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C O L U N A     D E     E C O N O M I A
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DR. MARCOS CINTRA, EM PALESTRA, NO "ROTARY CLUB"O PAPEL ESTRATÉGICO DOS BANCOS PÚBLICOS
Por Dr. Marcos Cintra (*)

O estoque de crédito no Brasil bateu novo recorde ao atingir R$ 1,2 trilhão em dezembro do ano passado, volume equivalente a 41,3% do PIB. Porém, a comparação de dezembro de 2008 com o mesmo mês de 2007 mostra uma queda de 8% na média diária de empréstimos para as pessoas físicas, decorrente do decréscimo de 56% nos recursos para financiamento de veículos e de 29% no crédito pessoal.

Outro lado preocupante é a elevação de 8% no valor das operações com cheque especial, utilizado emergencialmente em momentos de escassez de crédito regular, e cuja taxa de juros passou de 138% ao ano para 175% ao ano no período. O custo, que já era exorbitante em tempos normais, tornou-se potencialmente fatal na angústia de um aperto de caixa. Vale citar ainda que o montante para financiamento de cartão de crédito aumentou 29% no mesmo período e que essa linha cobra juros que hoje ultrapassam o patamar escandaloso de 420% ao ano.

No caso das empresas, a média diária do montante das concessões nos meses de janeiro a outubro de 2008, comparativamente ao mesmo mês de 2007, crescia em torno de 17%. Em novembro o aumento foi de 1,6% e em dezembro de 1,7%.

Na comparação de dezembro de 2008 com dezembro de 2007, as concessões diárias que mais caíram para as empresas foram aos repasses externos (-73%) e para a aquisição de bens (-58%). O aumento ocorreu no capital de giro (+35%), uma linha de crédito cujas taxas de juros passaram de 28% ao ano para 38% ao ano no período.

Não é a falta de liquidez que justifica essa situação de contração no crédito, mas, sim as incertezas na economia mundial, que exigem agora dos bancos um comportamento prudencial que faltou ao longo de euforia e irresponsabilidade dos anos anteriores. O crédito ficou mais caro e seletivo.

Setores como o pequeno e médio comércio varejista, grande absorvedor de mão-de-obra, encontram dificuldades para obter recursos nos bancos. Isso vai pressionar seu capital de giro, e inviabilizar o financiamento das vendas e a reposição de estoques. Esse setor pode ser atingido em cheio em suas atividades e gerar demissões acima do normal.

Estes fatos mostram que a situação é grave e os problemas podem se aprofundar. Nesse quadro emergencial só há uma alternativa viável para elevar o crédito e reduzir seu custo. A atuação mais agressiva dos bancos públicos, além do que já vem sendo feito.

Em dezembro de 2008, comparativamente a dezembro de 2007, o crédito em relação ao PIB das instituições públicas saltou de 11,7% para 15%, enquanto que os bancos privados nacionais aumentaram a participação de 15% para 17,7%. Porém, o Banco do Brasil, o BNDES e a Caixa Econômica Federal devem ser mais audaciosos, e desempenhar um papel mais próximo do que o Federal Reserve vem desenvolvendo nos Estados Unidos.

Se atuarem seguindo os mesmo princípios dos bancos privados não haverá qualquer justificativa para sua existência. Se a lógica dos bancos estatais não for a de fornecer instrumentos de gestão da política governamental de investimentos, não haveria razão para mantê-los sob controle do governo.

(*) Marcos Cintra Cavalcanti de Albuquerque, 63 anos, bacharel em economia (1968), mestre em planejamento regional (1972) e em economia (1974) e, doutor pela Universidade de Harvard (1985), é vice-presidente e professor titular da Fundação Getúlio Vargas, desde 1969, ex-vereador e Secretário de Planejamento de São Paulo (SP) entre 1993-1996, ex-deputado federal (1999/2003), ex-Secretário Municipal de Finanças de São Bernardo do Campo (SP) de 2003 a 2006 e atual secretário municipal do Trabalho e Desenvolvimento Econômico de São Paulo. Site: www.marcoscintra.org / E-mail: [email protected].

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PUBLICAÇÕES AUTORIZADAS EXPRESSAMENTE PELO DR. MARCOS CINTRA
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