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E D I T O R I A L
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FERNANDO TOSCANO

O voo do dragão - O 12 º plano quinquenal, recém-aprovado pela Assembleia Popular Nacional da China, que deverá guiar o país no período 2011-2015, e cujas linhas mestras já são de conhecimento público desde o ano passado, é ambicioso e complexo: visa nada mais nada menos do que promover uma guinada no padrão de crescimento da China.

São três as palavras-chave enfatizadas: equilíbrio econômico, inclusão social e desenvolvimento verde (e pacífico). As duas últimas, que envolvem respectivamente temas como mais proteção social, saúde e segurança para os cidadãos chineses e mais sustentabilidade ambiental e menos carbono para o país e para o planeta são, sem dúvida, as grandes - e auspiciosas, se efetivas - novidades do Plano. Porém, à parte dessas palavras de ordem, até então pouco ou nada presentes na retórica das autoridades chinesas, será do objetivo de equilíbrio que certamente virão os impactos mais imediatos sobre a economia mundial.

A meta declarada pelo Plano é promover uma redução no ritmo do crescimento quantitativo (para "somente" 7% do Produto Interno Bruto, o PIB, ao ano), para proporcionar mais crescimento qualitativo, reduzindo a dependência da economia às exportações e ao influxo de investimento direto externo e virando o polo dinâmico para o gigantesco e ainda pouco explorado mercado interno chinês.

Como não poderia deixar de ser, a transformação chave para viabilizar esse novo padrão é posta em um peso crescente no desenvolvimento científico e tecnológico e na inovação (ampliação do gasto em P&D de 1,5% para 2,5% do PIB) e na menor ênfase no baixo custo como fator determinante da competitividade chinesa (15% do PIB originário de novos setores de alta tecnologia).

Para o Brasil, as implicações de uma guinada chinesa dessa envergadura, caso venha efetivamente a ocorrer, são preocupantes. Não se pode perder de vista que, quando Brasil e China se enfrentam no mercado internacional, o confronto se dá em três níveis distintos. O primeiro nível é o do confronto industrial propriamente dito. Nesse nível, a vantagem é claramente da China, que conta com tecnologia, organização e, principalmente, escalas produtivas muito mais capazes de induzir eficiência e produtividade vis-à-vis o sistema produtivo brasileiro. O segundo nível é o do confronto entre economias. Nesse nível, entra em questão a competitividade sistêmica, que reflete a influência positiva ou negativa dos regimes macroeconômicos, financeiros, tributários, etc..

Atualmente, é nesse nível que a China literalmente esmaga seus concorrentes, brasileiros ou não, e é exatamente na sua manutenção que o Plano Quinquenal está mirando. Por fim, resta ainda o terceiro nível, o confronto entre sistemas políticos. Aqui também é desigual o grau de planejamento e coordenação de decisões atingido pelo sistema chinês, que não pode ser sequer arranhado pela sociedade brasileira, que perdeu as suas instituições voltadas para pensar o longo prazo e ainda se vê às voltas sobre como reconstruí-las.

Desde 2010 a China já é o principal parceiro comercial brasileiro e tende rapidamente a se tornar uma das principais origens dos investimentos estrangeiros no Brasil. Como os números amplamente conhecidos demonstram, esses exuberantes fluxos de mercadorias e capitais escondem uma radical assimetria: do Brasil para China, cada vez mais matérias-primas; da China para o Brasil, cada vez mais produtos manufaturados. Um exercício quantitativo muito simples, mesmo que desprovido de qualquer validade preditiva, ajuda a pintar o problema com as tintas corretas.

Basta imaginar que a corrente de comércio bilateral entre Brasil e China, que evoluiu nos últimos dez anos de US$ 1,9 bilhão para US$ 30,7 bilhões no sentido Brasil-China e de US$ 1,3 bilhão para US$ 25,6 bilhões no sentido inverso, mantivesse exatamente a mesma taxa de expansão pelos próximos dez anos. Pois bem, em 2020, essas exportações chegariam a fantásticos US$ 1,1 trilhão e US$ 722 bilhões, respectivamente. Noves fora os números absolutos, o que interessa é que a China seria o destino de 68% das exportações brasileiras enquanto o Brasil representaria minguados 5,3% do mercado externo chinês.

É essa assimetria que torna crucial construir saídas para evitar a consolidação de uma relação de dependência em todos os aspectos indesejável. As possibilidades de ação do governo brasileiro visando romper o imobilismo que a equação macroeconômica vem impondo não são muitas nem muito diferentes das que vem sendo praticadas no período recente. O que surge de novo é um espaço para o Brasil atuar mais decididamente no front das relações internacionais visando abrir novos mercados para os produtos brasileiros. A viagem da presidente Dilma à China deve ser vista nesse contexto. Porém, o resultado positivo alcançado não deve ofuscar a dimensão e a complexidade do caminho que ainda precisa ser percorrido pelo Brasil para se posicionar adequadamente no novo mundo bipolar que EUA e China estão desenhando. Se hoje a vantagem chinesa já é avassaladora, não será com ações pontuais, mesmo que favoráveis ao país, como os acordos em torno de Embraer, Foxconn e congêneres, que se conseguirá neutralizar as extensas assimetrias que estão se acumulando e que irão se aprofundar quando o dragão chinês alçar voo.
FONTE: David Kupfer, Professor do Instituto de Economia da UFRJ.

Rapidinhas...

- A morte do líder da Al Qaeda, Osama bin Laden, fortalece politicamente o presidente americano, Barack Obama, e tende a desencorajar alguns dos quadros mais tradicionais do Partido Republicano a desafiá-lo nas eleições presidenciais do próximo ano. Mas, pelo menos por enquanto, são pequenas as chances de nomes que correm por fora na disputa, como o empresário Donald Trump e a "tea party" Sarah Palin, ocuparem o vácuo deixado na oposição.

- A casa onde Osama bin Laden foi morto por tropas americanas se transformou na nova atração Abbottabad, no Paquistão. Ontem, moradores da região e equipes de veículos de imprensa estiveram ontem durante todo o dia diante do imóvel. Autoridades mantêm o acesso ao local bloqueado. A casa está localizada a poucos minutos de carro de uma instalação militar do Exército paquistanês, o que alimentou muitas especulações sobre até que ponto Islamabad estava de fato comprometida na caça ao líder da rede Al Qaeda. Ontem, vizinhos do último esconderijo de Bin Laden exibiam um suvenir da operação americana que matou o terrorista: pedaços do que parecia ser restos do helicóptero que caiu durante a ação.

- A França anunciou ontem que reforçará a segurança em seu território e nas embaixadas, empresas e demais representações francesas no exterior para se proteger de possíveis retaliações de organizações terroristas. Várias companhias francesas possuem filiais no Sahel africano, base da Al Qaeda no Magreb Islâmico, braço da insurgência no norte da África.

- A Apple vai começar a produzir celulares e tablets no Brasil entre setembro e novembro, disse ontem Luciano Almeida, presidente da Investe SP, agência de promoção de investimentos do governo paulista. Segundo Almeida, a fabricação será feita sob encomenda pela Foxconn no Estado de São Paulo. "Cinco ou seis cidades disputam o investimento", afirmou ele, sem revelar os nomes dos municípios candidatos.

Quinzena que vem tem mais....

Abraços,

Fernando Toscano       
Editor do Portal Brasil     

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