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E D I T O R I A L
1 6  /  F E V E R E I R O  /  2 0 1 1

FERNANDO TOSCANO

ESPECIAL - REFLEXÃO SOBRE ÉTICA
Aristóteles - Ética a Nicômaco

Aprendi no curso de Direito que, diz a filosofia, o ser humano é ruim por natureza – jamais concordei com isso e sempre discuti essa questão com os meus mestres. Aristóteles reflete muita coisa a respeito, mas com pensamento mais próximo do meu: buscamos o bem para a nossa realização! Seja no trabalho, em casa, na comunidade. A convivência é uma virtude e a convivência com ética e tudo o mais que ela traz consigo é uma receita certa de felicidade. A moral deve conviver com as relações humanas e isso faz parte da ética que, por conseguinte, faz parte da realização humana, da felicidade.

Para um homem nascido quase quatro séculos antes de Cristo, escrever uma obra desse gabarito, podemos refletir que existe algo mais nesse pensamento filosófico: talvez iluminado por Deus? Deus dá o caminho, o homem escolhe o que lhe convém e assume as consequências dessas decisões. Para quem estudou 19 anos com o mestre Platão, logicamente que deste sofreu influência; além disso foi educador do Rei da Macedônia quando ainda jovem, Alexandre, que manteve-se próximo e ofereceu material para estudo e ajuda financeira para seu mestre. Por que? Alexandre captou parte desse estudo e soube discernir a importância de um homem daquela magnitude.  Aristóteles, na verdade, sistematizou o pensamento histórico da época: utilizou os sentidos para ter contato com o objeto; a impressão deste vem do intelecto humano; o intelecto processa isso e a transforma em impressão. Essa impressão é o início da discussão. Essa é a fase do conhecer! A Ciência da época estava divida em “Teoréticas”, “Práticas” e “Produtivas”. A ética está classificada dentro de “Práticas”. A obra “Ética a Nicômaco” (Nicômaco era seu pai, conceituado médico) foi completada quando Aristóteles estava com 49 anos, já havia aprendido e refletido experiências - era um homem maduro, portanto uma obra que posso classificar como consciente e definitiva. Tanto que é objeto de estudos até hoje.

O que é bom e o que é bem? Só essa matéria já é suficiente para um debate prolongado. Se todo o conhecimento e todo o esforço visam a algum bem, esse bem deve levar o ser humano à felicidade. Se não fosse assim não haveria motivo suficiente para a dedicação e a busca desse bem. O que é a felicidade? É o bem da alma ou o bem da carne? Ora, a felicidade é a busca do seu próprio eu! Se buscamos algo é porque a felicidade não está completa. Riqueza, conhecimento, honra, prazer, alegria, discernimento, poder... qual a sua felicidade? A felicidade é produto do acaso ou providência divina? As virtudes humanas, intelectuais e morais, se completam; a primeira é proveniente da educação, da pesquisa, da experiência e as morais são provenientes do hábito, da moral, da ética, mas ela não chega sozinha: temos de exercitá-la. Segundo Aristóteles a virtude se relaciona com as paixões e ações, podendo ser voluntárias e involuntárias, o qual concordo, mas não restrinjo. Há mais... as ações involuntárias merecem perdão e até piedade. Mas será o ser humano capaz, todo o tempo, de agir involuntariamente dessa forma? Aí tudo se mistura; voluntariamente agimos para punir um ato involuntário porque aquilo feriu de morte o nosso senso de ética, de moral, de valores. O agir voluntário, quando proveniente de ato mal, merece reflexão no erro, merece punição e merece análise das condições psicológicas do indivíduo e do meio em que ele realiza o mal ato. O bom ato, voluntário ou involuntário, merece sempre aplausos, sorrisos e, por isso mesmo pode ser proveniente de providência divina. Discussão sobre o assunto não levará a resultado definitivo nenhum; não conhecemos adequadamente a nossa alma, o nosso involuntário é proveniente de um labirinto escuro do qual não deciframos nem temos conhecimento – é apenas involuntário!

Providência divina... Virtudes morais: coragem, temperança, liberalidade, magnificência, orgulho, anonimato, calma, veracidade, espírito, amabilidade, modéstia, indignação (e justiça) – nem todas são necessárias, nem eternas. Virtudes intelectuais: o conhecimento científico (artes, sabedoria prática, razão intuitiva, sabedoria - que é a razão intuitiva combinada com conhecimento científico) é necessário e eterno. O bem-estar deve ser uma atividade desejável e nunca um estado de espírito ou disposição. As virtudes morais e intelectuais podem trazer isso de forma natural, devemos contemplar nossa capacidade individual para atingir a felicidade, passando antes pelo bem-estar. A felicidade perfeita é uma atividade contemplativa porque o ser humano também precisa de felicidade exterior, mas isso não quer dizer excesso. A felicidade exterior está também numa vida digna e reconhecida, de respeito e convivência, não só de bens. Ela complementa a felicidade interior. Para que as duas andem juntas e se aproximem da felicidade plena, o exercício da ética, da moral e dos bons costumes deve andar de mãos dadas numa mesma direção. A alma deve estar em paz, o espírito iluminado e o corpo são.

O trabalho “Ética a Nicômaco” foi o primeiro tratado filosófico sobre o agir humano e por isso tão importante para estudo da filosofia e no ensino da moral. A contribuição sobre o que é felicidade e o que ela precisa faz parte desse estudo, mas cada um sabe onde está sua felicidade; muitos enganam à muitos, mas ninguém engana a si mesmo. Por isso mesmo esses conceitos devem ser experimentados para que cada um traga para si o que é de fato importante para esse tempo passageiro aqui na Terra. Vale a pena evoluir? Onde vamos chegar e onde queremos se tudo o que construímos morrerá por aqui, longe de nós, seus próprios criadores? A discussão é interminável, mas os conceitos, as reflexões e os bons caminhos ficam...

Quinzena que vem tem mais....

Abraços,

Fernando Toscano       
Editor do Portal Brasil     

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