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E D I T O R I A L
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S E T E M B R O / 2 0 0 9
OPINIÃO - Apresento abaixo uma matéria escrita pelo excelente professor Marcos Coimbra. Em ótima análise, muito sincera e verdadeira, o professor expõe uma série de reflexões próprias a respeito do que era e o que é o Banco do Brasil.
Eu, que fui funcionário do Banco do Brasil entre 1979-1990, nunca me arrependi de deixar aquele emprego, no início excelente. Pessoal qualificado, cursos e treinamentos, respeitabilidade, salário digno, excelente plano de saúde, aposentadoria integral - era um exemplo para o país e um orgulho para todos os seus funcionários.
Quando o governo começou a meter os pés pelas mãos com nomeações políticas e ingerências aqueles anos gloriosos foram ficando para trás. Ainda me recordo da decepção de um tio, Superintendente de Câmbio do Banco do Brasil no Rio de Janeiro. Funcionário de carreira exemplar, ele, que havia sido gerente de agências em Santos (SP), Rio de Janeiro (RJ), Nova Iorque (Estados Unidos) e Superintendente em Cingapura, na Ásia, e em Luxemburgo (Europa), estava em férias e quando retornou sua mesa estava ocupada por um estranho, nomeado por José Sarney, sem que ele ao menos fosse comunicado. A decepção foi tanta que se aposentou amargurado. Sempre ele... esse político cara de pau que tanto mal faz ao país, que era odiado por Lula e agora é amado pelo nosso Presidente de fantoche. É assim que as coisas funcionam no Brasil. Enquanto houver politiqueiros de plantão, aproveitadores e não políticos de verdade, estaremos nessa lama de podridão agora ainda mais imunda com a sujeira desse partido chamado PT.
ECONOMIA - O preço do lucro do
Banco do Brasil
Excepcionalmente
por Marcos Coimbra (*)
Recentemente, foi
divulgado o excepcional lucro
obtido pelo Banco do Brasil (BB)
no último exercício. Porém, é
indispensável que o povo
brasileiro conheça o preço deste
resultado. Durante muitos anos o
Banco do Brasil foi considerado
como uma instituição exemplar,
em todos os sentidos. Era
respeitado por todos. Possuir
uma conta no banco funcionava
como uma espécie de credencial.
Os funcionários,
selecionados em concurso
nacional rigoroso, só conseguiam
ingresso quando detentores de
real mérito. A remuneração,
digna. Uma carreira garantida
aos bons funcionários. Havia uma
assistência médica de qualidade
e a garantia da aposentadoria e
pensão, graças a sólidas
contribuições.
A administração geral
composta de quadros técnicos de
excelente categoria. Até os
políticos eventualmente
designados para a diretoria
tinham que ser do ramo. Além de
honestidade, competência. Arthur
Santos, Léo de Almeida Neves,
Luiz de Paula Figueira, de
orientações ideológicas
diferentes, sempre foram e são
exemplos de cidadãos sem mácula.
De fato, apesar de o presidente,
algumas vezes, ser nomeado por
indicação política, o quadro
técnico não deixava que fossem
cometidas irregularidades.
Funcionou até 1964 como
um verdadeiro Banco Central, em
conjunto com a Sumoc. Detinha o
controle da fiscalização
bancária e a condução do
comércio exterior. Ser
presidente do banco era mais
importante do que ser ministro
de muitas pastas.
Com o decorrer do tempo, foi perdendo terreno. Com a Lei 4.595, de 31/12/64, foi criado o Banco Central (Bacen), com o núcleo da Sumoc, mas com a retirada do Banco do Brasil de inúmeros órgãos e centenas de funcionários altamente qualificados. Depois, perdeu a Cacex (Carteira de Comércio Exterior). Mais recentemente, a denominada conta-movimento.
Até no período das administrações militares, os cargos de direção, com raras exceções, estavam nas mãos de funcionários de carreira. Com o advento da Nova República, pouco a pouco, foi sendo infiltrado por muitos políticos profissionais, que foram assumindo cada vez mais poder. Até o concurso, antes respeitado nacionalmente, foi conspurcado na era Collor.
Várias alterações foram feitas sempre em prejuízo do funcionário. Os escândalos começaram a surgir, a cada dia mais intensos. O funcionário de carreira foi sendo desestimulado, com a progressiva perda de salário real. A remuneração fixa passou a decrescer, tornando-o escravo de um cargo comissionado. O salário de ingresso baixou para cerca de R$ 1,2 mil.
