NEGÓCIOS - Empresa chinesa de compras online deve fazer o maior IPO da história - Uma companhia chinesa de que poucos já ouviram falar está se preparando para fazer uma oferta inicial de ações que poderá ser a maior já realizada por uma empresa de internet na história dos Estados Unidos. A empresa, Beijing Jingdong Century Trading Co., é dona do 360buy.com, um site de compras on-line de rápido crescimento que vende uma ampla gama de produtos, principalmente direto ao consumidor, tal como a Amazon.com Inc. A fatia das compras on-line do mercado chinês representada pelos negócios diretos ao consumidor deverá crescer mais de cinco vezes, alcançando 650 bilhões de yuanes (US$ 100 bilhões) nos próximos três anos, segundo a firma de pesquisas Analysys International, sediada em Pequim.
A Jingdong espera arrecadar de US$ 4 bilhões a US$ 5 bilhões em uma oferta pública inicial no primeiro semestre de 2012, segundo disseram na semana passada pessoas a par da situação. Se conseguir, ela vai ultrapassar o Google Inc., cujo IPO em 2004, de US$ 1,9 bilhões, faz dele até agora o recordista entre as empresas de internet. O acordo oferece uma chance de gordas comissões para banqueiros de IPOs, que têm ficado um tanto à margem do agitado mercado deste meio de ano. Banqueiros de várias grandes firmas financeiras foram recentemente a Pequim para disputar a nomeação em uma concorrência prévia chamada "bakeoff", prevista para o fim da próxima semana.
A fraqueza do mercado nos próximos meses, ou a cautela dos investidores em relação a ações chinesas poderão atrapalhar os planos da Jingdong. Muitas ações chinesas cotadas em bolsas nos Estados Unidos no início deste ano estão sendo negociadas a preços menores do que em suas ofertas iniciais, devido, em parte, a uma série de escândalos contábeis. Além de marcar um novo recorde para ofertas públicas, um negócio bem sucedido para a Jingdong pode esquentar uma rivalidade crescente entre a empresa e a Taobao, do Alibaba Group Holding Ltd., há muito tempo o campeão indiscutível de compras on-line na China.
O Grupo Alibaba, não cotado em bolsa, no qual o Yahoo tem uma participação de cerca de 40%, foi o grande responsável por construir na China o mercado de compras na internet. A famosa proeza lhe permitiu vencer o site de leilões on-line eBay Inc. na China, lançando um site semelhante, o Taobao, que não cobra taxas dos vendedores. O Taobao, que informa ser lucrativo, ganha dinheiro vendendo anúncios, logística e outros serviços de suporte para os vendedores do site. Hoje a maior parte do dinheiro que os consumidores chineses gastam em compras on-line – que abrangem tudo, desde roupas até móveis e celulares – flui através dos sites do Alibaba Group. No ano passado o total de transações feitas nesses sites chegou perto de 400 bilhões de yuanes, ou cerca de US$ 62,5 bilhões. A Taobao não divulga seus resultados financeiros.
A Jingdong, que tem mais de 12.000 empregados, ainda não é lucrativa. Mas, tal como aconteceu nos Estados Unidos, os consumidores chineses começaram a gravitar para sites como o 360buy.com da Jingdong, que se encarregam de estocar e enviar os produtos, em vez de apenas colocar em contato compradores e vendedores. A receita da Jingdong subiu para quase US$ 1,6 bilhão no ano passado, ante quase US$ 626 milhões em 2009, disse um porta-voz. A empresa começou como uma loja física de produtos eletrônicos. O fundador, Liu Qiangdong, iniciou a 360buy.com em 2004, depois de ser obrigado a fechar suas lojas de Pequim no ano anterior devido a um surto de SARS, ou Síndrome Respiratória Aguda Grave, que afugentou os consumidores de lugares lotados, como shoppings. Ao contrário da Taobao, que de modo geral não se encarrega de enviar as mercadorias compradas em seus sites, a Jingdong envia diretamente de centrais de distribuição, alcançando 130 cidades, e dando conta, sozinha, de 70% do total de entregas. A empresa fornece aos funcionários dispositivos de rastreamento via satélite, para que os clientes possam acompanhar tudo – desde o horário em que sua compra foi embalada até a estação de metrô de que o entregador partiu – e como contatar essa pessoa pelo celular.
Mas a
Taobao continua sendo uma potência, e não está
parada. Há três anos ela
abriu um shopping on-line e cortejou marcas bem
conhecidas para vender seus produtos no site. Essa
marcas agora incluem a rede de vestuário Uniqlo, da
Fast Retailing Co. e a fabricante de computadores
Dell Inc. Em junho a Taobao desmembrou essa divisão,
o Taobao Mall, concorrente do Jingdong, do seu site
original, o Taobao Marketplace, que promove negócios
de consumidor para consumidor, como o eBay.
