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ATUALIZAÇÕES QUINZENAIS


TÚLIO SOUSA BORGES, Colunista de cinema do Portal Brasil - www.portalbrasil.net

O MESTRE DO SUSPENSE - O que quer que se diga a respeito de seu caráter, Roman Polanski é um mestre da sétima arte. Chinatown, de 1974, é, sim, sua obra-prima, mas ele não parou por aí. Ainda que subestimados por público e crítica, seus últimos filmes – O Último portal (1999), O Pianista (2002) e Oliver Twist (2005) – estão entre as melhores coisas que pudemos ver no cinema durante a última década.

            Por isso mesmo, o novo filme do diretor é mais do que bem-vindo – ainda mais por se tratar de um suspense. Em O Escritor fantasma (2010), Polanski abre novamente O Último portal. Bons lances dos dois filmes são praticamente idênticos.

            A trama de O Escritor fantasma começa de maneira inusitada, prendendo a atenção: uma balsa acaba de atracar; todos os carros saem, menos um. Na cena seguinte, vemos um corpo de um homem na praia.

            Quem morreu, em circunstâncias mais do que misteriosas, foi o ghostwriter que estava escrevendo as memórias do ex-premiê britânico Adam Lang (Pierce Brosnan). O local é a costa leste dos Estados Unidos, onde o político se refugia de sua impopularidade e de uma possível acusação do Tribunal Penal Internacional por supostas violações de direitos humanos na Guerra contra o Terrorismo.

            O novo ghostwriter (Ewan McGregor), cujo nome não conhecemos, é o herói da trama. Depois de alguns péssimos papéis, McGregor está impecável na pele de um sujeito que é astuto, mas talvez não o suficiente para lidar com todos os problemas de uma intriga internacional que envolve traições e assassinatos. Ele descobrirá, a duras penas, o quão perigoso é seguir os passos de um homem morto.

            Infelizmente, não se trata de um dos melhores filmes de Polanski. Apesar de alguns bons elementos, a estória – tirada do best-seller de Robert Harris – deixa muito a desejar. O cerne é mirabolante, como sói acontecer, de resto, com a maioria das tramas envolvendo a CIA. Há algumas perguntas sem resposta e a verdade é que elas não merecem muita atenção. Além disso, o material é uma tolice do ponto de vista ideológico. O antiamericanismo pueril de certos momentos demonstra até que ponto se corrompeu a imaginação contemporânea.

Adam Lang é uma caricatura de Tony Blair. Ironicamente, é ele que, tratado como vilão, acaba proferindo a melhor frase do filme: “São tempos estranhos esses nos quais aqueles que sempre defenderam a justiça e a liberdade são acusados de criminosos, enquanto aqueles que incitam ódio abertamente e buscam a destruição da democracia são tratados como vítimas.” Dá o que pensar.

            Na verdade, o filme até tenta surpreender ao apresentar novos vilões, mas a guinada carece de inspiração. Apesar de tudo isso, Polanski tem seus momentos de gênio, orquestrando com perfeição as principais cenas de suspense. O fato é que ninguém é melhor do que ele nesse quesito. E diretores semelhantes estão ficando cada vez mais raros nesse antro de mediocridades em que Hollywood se transformou.

            Não posso deixar de mencionar que as citações de Chinatown são simplesmente um deleite. E que o filme ganha muito com a trilha sonora de Alexandre Desplat e a fotografia de Pawel Edelman.

            Polanski tem passado e presente como cineasta. Terá futuro? Não sei. Depende, em grande parte, de como serão resolvidos seus problemas com a lei. Além disso, não podemos nos esquecer de que ele se aproxima dos 80 anos. É triste pensar que esse pode ter sido seu último filme. A verdade é que vendo O Escritor fantasma, pensei em como seria bom se Polanski dirigisse uma versão de A Máscara de Dimitrios, o maior romance de espionagem do século XX. Escrito pelo brilhante Eric Ambler, o livro virou um bom filme noir da década de 40, dirigido por Jean Negulesco e estrelado pela dupla Peter Lorre e Sydney Greenstreet. Polanski seria o homem perfeito para realizar a adaptação cinematográfica definitiva.

Por Túlio Sousa Borges, [email protected].

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