Nos dias de hoje, a
situação é bem pior. De fato,
desde 1997 o Banco do Brasil e a
Caixa de Previdência dos
Funcionários do Banco do Brasil
(Previ) têm negociado os
sucessivos superávits do fundo
de pensão, sempre transferindo
recursos vultosos para o banco.
Várias entidades
representativas dos
funcionários, como a União
Nacional dos Acionistas
Minoritários do Banco do Brasil
(Unamibb) e a Faabb denunciam
que estas transferências são
ilegais e colocam em risco a
Previ.
Citam como exemplo que,
em 1997, o Patrimônio Líquido
(PL) do banco era de cerca de R$
5,5 bilhões, tendo havido um
desconto ilegalmente concedido a
ele pela Previ de R$ 5,075
bilhões (92,38% do PL). Em
31/12/2006, o PL do banco foi de
R$ 20,58 bilhões, ao passo que o
abatimento concedido em 97
(5,075 bilhões), corrigido pelo
IGP-DI e depois INPC + juros de
6% a.a., totalizava R$ 20,56
bilhões ou 97,14% do PL.
Entre 97 e 2006, o banco
beneficiou-se com a implantação
da paridade contributiva, a qual
custou R$ 3,080 bilhões à Previ,
apropriando-se, em 2006, com o
acordo da redução da parcela
Previ, de mais R$ 2,3 bilhões, o
qual reduziu-se a R$ 1 bilhão,
após o pagamento de impostos.
A Caixa de Assistência
dos Funcionários do Banco do
Brasil (Cassi) deixou de receber
durante muitos anos o aporte
necessário de recursos, pois o
banco não reajustava os salários
de seus funcionários, dando-lhes
abonos, sobre os quais não
incidiu a contribuição do
funcionário ou do banco.
Também foi alterada a
relação entre a contribuição do
empregador e a do empregado, em
detrimento do associado. Aliada
a uma má gestão, o plano
original da Cassi tornou-se
altamente deficitário, causando
intranquilidade.
Recente proposta dos
administradores da Cassi, de
aporte de R$ 300 milhões pelo
banco, metade de imediato e a
outra metade durante três anos,
em contrapartida da participação
dos associados nos exames fora
do hospital e da instituição da
contribuição sobre o 13º
salário, não foi aprovada por
2/3 dos associados,
inicialmente, mas foi depois
imposta.
Em complementação, o banco baixou, tempos atrás, para seus funcionários, um "pacote de maldades", constituído por demissão voluntária, aposentadoria antecipada e terceirização de serviços. Em épocas anteriores, os denominados PDVs (planos de demissão voluntária), aparentemente benéficos individualmente, trouxeram desilusões. A qualidade do atendimento cai.
A continuidade de atos, iniciada em 1967, com a renúncia do banco ao compromisso com os aposentados, parece sinalizar no sentido de que o banco está seguindo fielmente diretrizes impostas pelo sistema financeiro internacional, com a finalidade de privatizar o Banco do Brasil, como mais uma etapa da destruição do Estado Nacional Soberano. Dos seus vice-presidentes, 75% são nomeados por indicação política.
Grande parte dos terminais de atendimento não funcionam adequadamente. Outro dia, estivemos em uma das principais agências do BB da Zona Sul do RJ e havia apenas um terminal de depósitos funcionando. O outro estava fora do ar há cerca de um mês. Reclamamos à Ouvidoria e recebemos por escrito a justificativa de que o serviço era terceirizado e uma peça estava sendo providenciada para conserto, mas estava em falta.
Na Região dos Lagos, as
poucas agências existentes vivem
lotadas, com vários terminais
fora do ar (ora não imprimem
comprovantes, ora não possuem
recursos para saques etc.), com
filas intermináveis. Seus
concorrentes privados chegam a
abrir duas novas agências,
enquanto o BB continua com
apenas uma, em diversas
localidades importantes. O BB
chega a cobrar R$ 20 por uma
simples transferência de pontos
do saldo existente na conversão
para pontos de programas de
fidelidade.
Afinal, qual é o objetivo
do Banco do Brasil? Ser mais um
banco comercial ou um agente do
Desenvolvimento Nacional?
(*)
Marcos
Coimbra
é
Conselheiro Diretor do Centro
Brasileiro de Estudos
Estratégicos (Cebres), professor
de Economia e autor do livro
Brasil Soberano.
E-mail:
[email protected]r
/ Site:
www.brasilsoberano.com.br
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