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A RAZÃO
DE SER DE UMA EMPRESA - LUCRO A QUALQUER PREÇO?
Por Jimmy Cygler (*)
De cada 10 restaurantes que abrem as portas em São Paulo, oito fecham
em menos de um ano. Por que algumas empresas sobrevivem séculos e a maioria
não passa de dois, três anos? Será que elas estão perseguindo a coisa
errada?
O que é uma empresa? Por quê e para quê existe? A visão quase
onipresente, nos últimos anos, e não só no Brasil, tem sido de que uma
empresa existe para gerar lucro para seus acionistas. Lucro, lucro, lucro...
Esta palavra, e tudo o que ela traz consigo, tem causado uma monocoloração
absoluta do mundo empresarial, restringindo a visão exclusivamente aos
resultados de curto prazo. Vários de meus amigos, presidentes de empresas
multinacionais instaladas no Brasil, costumam me dizer: “Longo prazo? Longo
prazo, para a matriz, é o quarter. Hoje, o curto prazo são os reports
mensais ou quinzenais, meu chapa!”
A perseguição dos resultados de curto prazo, promovida
implacavelmente pelo “rebanho eletrônico das velhinhas de Cincinatti”, que
apostam compulsivamente na bolsa de valores - como nossas velhinhas aqui
correm para os (ex?) bingos – tem pirado a cabeça dos CEO´s e em cascata
toda a cadeia de comando das empresas. O investidor anônimo, representado
principalmente pelos fundos de pensão, só enxerga uma coisa: o tal do
famigerado ROI – Retorno sobre os Investimentos. Para ele não existem
clientes, funcionários, fornecedores, meios de produção, fábricas,
processos, ISO 9000, Rh, Qualidade Total, Kaizen, Shmaizen e nada disso. Ele
só olha qual ação dá mais retorno, em menos tempo e com menos risco.
Isso tem causado, invariavelmente, uma pressão insuportável sobre os
executivos, que têm sacrificado o longo prazo em detrimento dos resultados
do trimestre. Esta realidade vai de encontro ao real motivo de existir de
uma empresa: se perpetuar na sua contribuição para com a comunidade. É claro
que nenhuma empresa pode se perpetuar sem gerar lucro. Mas aí o lucro é a
conseqüência, não a razão de ser. Essa diferença não é meramente semântica.
Ela é essencial. A empresa que raciocina desta forma é a “empresa
comunidade”, que diferentemente da “empresa econômica”, coloca o lucro em
primeiro lugar. Já a empresa comunidade busca sua perpetuação. Ela é a
“empresa-rio”, pode aumentar ou diminuir, conforme a chuva, mas raramente
seca. Ela é dinâmica - as gotas não param. Ela visa o lucro, mas como
complemento à otimização das pessoas.
O engraçado é que, conforme estudos profundos feitos por vários
estudiosos, como Jim Collins em “Feitas para durar” e “Feitas para vencer”,
e “A empresa viva” de Arie de Geus, as empresas que não colocaram o lucro em
suas bandeiras corporativas obtiveram, a longo prazo, uma lucratividade
média quinze(!) vezes superior à média da bolsa de valores. É como aquela
lição que nós, homens, já havíamos aprendido na adolescência: quanto mais as
perseguíamos, mais elas fugiam...
(*) Jimmy Cygler é professor do MBA da ESPM Business School, presidente da Resolve! Enterprise Services, conselheiro da Proxis e membro do Mensa - Brasil - [email protected]r
PUBLICAÇÃO AUTORIZADA EXPRESSAMENTE PELO
AUTOR
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