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C O L U N A     D E     E C O N O M I A
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PROFESSOR DOUTOR MARCOS CINTRAMENTIRAS ELEITORAIS
Por Professor Marcos Cintra (*) 

A campanha eleitoral para Presidente da República deste ano prestou um desserviço à sociedade brasileira quando tentou criar uma situação dicotômica envolvendo estatização e privatização. Passou-se a imagem de que havia uma luta do bem (estatização) contra o mal (privatização). O verbo privatizar foi satanizado, deixando a ideia de que o interesse público somente seria preservado através da expansão da atuação estatal sobre a atividade produtiva do país.

 Desde o início da campanha, o PT se pautou em defender o Estado-produtor como o modelo ideal para a promoção do crescimento econômico com justiça social. O presidente Lula alardeou que para gerar desenvolvimento os governos deveriam ser “grandes e fortes”, crença que foi absorvida por Dilma Rousseff para justificar o que ela chamou de um novo “desenvolvimentismo” a ser instalado no país por conta da maior intervenção do governo.

Ao mesmo tempo em que discursava contra a privatização, o discurso petista exaltou o atual crescimento econômico do país e a ascendência de 30 milhões de brasileiros para a classe média como se isso fosse um mérito obtido única e exclusivamente pelas ações do governo Lula. A bondade da administração do PT teria sido suficiente para gerar mais riqueza nacional e melhorar as condições materiais para um enorme contingente de pessoas que viviam na miséria.

Grande parte dos eleitores não consegue assimilar os fatores desencadeadores do atual ciclo de desenvolvimento vivido pelo país. A impressão é que muitos foram levados a crer que os governos anteriores eram perversos e que eles estavam a serviço de empresários ganaciosos que queriam se apropriar das estatais.

A realidade é que o processo de privatização iniciado com o PND (Programa Nacional de Desestatização) em 1990 foi um dos pilares para o cenário econômico e social observado hoje no Brasil. O atual processo de desenvolvimento tem na atuação de ex-estatais como Usiminas, CSN, Embraer, Vale do Rio Doce e as companhias de telecomunicações um dos sustentáculos para que a economia cresça gerando empregos e o governo do PT possa manter os programas de seguridade social dos quais tanto se vangloria como obra exclusivamente sua.

As ineficientes estatais sufocavam as contas públicas, serviam como moeda de troca para obtenção de favores políticos e seus serviços se caracterizavam pela qualidade medíocre. Privatizadas, elas geram lucros e impostos, trazem divisas para o país e têm a obrigação de serem eficientes para atender consumidores e acionistas. As ex-estatais hoje dão suporte ao crescimento do país, enquanto que segmentos ainda sob gestão predominantemente pública como, por exemplo, estradas, portos, aeroportos e correios se transformaram em gargalos para a competitividade econômica.

A ideia difundida de que o poder público deve atuar forte como produtor para preservar o interesse público foi nitidamente uma forma de confundir o eleitor. Sob a tese de que o Estado empresário é mais eficiente pode estar camuflada a estratégia de colocá-lo a serviço de partidos e de políticos profissionais. Ocorrendo isso, tal como o passado nos mostra, o preço para o contribuinte será elevado e para o país será desastroso.

(*) Marcos Cintra Cavalcanti de Albuquerque é doutor em Economia pela Universidade Harvard (EUA), professor titular e vice-presidente da Fundação Getulio Vargas.
Internet: www.marcoscintra.org / E-mail: [email protected] - Twitter: http://twitter.com/marcoscintra

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