NEGÓCIOS -
Ser a
Petrobras
do setor
ainda é
sonho
para a
Eletrobras
-
Quatro
meses
depois
de
assumir
o cargo,
o
presidente
da
Eletrobras,
José da
Costa
Carvalho
Neto,
sabe que
tem
muito a
fazer
para
transformar
a
empresa
na "
Petrobras
do setor
elétrico",
como
anunciado
na
administração
passada.
A
empresa
ainda
tem
valor de
mercado
equivalente
a apenas
36% do
seu
patrimônio,
no caso
das
ações
ordinárias,
e 45% no
caso das
preferenciais.
Carvalho
Neto
conhece
os
problemas,
muitos
dos
quais
atribui
ao fato
de não
ter as
liberdades
da
Petrobras,
como a
liberação
da Lei
das
Licitações
(Lei
8.666),
e o peso
de ser
parte do
cálculo
de
superávit
primário
do
Tesouro,
o que
limita
investimentos.
Desse
último a
empresa
já
conseguiu
se
liberar,
mas a
proposta
ainda
não foi
regulamentada.
No ainda
longo
caminho
para
transformar
a
Eletrobras,
Carvalho
Neto
menciona
as
medidas
para a
unificação
da
gestão
das
subsidiárias,
que seu
antecessor
já
chamou,
em tom
de
brincadeira,
de
"descontroladas"
da
Eletrobras.
As
subsidiárias
Chesf,
Furnas,
Eletronorte
e
Eletrosul,
só para
citar as
maiores,
sofrem
grande
influência
política
regional
e só
agora
terão o
mesmo
estatuto
e serão
obrigadas
a agir
segundo
a
holding.
São
coisas
difíceis
de
imaginar
em se
tratando
de uma
companhia
aberta,
que
negocia
ADRs
nível 2
na Bolsa
de Nova
York.
Somente
na
gestão
de José
Antonio
Muniz
Lopes,
que
agora é
diretor
de
transmissão
da
estatal,
o
problema
começou
a ser
resolvido
com a
negociação
de um
estatuto
único.
Carvalho
Neto
agora
garante
que
todas as
empresas
vão ter
o mesmo
estatuto,
com uma
política
de
cargos e
de
remuneração
válida
para
todas.
O
executivo
enumera
uma
série de
amarras
das
quais a
companhia
está,
aos
poucos,
se
livrando.
Exemplo
é a
geração
de
energia
na
região
Norte,
onde a
empresa
arcava
com os
custos
de
geração
que
superavam
a
receita
obtida
do
governo
com a
Conta de
Consumo
de
Combustíveis
(CCC),
um dos
muitos
encargos
setoriais
que são
pagos
por
todos os
consumidores
de
energia.
"A
CCC
antes só
pagava o
óleo.
Hoje
paga a
diferença
entre o
custo
que se
tem lá e
o custo
aqui no
Sudeste,
que
antes
era
carregado
na
Eletrobras",
explica.
Outra
fonte de
prejuízos
é a
energia
nuclear,
cuja
tarifa
não
representava
o custo
efetivo
de
geração.
A
diferença
ficava
na
Eletrobras
e agora
o valor
será
negociado
com a
Agência
Nacional
de
Energia
Elétrica
(Aneel).
Também
mudou a
forma de
contabilizar
os
empréstimos
da
holding
para as
coligadas,
o que
foi
possível
com
planejamento
tributário.
As seis
distribuidoras
federalizadas
também
vão ter
modelo
modificado.
Antes
tinham a
gestão
centralizada,
mas
agora a
decisão
é nomear
um
diretor
de
operações
para
cada uma
delas.
"O
modelo
mostrou
que é
importante
ter o
cara da
operação
no
local. E
é isso
que
vamos
fazer. O
cara da
operação
vai
estar no
local",
afirmou
o
executivo,
ressaltando
que o
responsável
pela
operação
terá
cargo de
diretoria.
"Será
um cara
técnico,
totalmente
técnico",
acrescentou.
"Vamos
tornar
todas
rentáveis".
O
presidente
da
Eletrobras
lista o
que
chama de
quatro
grandes
problemas
comuns a
essas
distribuidoras
estaduais
federalizadas,
responsáveis
por um
passivo
a
descoberto
de R$
735
milhões,
segundo
o último
balanço
disponível.
Perdas
regulatórias
maiores
que a
Aneel
exige, o
que faz
com que
a
diferença
saia do
bolso do
acionista;
custo
excessivo
causado
por
geração
cara sem
o
benefício
da CCC;
inadimplência
acima da
média; e
custo
operacional
excessivo
que não
é
repassado
para a
tarifa.
O quarto
problema
citado é
a
comparação
com a
empresa
de
referência
que,
segundo
Carvalho
Neto,
tem
tarifas
menores
que as
desejadas
pelas
distribuidoras.
"Temos
de ter
competência
para
mostrar
isso
para a
Aneel",
afirma.
A
Eletrobras
tem um
plano
estratégico
que,
além do
aumento
das
sinergias
entre
suas
controladas
e
coligadas,
pretende
transformar
a
companhia
na maior
empresa
de
energia
elétrica
de
fontes
renováveis
do mundo
até
2020,
com
rentabilidade
coerente
com as
das
maiores
do
setor.
Não vai
ser
fácil, e
ele
mesmo
admite.
"O
lucro
líquido
pelo
patrimônio
é
pequeno
e isso
faz com
que
valor de
mercado
da
empresa,
medido
em
relação
ao
patrimônio
líquido,
seja
menor do
que
deveria
ser.
Então,
temos
necessariamente
que
melhorar
isso",
destaca
Carvalho
Neto.
"Precisamos
aumentar
a
receita
e
diminuir
custos.
O que
pretendemos
realmente
é fazer
todas as
ações
que
podemos
para
reduzir
custos e
termos
projetos
cada vez
melhores",
acrescenta.
Entre os
projetos
para
redução
de
custos
está um
programa
de
desligamento
voluntário
que
pretende
reduzir
em 400 o
atual
número
de 1,4
mil
funcionários
da
holding.
Argumentando
que há
setores
da
Eletrobras
com
excesso
e outros
com
carência
de
funcionários,
Carvalho
Neto se
apressa
em
garantir
que "não
tem
demissão"
e que há
estudos
para
implementar
projeto
semelhante
nas
controladas.
Quando
questionado
sobre as
disputas
entre
empresas
do mesmo
grupo em
consórcios
diferentes
para
disputar
concessões
de
hidrelétricas
em
leilões
do
próprio
governo,
o
presidente
da
Eletrobras
escapa
da
pergunta
ao
responder
que
todos os
leilões
são
coordenados
pela
holding.
Segundo
ele, as
empresas
só vão
disputar
entre si
quando
forem
formados
dois
grupos,
justamente
o que
aconteceu
nos
últimos
leilões
de
grande
porte.
A
estatal
está no
momento
preparando
seu
plano
decenal
de
investimentos.
Carvalho
Neto diz
que o
trabalho
já está
adiantado
e estão
sendo
analisados
todos os
aspectos
relacionados
aos
negócios
da
Eletrobras.
E cita
como
exemplo
o
vencimento
das
concessões
das
hidrelétricas
e o
impacto
disso
sobre os
investimentos.
Ainda
sem
decisão
do
governo
sobre o
tema -
as
usinas
podem
ter
concessão
renovada
ou serem
relicitadas
- a
estatal
está
utilizando
diversos
cenários.