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E D I T O R I A L
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FERNANDO TOSCANO

Transformação demográfica já afeta a competitividade? - O Brasil está passando por substancial transformação demográfica. A taxa de crescimento populacional passou de 1,8%, em 1990, para apenas 0,9%, em 2010. Em 1990, a taxa de fecundidade era de 2,8 filhos por mulher; mas, em 2010, essa taxa já havia caído para apenas 1,9, número bem abaixo da taxa de reposição populacional de 2,1. Em 1990, 35% da população estava na faixa de 0 a 14 anos. Essa parcela caiu para 25% em 2010 e deverá ser de apenas 17% em 2023. Já a parcela da população na faixa de 60 anos ou mais era de 7% em 1990, passou para 10% em 2010 e deverá superar a parcela da população jovem ainda antes de 2023.

Essa significativa mudança demográfica está afetando a competitividade da economia brasileira e o canal de transmissão é o mercado de trabalho, por meio da população em idade ativa (PIA, pessoas entre 15 e 60 anos). Quando a taxa de crescimento da PIA aumenta rapidamente, a oferta de trabalho também aumenta bastante. Quando a taxa de crescimento da PIA aumenta lentamente, a oferta de trabalho cresce pouco. Mas quando a taxa de crescimento da PIA é negativa, a oferta de trabalho diminui. Como a PIA é o principal fator determinante da oferta de trabalho, mudanças no seu nível e composição têm impactos substanciais na taxa de desemprego e na formação dos salários.

Embora a PIA ainda esteja crescendo, sua taxa de crescimento vem diminuindo rapidamente, o que ajuda a explicar, juntamente com a mais rápido expansão da economia, a trajetória de queda do desemprego e o aumento dos salários reais. Nossas estimações sugerem que a queda de um ponto percentual na taxa de crescimento da PIA implica num aumento de R$ 216 nos salários médios reais do setor privado. De fato, a taxa média de desemprego passou de 11,3%, em 2001, para 6,7%, em 2010, enquanto que o salário médio real do setor privado passou de R$ 971 para R$ 1.387 no mesmo período. A redução da taxa de crescimento da PIA ao longo dos próximos anos será acompanhada por maior pressão no mercado de trabalho. Essa pressão será ainda mais aguda a partir da década de 2020, quando a taxa de crescimento da PIA tornar-se-á negativa.

O problema é que a aceleração dos salários reais pode afetar a competitividade internacional por elevar os custos de produção. O impacto será tanto maior nos setores mais expostos à competição internacional e com maior parcela dos custos do trabalho nos custos finais.

Esse é o caso da indústria manufatureira em geral, em contraste com os setores produtores de commodities, em que os custos do trabalho tendem a ser uma parcela bem mais modesta dos preços ao produtor. O aquecimento do mercado de trabalho beneficia os trabalhadores, devido a salários mais elevados, mas ameaça os empregos, especialmente os da manufatura.

O indicador câmbio efetivo/salário, indicador comumente utilizado para examinar a competitividade das exportações, mostrou forte valorização ao longo da década passada, o que implicou na perda de competitividade dos produtos industrializados. A valorização do indicador resultou da substancial valorização do real, mas, também, do aumento dos salários.

A figura mostra a relação câmbio efetivo/salário e a participação da indústria manufatureira no PIB. A correlação entre os indicadores é de 0,79 e sugere que a queda da competitividade internacional da indústria foi acompanhada muito de perto pela perda da sua participação no PIB. A perda de competitividade é danosa para o país, mas é especialmente problemática para o setor industrial, que concorre diretamente com países cujos custos do trabalho vêm aumentando mais lentamente e/ou em que os salários médios são bem menores que no Brasil, e em que políticas vigorosas são implementadas para proteger os interesses de suas indústrias. Esses são os casos da China e Índia. Tudo o mais constante, as mudanças demográficas contribuirão para que o setor primário ganhe participação na economia e a indústria manufatureira perca participação.

