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C R Í T I C A

0 1  /  M A R Ç O  /  2 0 0 9
ATUALIZAÇÕES QUINZENAIS


INDICAÇÕES DA QUINZENA:

FORÇA POLICIAL
Excepcionalmente por Túlio Sousa Borges (*)

            Época de Natal em Nova Iorque e os Tierney, família irlando-americana de policiais, vêem seu mundo ameaçado por um escândalo de corrupção que os fará questionar suas mais caras convicções. Parece um bom filme, não? Ainda mais com Edward Norton e Colin Farrell nos papéis principais. Lamento informar, mas o resultado de Força Policial (Pride and Glory, 2008), em cartaz nos cinemas, é decepcionante.

            O filme começa e logo que Ray Tierney (Norton) aparece percebemos um homem atormentado. A cicatriz em sua face – que, aliás, não chega a parecer verdadeira – simboliza uma ferida mais profunda. Seu deslocamento fica claro enquanto ele caminha rumo às arquibancadas do desafio anual de futebol americano entre policiais e bombeiros. Ele senta-se ao lado da família, num ambiente de alegria e camaradagem, para prestigiar o time capitaneado por seu cunhado Jimmy Egan (Farrell).  Mas a festa é eventualmente interrompida pela notícia de que quatro policiais foram baleados...

            Ray – que, desiludido com a polícia, havia se exilado em um departamento secundário – é convencido – ou melhor, obrigado – pelo pai, o oficial veterano Francis Tierney (John Voight), a integrar a força-tarefa que investigará a morte dos quatro policiais. A princípio, o crime sugere apenas uma batida policial que deu errado, mas acaba revelando um complicado esquema de corrupção que parece envolver Egan e outros membros da divisão comandada por Francis Tierney Jr. (Noah Emmerich).

            Força Policial pode até trabalhar com conceitos inteligentes, mas o faz de maneira desastrada, perdendo gradativamente o foco. Em vez de se concentrar no drama da família, abre o leque para incluir toda a sociedade. O que poderia ser apenas pano de fundo acaba figurando em primeiro plano e fazendo, desse modo, parte um conjunto de microcosmos anômicos sobrepostos – a família, a corporação, a cidade. Pretensamente complexo, o filme é na realidade desequilibrado, irregular e muito confuso, espelhando o caos que retrata

            Muitos críticos o compararam com Os Donos da Noite (2007) e Os Reis da Rua (2008), mas eu diria que ele é uma infeliz mistura de dois dos piores filmes recentes sobre corrupção policial e tensões raciais: A Face Oculta da Lei (Dark Blue, 2002) e Crash (2004). Assim como o vencedor do Oscar de 2006, Força Policial é um filme esquemático que se torna apelativo na tentativa de provocar ressonância emocional. As cenas de intimidade são particularmente ruins, como na exposição indelicada da doença terminal de Abby Tierney, interpretada pela ótima Jennifer Ehle.

            Aliás, os atores principais realizaram um trabalho de primeira, conferindo complexidade às personagens (não se pode dizer o mesmo do elenco de apoio). Voight brilha discretamente no importante papel do patriarca, enquanto Norton mostra-se uma escolha particularmente apropriada, pois já havia interpretado uma personagem razoavelmente semelhante em Dragão Vermelho (2002). Infelizmente, por conta de todos os defeitos, Força Policial desperdiça essas belas performances.

            No futuro, a produção pode integrar as notas de rodapé de um texto sobre as falhas do melting pot americano. Trata-se, afinal de contas, de um filme atual. Isso, porém, não basta.

(*) Túlio Sousa Borges é colunista do site "Candango" onde a matéria foi publicada anteriormente.

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