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B U S I N E S S    &     L I F E     C O A C H I N G
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Por trás do "burlar as regras"
Por Denise Amaral (*)
 

Regras existem para definir uma sociedade e tornar o relacionamento mais fácil, tranquilo, previsível. Desenvolvem a confiança entre as pessoas, e alimentam o sentido de solidariedade, na medida em que você consegue prever o comportamento dos demais, e eles o seu.

Uma sociedade que segue regras está respeitando a dignidade do outro, respeitando seu espaço e seus direitos, e cada pessoa recebe em troca o mesmo tratamento - todos se sentem parte de uma comunidade que pensa e atua pelo bem de todos a partir do bem de cada um.

Mas para funcionar bem assim, esta sociedade precisa que cada indivíduo pense em si mesmo como parte importante de um todo, e se satisfaça pessoalmente em ser assim. E, principalmente, que compreenda que o seu crescimento, em todos os sentidos e direções, vai acontecer naturalmente com o crescimento de toda a sociedade. A prosperidade e o desenvolvimento são ilimitados. Não são como uma única fruta capaz de alimentar um pequeno número de pessoas, é como uma grande plantação com árvores dando frutos em abundância, estação após estação.

O esforço de cada um de nós tem que ser no sentido de preservar e desenvolver esta plantação, garantindo assim não apenas a nossa alimentação como a de nossos filhos, e também a das gerações futuras. Algumas sociedades conseguiram desenvolver essa mentalidade, e desfrutam de um estilo de vida inegavelmente agradável e gratificante. Outras não.

Existem sociedades em que as pessoas somente conseguem compreender a prosperidade em uma dimensão pessoal. Se encontram uma fruta não pensam no potencial de suas sementes, pensam em correr na frente de quem quer que seja para pegar a fruta para si mesmo, e se sente superior aos outros quando consegue ter alguma coisa que ninguém mais tem.

Acham que "crescer" significa "colocar-se acima dos demais", sem se dar conta de que o nível em que se encontram é o da mediocridade. Sentem-se satisfeitos pelo fato de poderem olhar para baixo e ver que há muitos em situação pior.

Poderiam descobrir que é muito melhor olhar para os lados e descobrir-se cercado de uma multidão de pessoas felizes e satisfeitas, dispostas a ajudar-se mutuamente para que a situação de todos seja sempre de excelente para melhor.

Mas isto é uma questão cultural. Fácil de enxergar, bastante complicada de alterar.

O Brasil de hoje é resultado de anos de história sendo escrita de forma viciada, de gerações sendo educadas com base em princípios egocentristas e noções erradas sobre prosperidade e desenvolvimento. Burlar uma regra não faz com que uma pessoa se sinta constrangida por ferir e desestabilizar a paz social - faz com que ela se sinta "importante" e " esperta" por fazer algo que a maioria não faz, conseguindo alguma "vantagem" sobre os demais. 

Enriquecer pelo roubo, pela exploração dos outros, pelo desrespeito aos direitos alheios, não é realmente enriquecer. Uma sociedade rica é aquela que cria riquezas para todos, oportunidades para todos. Rearranjar recursos para que alguns tenham em excesso o que a outros falta completamente não é enriquecer.

Concordo com Fernando Toscano quando diz que a base de uma sociedade saudável está na educação - devemos ensinar as crianças, desde muito cedo, que dividir um brinquedo não é ter menos para si, mas multiplicar a capacidade de entretenimento e prazer que ele pode oferecer. Que respeitar regras não é o mesmo que impor limites a si mesmo, mas colaborar para um ambiente em que haja mais segurança e oportunidade para todos. Que o estudo e o desenvolvimento pessoal não nos faz melhores que os outros, e sim mais fortes e capazes de abraça-los todos e levar toda a sociedade para o crescimento.

Quanto mais podemos oferecer mais recebemos em troca. Quanto mais alta nossa posição na sociedade, maior nossa responsabilidade, maior nossa capacidade de dar e maior nossa possibilidade de receber. Devemos buscar nosso crescimento pessoal para poder semear campos maiores, e alimentar mais pessoas ao mesmo tempo em que nossa riqueza pessoal se beneficie. Ter muito porque damos ainda mais.

Poder pessoal não pode ser sinônimo de oportunidade para contornar leis ou ignorar regras. O poderoso de fato não é aquele que consegue caminhar acima dos demais, mas aquele que prospera na medida da prosperidade que proporciona aos outros.

A cultura de um povo vem refletida em sua folhagem, mas tem origem em suas raízes, e no tipo de nutrientes que absorvem. Se quisermos ver um Brasil frondoso, temos necessariamente que investir na saúde das sementes que hoje plantamos, e na riqueza do solo onde as semeamos. Em palavras mais simples, precisamos ensinar nossas crianças a amar, a respeitar, a doar, ao mesmo tempo em que oferecemos um ambiente propício em que o esforço é recompensado, em que a educação leva ao crescimento, em que o trabalho abre portas, em que a justiça prevalece e as oportunidades existem para todos, e para o bem de todos. Fazer parte de uma comunidade que pode crescer a partir do esforço pessoal de cada um é extremamente gratificante. Ter uma mesa farta à custa da fome de outros tantos não pode, nem deve, trazer felicidade!

Achar que regras são restrições e que ignora-las nos torna espertos é uma visão deturpada da vida, que pode trazer consequências, no mínimo, bastante desagradáveis. E enxergar nossa posição como parte de uma realidade maior, em que cada uma de nossas atitudes tem consequências sérias que se multiplicam, tanto para o bem quanto para o mal, tem sido o nosso grande desafio!

(*) Denise Rodrigues do Amaral é escritora, advogada e pós-graduada em Teoria da Comunicação, especialista em comunicação e produtividade e membro da CCF – Certified Coaches Federation.
É autora dos livros "Crianças podem voar", “Perfil de sucesso”, “Sounds like success” (English edition), “Essas mulheres incríveis e suas histórias maravilhosas”, e possui mais de 500 artigos publicados sobre alcançar o sucesso.

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