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C  I  N  E  M  A
C R Í T I C A

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ATUALIZAÇÕES QUINZENAIS


TÚLIO SOUSA BORGES, Colunista de cinema do Portal Brasil - www.portalbrasil.net

            Até hoje, mesmo depois de a história ter provado o contrário, ainda há muita gente – entre os poucos que possuem traços de memória nesses tempos pós-modernos – que ridiculariza Ronald Reagan, como se o ex-presidente americano não houvesse sido um grande estadista, mas um idiota. Durante muito tempo, pensava-se o mesmo de Dwight Eisenhower, o velho herói que governou os Estados Unidos entre 1953 e 1961, período de monumentais turbulências geopolíticas. Na verdade, Eisenhower projetava estupidez intencionalmente – sobretudo para a mídia, preservando assim o sigilo de suas medidas mais importantes.

            Não resta dúvida, por outro lado, de que George W. Bush situa-se muito abaixo desses ilustres predecessores. E isso não apenas por ser um indivíduo relativamente simplório, mas também o responsável por um governo em grande parte desastroso, que preparou o terreno para a eleição de um sofista da oposição. Convém, no entanto, cautela, pois tudo indica que o tempo será um pouco menos severo com o 43º Presidente dos Estados Unidos.

"W., de Oliver Stone"            A adoção acrítica de vários mitos sobre Bush integra a vasta galeria de defeitos de W. (2008), novo filme de Oliver Stone. A sátira política é um gênero artístico com uma longa e ilustre história (Apocolocyntosis, texto atribuído a Sêneca, é um dos primeiros exemplos); ao rodar uma, o controverso realizador pecou pela falta de imaginação.

            O diretor, que já propôs tresloucadas teorias da conspiração para explicar o assassinato de Kennedy (JFK; Nixon), deseja agora rir um pouco. W. , relativamente inofensivo, é mais propriamente uma charge; e fazer uma em forma de longa-metragem não costuma dar certo, como vimos em Brasília 18% (2006), de Nelson Pereira dos Santos. Além disso, Stone, aparentemente indeciso, também adota a forma de uma cinebiografia tradicional. Assim, o que poderia ser um minúsculo quadro de um programa de comédia (Saturday Night Live, e.g.) virou um filme de mais de duas horas. O resultado, entediante no geral, consegue ser levemente divertido em raros momentos, quando suas caricaturas conseguem fazer alguma justiça às situações e personagens reais.

            Quem não conhece os bastidores da política americana não poderá nem sequer apreciar essas insignificantes virtudes; o que não é injusto, mas normal. De todo modo, W. não é a melhor maneira de se compreender os erros e acertos de Bush. O título da fita - carinhosa maneira de Bush pai e sua esposa Bárbara se referirem ao filho - reflete o delírio do diretor, que supõe ter encontrado uma explicação freudiana para a personalidade do protagonista. Como os últimos filmes de Stone, W. não vale o ingresso.

E enquanto o tempo se encarrega de esclarecer os oito últimos anos, podemos entendê-los – ao menos parcialmente – com o auxílio, não de filmes, mas dos livros de Bob Woodward, já chamado por várias vezes de ‘o Tucídides do nosso tempo’.

Por Túlio Sousa Borges, [email protected]

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