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C  I  N  E  M  A
C R Í T I C A

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ATUALIZAÇÕES QUINZENAIS


TÚLIO SOUSA BORGES, Colunista de cinema do Portal Brasil - www.portalbrasil.net

            Para quem gosta de heróis de verdade – e os conhece a fundo, uma das poucas coisas agradáveis de Star Trek (2009) é o fato do Capitão Kirk (Chris Pine)  ser uma espécie de jovem John McCain(*): um rebelde impetuoso e irresponsavelmente destemido – além de mulherengo e farrista, que desdenha regras, hierarquias e o próprio perigo. Se McCain se inspirava em Marlon Brando, o diretor J. J. Abrams (Mission: Impossible III)  – em clara referência a Juventude transviada (Rebel Without a Cause, 1955) – faz o pequeno James Kirk (Jimmy Bennett, um péssimo ator mirim) brincar de James Dean quando deveria estar fazendo o dever casa. Esse temperamento difícil ajudará Kirk a se tornar um herói quando o Universo precisar dele.

            Infelizmente, o filme é uma tolice, um lamentável produto da imaginação pós-moderna. Nele, um vilão do futuro consegue voltar no tempo, alterando – pelo menos em parte – o destino de todos, sobretudo dos principais membros da nave Enterprise. Trata-se de uma sacada comercial, uma maneira intelectualmente picareta de revitalizar e comentar a exausta franquia.

            Pouco inspirada, a produção depende excessivamente de ridículos efeitos visuais, distanciando-se muito da relativa elegância da tecnologicamente limitada série televisiva. Além disso, os realizadores mostram-se singularmente incompetentes quando se trata de orquestrar dramaticidade. Fazem um cinema pasteurizado, em que quase todas as cenas devem ser solenes.  

            Impossível não sentir nostalgia, especialmente diante da lembrança das belas sagas protagonizadas por um Errol Flynn ou por um John Wayne. Que os heróis tenham filmes dignos de suas virtudes! Isso, porém, parece impossível numa época em se aprende sobre a Batalha das Termópilas com Frank Miller. 

Dica de vídeo:

            Anjos e demônios (2009) acaba de chegar aos cinemas cercado de expectativa. É um filme que se torna muito agradável se o espectador for capaz de tolerar as inverossimilhanças da trama.

            Por sua própria natureza, o cinema está repleto de exemplos semelhantes. Um dos melhores é O Expresso de Chicago (Silver Streak, 1976), maravilhosa comédia dirigida por Arthur Hiller e estrelada por Gene Wilder. O filme é, literalmente, uma viagem; não é apenas absurdo, mas “absurdista” – se me perdoam o neologismo; faz uma paródia muito inteligente de vários gêneros, mas especialmente dos filmes de Hitchcock, um notório inimigo da verossimilitude.

              

            Silver Streak inspira-se basicamente na obra-prima Intriga internacional (North by Northwest, 1959). George Caldwell (Wilder), um sujeito meio bobalhão que trabalha no ramo editorial, toma em Los Angeles o trem para Chicago, onde assistirá ao casamento da irmã. Na longa jornada, vive uma inesperada aventura repleta de romance e perigo.

            Seria a primeira vez que Gene Wilder e Richard Pryor trabalhariam juntos. Estão muito bem acompanhados pela bela Jill Clayburgh. Por sua vez, Patrick McGoohan, que faleceu no início do ano, é o vilão perfeito para esse tipo de sátira. Só mesmo um infeliz como Mel Gibson para escalá-lo no papel do malvado de Coração Valente (Braveheart, 1995).


(*) McCain, aliás, tem um sósia em Hollywood: o comediante Steve Martin.

Por Túlio Sousa Borges, [email protected]

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