FONTE:
The Wall Street Journal.
ECONOMIA - Brasil é motivo de discussão econômica mundial - O boom brasileiro, em meio a uma mudança tectônica do investimento mundial para os mercados emergentes, está trazendo riscos para a maior economia da América Latina. Uma abundância de liquidez ao redor do globo nos últimos anos tem gerado fundos para empréstimos bancários mais arriscados e alimentou o potencial de uma bolha imobiliária. A mesma mudança no fluxo internacional de dinheiro que impulsionou a bolsa Bovespa e trouxe financiamentos para portos e estádios da Copa também fez do real uma das moedas mais supervalorizadas do mundo e muitas fábricas locais não são mais competitivas nos mercados mundiais.
A vida cotidiana se tornou tão cara que ir ao cinema, pegar um táxi e até tomar uma Coca-Cola em São Paulo é mais caro que em Nova York. O preço dos apartamentos no Rio de Janeiro dobrou desde 2008 e o aluguel dos escritórios em São Paulo subitamente ficou mais caro que em Manhattan. Em muitos casos os bancos de investimentos precisam pagar aos banqueiros e analistas brasileiros mais do que eles ganhariam pelo mesmo cargo em Nova York.
A preocupação com o real valorizado demais é um dos principais motivos que levaram o Banco Central a cortar a taxa Selic em meio ponto porcentual, para 12%, no mês passado, recuando do curso seguido durante um ano de alta dos juros. A decisão se arrisca a impulsionar a inflação, mas as autoridades do BC dizem que o alto juro do país tem atraído investimento estrangeiro especulativo que supervaloriza o real e prejudica a economia. O real já caiu 6% em relação ao dólar desde que o Banco Central baixou os juros, mas ainda está cerca de 36% mais alto do que em 1o de janeiro de 2009. Como os Estados Unidos e a Europa estão afundados no pessimismo econômico, os investidores mundiais devem aplicar mais de US$ 1 trilhão este ano em economias emergentes como Brasil, China e Índia — quase cinco vezes mais que há dez anos. O dinheiro está fluindo porque as economias emergentes é que têm impulsionado o crescimento mundial desde 2009.
Alguns executivos brasileiros temem que o custo de operar esteja aumentando tanto que seu país pode não conseguir se tornar a potência industrial que sonha há gerações. "Desde pequena ouço que o Brasil é o país do futuro. Agora o futuro chegou e comecei a temer que será breve", disse Cynthia Benedetto, diretora financeira do carro-chefe da indústria nacional, a Empresa Brasileira de Aeronáutica SA, terceira maior fabricante de jatos do mundo. Exportadora importante, a Embraer afirma que está investindo em equipamento para reduzir custos trabalhistas no Brasil e também abrindo mais fábricas no exterior.
As fábricas brasileiras produziram em junho 1,6% menos que em maio, no primeiro declínio desde a crise financeira mundial de 2008. As fábricas estão perdendo mercado no exterior e perdendo para importados baratos porque a mão-de-obra, as peças e o transporte têm preço de primeiro mundo — embora o Brasil ainda tenha todas as desvantagens de terceiro mundo como estradas ruins, trabalhadores com baixa escolaridade e violência.
O Brasil não é o único mercado em desenvolvimento que tem enfrentado problemas desse tipo. O investimento estrangeiro maior na China contribuiu para uma inflação dos alimentos nas cidades que alguns economistas dizem que pode provocar rebeliões. Na Turquia, o governo tentou uma abordagem parecida com a que o BC brasileiro acabou de adotar — cortar juros para impedir que a entrada de capital valorize demais a moeda. Mas os juros baixos também impulsionaram uma alta considerável no crédito bancário e temores de uma bolha de crédito.
Aprender a administrar a abundância é uma situação inusitada para o Brasil, que sempre lutou para atrair investimento enquanto oscilava entre crises econômicas e desvalorizações da moeda. Mas os esforços para estabilizar a moeda, domar a inflação e diminuir o endividamento a partir dos anos 90 geraram US$ 350 bilhões em reservas internacionais e grau de investimento.
O dinheiro flui
facilmente para o Brasil
porque seu câmbio é
livre e seus mercados de
ações, dívida e
derivativos são
sofisticados,
diferentemente da China.
E na verdade há muitos
investidores que buscam
exposição à China
investindo no Brasil,
porque ele é um dos mais
importantes exportadores
de matéria-prima para os
chineses. O Brasil é o
maior exportador mundial
de ferro, carne, frango,
açúcar e café. E acabou
de fazer descobertas
petrolíferas importantes
na costa que também
podem torná-lo um dos
principais exportadores
de petróleo.
FONTE: The Wall
Street Journal.