Para que se mitigue essa tendência, será preciso que o país responda e se adapte às mudanças demográficas. As principais respostas são aumentar significativamente a produtividade do trabalho e expandir a população trabalhadora.

O aumento da produtividade do trabalho requer investimentos que levem educação de qualidade para todos e investimentos em infraestrutura, capital fixo, tecnologia e inovação. Requer, também, encorajar investimentos em setores de mais alta produtividade e valor adicionado. Será preciso, ainda, estimular o treinamento continuado dos trabalhadores, requalificar os trabalhadores maduros que retornam ao mercado de trabalho, aumentar a produtividade do setor informal, fomentar o aumento da produtividade das micro e pequenas empresas e incentivar a meritocracia, de forma a valorizar a acumulação de capital humano e o bom desempenho no trabalho. O aumento da produtividade do trabalho é o requisito mais importante para a manutenção do poder de compra dos salários reais e para a criação de empregos.

No que tange à expansão da população trabalhadora, será preciso introduzir reformas trabalhistas e previdenciárias. A flexibilização da legislação trabalhista será importante para encorajar mais pessoas a participarem do mercado de trabalho, incluindo os jovens, mulheres e os já aposentados que queiram voltar a trabalhar. A reforma da legislação previdenciária será importante para inibir as pessoas de se aposentarem tão prematuramente no Brasil.
FONTE: Jorbe Arbache, Assessor da presidência do BNDES e Professor de Economia da UnB.

Rapidinhas...

- Donas de R$ 69 bilhões em ativos totais, as cooperativas de crédito avançam rapidamente nos financiamentos ao campo brasileiro. A carteira rural das 1.370 sociedades do ramo deve superar R$ 9 bilhões em custeio, investimento e comercialização em 2011. No ano passado, a conta fechou em R$ 7,67 bilhões. Comparados à carteira de R$ 42 bilhões do líder Banco do Brasil, que detém 60% da volume de crédito rural no país, os empréstimos das cooperativas ao campo ainda "engatinham". Mas a fome das sociedades em abrir caminho em meio a instituições financeiras mais consolidadas e o auxílio do Banco Central em questões regulatórias apontam para um avanço substancial. O segmento encerrou 2010 com R$ 30 bilhões em depósitos totais e R$ 30,1 bilhões em operações. Mas projeta crescer até 30% em ativos, para R$ 87,6 bilhões, em 2011. Isso elevaria a carteira de crédito a R$ 40 bilhões.

- A AOL Inc. está se unindo à editora americana Hearst Corp. numa tentativa de disseminar o uso de anúncios grandes na internet. A Hearst vai começar em breve a vender um tipo maior de anúncio digital que a AOL vem tentando fazer que a indústria publicitária adote, e o exibirá em sites como Cosmopolitan.com, Esquire.com, Goodhousekeeping.com e Marieclaire.com. A Hearst vai vender os anúncios para os clientes e pagar uma comissão de tecnologia à AOL, que aposta nos anúncios para recuperar a expansão do faturamento. A Hearst é o primeiro grupo de comunicação a fechar um acordo para usar os anúncios, que a AOL começou a veicular em seus próprios sites em setembro. Eles são cerca de quatro vezes o tamanho dos anúncios visuais que geralmente aparecem no canto dos sites. Esses anúncios contam com espaço para três elementos interativos, como vídeos, jogos, cupons de descontos, galerias de fotos, pesquisas de opinião e mapas. A pessoa pode clicar e interagir com o anúncio sem ter de deixar a página.

- Os grandes bancos de varejo estão avançando no mercado de crédito consignado, aquele com desconto das parcelas em folha de pagamento, e tomando mercado que antes era ocupado por instituições menores. O espaço foi aberto com a retração dos bancos de pequeno e médio porte a partir de medida do Banco Central, em dezembro, que exigiu mais capital das instituições que operam no segmento. As operações com desconto em folha de Itaú, Bradesco e Santander no primeiro trimestre cresceram acima da média do mercado.

Quinzena que vem tem mais....

Abraços,

Fernando Toscano       
Editor do Portal Brasil     

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