Outro dia alguém me disse que “se não está no facebook, não aconteceu”, referindo-se a uma postagem que fez sobre um evento do qual participou. Se for mesmo assim, quem olhar minha página vai achar que minha vida é desesperadoramente vazia... Porque, diferente dos jovens de hoje, sou de opinião que minha vida não precisa ser divulgada em detalhes, nem me sinto pressionada a provar nada para ninguém. Mas os jovens da era tecnológica são escravos de uma realidade perversa: comparam-se em tempo real com fatos e imagens tão retocados que criam um mundo de absoluta ilusão. É a realidade de cada um contra a fantasia perfeita de todos os outros.

A realidade, como todos descobrimos ao olhar para nós mesmos nos momentos em que ninguém mais pode nos observar, está muito longe de ser perfeita. A pele tem manchas, o corpo tem cicatrizes, o trabalho tem muitos momentos de banalidade, as festas não são tão divertidas assim... Mas isso não podemos divulgar para não parecermos menos ou pior do que os nossos amigos. Cercados por pessoas “perfeitas” vivendo experiências “maravilhosas”, acabamos nos sentindo como patinhos feios, totalmente inseguros e absolutamente miseráveis em meio aos cisnes do lago. A tristeza e o desânimo entram em nosso coração pela porta de frente.

Mas se pudéssemos comparar realidade com realidade, veríamos que o que nos incomoda são problemas compartilhados por muitas pessoas. O que nos preocupa é o que também preocupa muitos de nossos amigos. As dificuldades que enfrentamos não são apenas nossas e definitivamente não caminhamos sós pelas trilhas da indecisão ou do medo.

O que importa não é estar passando por uma dificuldade, é saber que ela faz parte do nosso crescimento, e é apenas uma pequena parte de uma vida que tem muitos momentos bons. Não precisamos alardear nossos tropeços, ou as barreiras que enfrentamos pelo caminho, mas também não devemos achar que por alguma injustiça divina a nossa caminhada tem percalços enquanto o resto do mundo tem um tapete vermelho estendido diante de si.

A perfeição não está nas fotos postadas na internet, ou nas versões adaptadas dos fatos que são divulgadas na mídia social. Ela está na maneira como vivemos cada um dos nossos dias, na forma como nos relacionamos com os outros, na alegria com que realizamos nosso trabalho, por mais rotineiro e sem brilho que nos pareça, e no otimismo com que enfrentamos as dificuldades.

No momento que em conseguimos separar ficção de realidade, percebemos que nossa experiência neste mundo não é tão terrível assim. A competição é mais justa do que parece, pois todos nós temos nossos dias bons e nossos dias ruins. Todos têm vitórias e fracassos, só que os primeiros são compartilhados e festejados, enquanto os últimos são sofridos em segredo.

Somos pessoas iguais, vivendo experiências semelhantes e com o mesmo potencial de crescer e alcançar o sucesso e a felicidade. Não podemos distrair nossa atenção ou enfraquecer nossa vontade em virtude de contos de fada. Se vamos tirar alguma consequência das coisas que vemos ao nosso redor, que seja positiva, que seja construtiva, que seja criativa. Nossa leitura das mensagens que recebemos tem que ser criteriosa e, as informações que assimilamos devem ser reais. Trabalhar com a verdade permite que façamos uma construção sólida de ideias, opiniões e decisões. Nossos esforços e nossos sonhos não podem desmoronar como um castelo de areia construído à beira das ondas. Devemos sonhar sabendo que podemos realizar.

(*) Denise Rodrigues do Amaral é escritora, advogada e pós-graduada em Teoria da Comunicação, especialista em comunicação e produtividade e membro da CCF – Certified Coaches Federation.
É autora dos livros "Crianças podem voar", “Perfil de sucesso”, “Sounds like success” (English edition), “Essas mulheres incríveis e suas histórias maravilhosas”, e possui mais de 500 artigos publicados sobre alcançar o sucesso.

A PROPRIEDADE INTELECTUAL É DA COLUNISTA
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS A SUA AUTORA E AO PORTAL BRASIL®

FALE CONOSCO ==> CLIQUE AQUI