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ATUALIZAÇÕES QUINZENAIS


TÚLIO SOUSA BORGES, Colunista de cinema do Portal Brasil - www.portalbrasil.net

A Partida
Um grande filme japonês

A consciência de nossa mortalidade pode ser esteticamente fecunda. Um magnífico exemplo disso é o comovente drama japonês A Partida (Okuribito, 2008), atual vencedor do Oscar de Filme em Língua Estrangeira e desde já um dos melhores filmes do ano – além de um dos mais belos dos últimos tempos.

            O fato surpreende, pois a carreira do diretor Yôjirô Takita parece ter se restringido a trabalhos de insignificante valor artístico até então. Com A Partida, o realizador passa a integrar a  melhor tradição cinematográfica japonesa, ao lado de Akira Kurosawa, entre outros.

            O filme acompanha Daigo Kobayashi (Masahiro Motoki), um jovem violoncelista que fica subitamente desempregado depois da dissolução de sua orquestra. Perdido, ele decide deixar Tóquio e voltar à sua pacata cidade natal, embarcando em uma jornada de autoconhecimento na companhia da carinhosa esposa Mika. O casal instala-se na antiga casa onde Daigo viveu sua infância. Guiado por um anúncio de jornal enganosamente atrativo, ele encontrará um emprego inusitado: agente funerário.

            Feita com muito cuidado, perícia e respeito, a cerimoniosa preparação dos cadáveres é de uma beleza tocante. Trata-se, essencialmente, de uma obra de arte que consegue transfigurar a tristeza da perda em harmonia.

            Ambiciosa, mas simples, a fita cumpre seu propósito com louvor. É longa, densa e profunda; poderia se perder, mas flui com facilidade, sem qualquer passo em falso. Alterna momentos engraçados e solenes com muita elegância. Demonstra a importância dos rituais e, ao tratar da morte, constitui uma exaltação da vida, emocionando sem pieguice.

Retrata com perfeição a maneira como se encara a morte no Japão. Celebra a tradição nacional ao mesmo tempo que inclui Bach e Beethoven na sua preciosa trilha sonora – ao lado do ótimo compositor japonês Joe Hisaishi. Isso pode parecer estranho para alguns. Nada mais apropriado, porém. A Partida representa um eloqüente testemunho de que a boa Arte é essencialmente universal. Bravo!

         

Por Túlio Sousa Borges, [email protected]

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