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E M A
C R Í T I C A
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/ J U N H O / 2 0 1 1
ATUALIZAÇÕES QUINZENAIS
Namorados para
sempre -
Cuidado!
Não se deixe enganar pelo romântico título
nacional. "Namorados para
Sempre" é excelente, mas é também um
filme espinhoso. Daqueles que machucam não
apenas pela história apresentada, mas também
pela crueza com a qual seu desenrolar é
apresentado. Uma espécie de
"Cenas de um Casamento" dos dias
modernos, por acompanhar o passo a passo de
um relacionamento. Do encantamento à rotina,
do amor ao ódio. Um percurso longe de ser
uma certeza, mas passível de ser real com
qualquer um.
Os holofotes estão sobre Dean
(Ryan Gosling) e Cindy
(Michelle Williams), cuja história é
narrada de forma não linear. Se em
determinado momento pode-se ver seu
presente, com todo o peso de um
relacionamento de anos, no instante seguinte
é mostrado um vislumbre do passado, quando
ainda nem se conheciam. A conquista e o
desgaste são exibidos em paralelo, com o
espectador acompanhando ambos de forma a
compreender particularidades desta história
de amor. Para o bem e para o mal.
Por um lado, há a paixão. As cantadas
engraçadinhas de Dean, a deliciosa piada
politicamente incorreta contada por Cindy –
cuja graça maior está no misto de vergonha e
risos de ambos após ser dita –, os momentos
mágicos por eles vivenciados. “Sabe quando
toca uma música e você precisa dançar?”.
Eles dançam. Em plena rua, ele tocando
ukelele e cantando, ela dançando em frente a
uma loja. Cena singela, simples, de um
romantismo e beleza tocantes. Daquelas que
se vê e torce, muito, para que o casal dê
certo. Digna do péssimo título nacional, que
tenta enganar o espectador ao fazê-lo
acreditar que o filme seguirá por esta linha
doce. Longe disto.
Namorados para Sempre é um filme que fala
sobre a natureza do amor e seus
desdobramentos, em diálogos profundos que
refletem as dúvidas e variações de espírito
de seus protagonistas ao longo dos anos. O
compromisso, a dedicação, a paixão, os
problemas, o desgaste, a rotina, as dúvidas.
Estão todos lá, estampados de forma
explícita nas atuações monstruosas do casal
protagonista. Tanto Ryan Gosling quanto
Michelle Williams têm atuações imensas, no
sentido de imergir fundo nos personagens. Um
trabalho refletido principalmente nos
olhares, impactantes e por vezes
surpreendentes. Em cenas onde não há
diálogos, é através deles que se sabe com
exatidão o que cada um sente.
A veracidade com a qual o relacionamento
entre Dean e Cindy é apresentado por vezes
incomoda. Não há concessões ao espectador.
Ele é submetido a cenas duras, de forte
impacto emocional, e outras doces que se
tornam dolorosas por já se saber qual será o
desfecho do casal. O contraponto entre amor
e ódio por vezes se torna uma tortura
psicológica, provocada intencionalmente pelo
diretor Derek Cianfrance. Por isso mesmo é
preciso cuidado. Namorados para Sempre
merece ser visto, mas não pelos motivos
insinuados no adocicado título nacional. O
filme é muito maior do que isto.
(Por Francisco Russo).
Título original:
(Blue Valentine)
Lançamento: 2010 (EUA)
Direção: Derek Cianfrance
Atores: Ryan Gosling, Michelle Williams, Faith
Wladyka, John Doman.
Duração: 114 min
Gênero: Drama
Status: Em cartaz.
Minhas tardes com Margueritte -
Imagine o
encontro de duas forças. De um lado, mais de
100 quilos de pura ignorância e do outro
menos de 50, carregados de ternura. Entre
eles, uma diferença de décadas de idade e em
comum, o encanto pelos livros. Esta é a
história de um cinquentão pobre com as
palavras e uma idosa inversamente rica com
elas.
Quando criança, Germain
(Gérard Depardieu) foi chamado de
burro na escola por todos e em casa, com sua
mãe solteira, não era diferente. A
dificuldade de ler se perpetuou numa espécie
de bloqueio intelectual. Já adulto, sua vida
se resumia a viver de bicos, ainda ser alvo
de brincadeira dos amigos e, principalmente,
conviver com o eterno desamor da mãe.
Contudo, quando Margueritte (Gisèle
Casadesus) faz com que as páginas de um
livro se abram novamente para ele, este
reencontro com o universo das letras amplia
seu horizonte e o único limite - agora -
será somente a sua vontade.
Baseado no livro “La Tête en Friche”, de
Marie-Sabine Roger, o filme foi dirigido por
Jean Becker (Conversas
com Meu Jardineiro), responsável
também pelo roteiro, que conduz bem o
espectador e de maneira cativante apresenta
um drama com elementos de comédia. E é esse
contraponto que ameniza a tristeza dos
fatos, sem deixar de lado a emoção.
O resultado é uma produção delicada, que não
apela para a pieguice, envolvendo você do
começo ao fim, porque a amizade fomentada
pelo prazer de viver (dela) e aprender
(dele) é inesquecível. Assim, a qualquer
hora do dia, eis um filme bom de assistir.
Título original:
(La Tête en Friche)
Lançamento: 2011 (França)
Direção: Jean Becker
Atores: Gérard Depardieu, Gisèle Casadesus,
Sophie Guillemin, Maurane.
Duração: 122 min
Gênero: Comédia Dramática
Status: Em cartaz.
PROIBIDA
REPRODUÇÃO SEM AUTORIZAÇÃO PRÉVIA EXPRESSA
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