Boa intenção apenas não basta. Já é um belo primeiro passo, não há dúvida, mas é o primeiro de uma caminhada – talvez uma longa caminhada.

Hoje é difícil falar em tempo, o que é muito, o que é pouco, para uma geração de novos profissionais que foram criados em meio à velocidade e ao imediatismo imposto pelos avanços tecnológicos – que para eles, reparem, não é avanço, é simplesmente a realidade. Quem conheceu e trabalhou com sistemas mais antigos, pré-computação, pré-telefonia móvel, pré-internet, consegue avaliar o altíssimo grau de mudança que atingiu e revolucionou todas as atividades, e a adaptação que exigiu em termos de postura e mesmo de raciocínio profissional. Para os jovens da era imediatista, falar em longa caminhada significa qualquer coisa por volta de um mês, enquanto que para a geração mais sênior, já se imagina algo mais próximo de um ano. A rotatividade, a busca de novas oportunidades, é diretamente proporcional à velocidade com que eles compartilham informações. O conceito de estabilidade, tempo para aprender e se adaptar a uma nova empresa, a um novo trabalho, sofreu um golpe fatal.

Mas a natureza continua com seus ciclos, e algumas verdades continuam intactas por mais que tentemos acelerá-las com recursos artificiais. E é preciso dar tempo ao tempo para que os resultados comecem a aparecer.

Muitos trabalhos envolvem não apenas uma formação técnica – exigem uma adequação emocional. Pessoas com grande capacidade de aprender, mas dificuldade em se ambientar ou conviver com colegas, até mesmo de lidar com orientação ou qualquer tipo de autoridade. Um esforço apressado em áreas delicadas e fundamentais como esta podem prejudicar projetos importantes e com grande potencial de sucesso.

Lidar com seres humanos implica em uma série de desdobramentos que fogem muito de um primeiro – e básico – plano de trabalho. Cada pessoa é uma coletânea de experiências que a torna única e imprevisível, principalmente em se tratando daqueles cujas origens são imersas em dificuldades. Há quem se entregue totalmente às novas chances e aproveite de forma positiva toda e qualquer ocasião de crescer, melhorar, e se afastar de uma realidade difícil, sofrida, violenta. E há aqueles que não conseguem se desvencilhar das amarras profundas que os prendem à sua realidade, carregando-a consigo por toda parte, fechando portas para si mesmos e destruindo boas oportunidades.

Ambiciosos projetos sociais são necessários para que o desenvolvimento do mundo não seja apenas técnico, mas também humano. O planeta é rico tanto em espaço quanto em condições de crescimento, e a criatividade humana não conhece limites – é potencial puro. Estamos em mudança constante, mas devemos cuidar para que as mudanças sejam positivas, em todos os aspectos possíveis. E paciência é uma virtude tão rara quanto essencial para que grandes projetos não se percam em si mesmos apenas por não durar pelo tempo necessário para criar raízes, lançar seus ramos e gerar seus frutos. Apesar de algumas carreiras profissionais terem perdido a referência dos dias ou das horas, por estarem interligadas com escritórios ou correspondentes no mundo todo, o planeta ainda segue seu ritmo, os países têm seus calendários, as cidades assistem tanto o nascer quanto o por do sol, e algumas pessoas precisam de tempo para se adaptar a novas realidades.

Mesmo que pareça grande, muitas vezes a caminhada é absolutamente indispensável.

(*) Denise Rodrigues do Amaral é escritora, advogada e pós-graduada em Teoria da Comunicação, especialista em comunicação e produtividade e membro da CCF – Certified Coaches Federation.
É autora dos livros "Crianças podem voar", “Perfil de sucesso”, “Sounds like success” (English edition), “Essas mulheres incríveis e suas histórias maravilhosas”, e possui mais de 500 artigos publicados sobre alcançar o sucesso.

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