshot poderia ser ainda melhor do que é. De todo modo, trata-se de um filme muito bom. Hard-boiled por excelência, é um filme noir para o século XXI.
Vez por outra, um filme independente americano conquista a crítica e o mercado sem muita razão. Não é o caso de Rio Congelado (Frozen River, 2008), que pode não ser perfeito ou memorável (foi até mesmo superestimado, especialmente no que concerne ao desempenho de Melissa Leo, indicada ao Oscar e a vários outros prêmios), mas não deixa de ser interessante e exercer certo fascínio.
Assim como Killshot, Rio Congelado tem sua parcela de reservas indígenas e criminosos canadenses. E ainda consegue inserir imigrantes chineses e paquistaneses na mistura.
Trata de duas mulheres abandonadas, uma branca, a outra Mohawk, que encontram uma fonte de renda no transporte de imigrantes ilegais através da fronteira entre o Quebec e o estado de New York.
Mais uma vez como Killshot, o filme trata do lado escuro do sonho americano. Se o primeiro gira em torno da caça; o segundo trata basicamente de transações, encontros e travessias, além de ser abençoado com um milagre de Natal.
***
Convite: Na coluna anterior (http://www.portalbrasil.net/2009/colunas/cinema/maio_16.htm), fiz uma breve menção a Alfred Hitchcok. Agora, quem se interessar pode ler meu artigo sobre o ‘mestre do suspense’ no novo número da revista Dicta & Contradicta, do Instituto de Formação e Educação. Abaixo, um dos releases da publicação:
Notícias
São Paulo, 1 de Junho de 2009
Medos Privados em Lugares Públicos" é o tema do artigo do crítico Túlio Sousa Borges sobre Alfred Hitchcock publicado no terceiro número da revista Dicta&Contradicta que está chegando às livrarias. Relembrando seus filmes, ele mostra como o cineasta britânico constrói um mundo próprio, estranho e perigoso, onde impera a lógica dos pesadelos, sempre tentando perturbar a segurança dos expectadores. "O sentimento de culpa está presente em quase todos os filmes e o duplo - com suas raízes expressionistas, católicas e vitorianas - é outro tema importante. Hitchcock sente prazer ao sugerir que todos têm um lado negro. Junto com ele, torcemos ocasionalmente pelo malfeitor e sentimos satisfação com a morte de certos crápulas".
Mais informações para a imprensa com Maria Fernanda Rodrigues (Lu Fernandes Escritório de Comunicação) pelo telefone (11) 3814.4600.
Por Túlio Sousa Borges, [email protected].
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