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Criação
de mercado - O desafio das tribos e comunidades às empresas
Por Ivan Postigo (*)
Mercados hoje em dia se formam com conversações e debates muito mais amplos e profundos que há 10 anos.
Mercados não são áreas geográficas e setores demográficos, consistem de seres humanos, com gostos diferentes, opiniões diferentes, que aceitam e rejeitam propostas.
A velocidade com que as informações correm o mundo, com o avanço da eletrônica e o advento da internet, é extraordinária. A internet está permitindo conversações abertas entre populações e formação de opiniões que a mídia de massa não consegue superar.
Essa é a razão de não existir mais uma grande moda e sim várias tendências formando comunidades ou “tribos“.
As conversações na internet, porque não considerar intranet também, estão permitindo a troca de informações e conhecimentos e a formação de novas organizações sociais até então não experimentadas.
Para as empresas isso é um enorme desafio. Os mercados estão ficando cada vez mais informados, organizados e inteligentes. Os consumidores acabam tendo mais informações sobre os produtos que os próprios fornecedores, com isso o discurso das empresas de agregar valor ao produto começa a se tornar obsoleto.
As pessoas não recebem mais as informações estáticas, sentadas em uma sala em frente a tela azul da TV, mas via internet, de forma dinâmica, onde podem emitir opiniões para milhares de outras pessoas, quer sejam positivas ou negativas.
Com isso a lealdade à marca, sonho de toda empresa, está sendo renegociado com velocidade extraordinariamente rápida. Não se pode esquecer que os mercados estão cada vez mais inteligentes. Lealdade à marca demanda qualidade de relacionamento entre consumidor e fornecedor.
Os mercados estão procurando fornecedores que falem sua língua. A fidelidade das “tribos” é com seus membros, os membros dessa comunidade. Ou a empresa se integra ou deixa de fazer parte desse ambiente com suas mensagens e seus produtos.
Falar a língua do mercado é falar a linguagem da comunidade, da “tribo”; se estas estiverem dissociadas, a empresa não terá mercado.
Os mercados querem falar com as empresas; se estas mantiverem um discurso interno e outro com o mercado estarão fadadas ao fracasso. Quando a linguagem é diferente, quando o discurso é diferente, o mercado percebe e rejeita.
O mercado dirá a empresa: “Você quer nosso dinheiro, então nos dê atenção. Queremos ser ouvidos e quando quiser falar conosco diga algo interessante, saia do lugar comum”.
Muitas empresas gastam grandes somas com pesquisa de opinião, mas não ouvem a comunidade e mantêm profissionais de relações públicas que não falam com o público, esquecendo-se que as conversações intranet inevitavelmente seguirão para o mercado via internet.
Para estabelecer relacionamentos, as empresas terão que falar com as pessoas da comunidade, da qual querem a atenção, não esquecendo nunca que esse local é o mercado.
Pergunte-se: por que uma comunidade perderia tempo tentando falar com sua empresa, com tantas ofertas e oportunidades por ai?
No mínimo ouvirá: "Ah, está ocupado fazendo negócios e não pode falar conosco? Sei, passaremos mais tarde, ligaremos mais tarde, faremos contato mais tarde, isso se não encontrarmos algo mais interessante ou quem nos dê atenção".
As comunidades e “tribos” têm o real poder e sabem disso, essa verdade as empresas precisam aprender a reconhecer, mas numa velocidade maior do que tem sido imaginada.
(*) Ivan Postigo
é
Economista, Bacharel
em contabilidade, pós-graduado em controladoria pela USP e
Diretor de Gestão Empresarial da Postigo Consultoria, Comunicação e Gestão -
www.postigoconsultoria.com.br.
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