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C O M P O R T
A M E N T O
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O
legado da Copa
Por Tom Coelho
(*)
“Um desempenho superior
depende de um aprendizado superior.”
(Peter Senge)
Terminado o evento que mobilizou o país ao longo de 30 dias, podemos identificar alguns fatos relevantes. Receios como caos na organização ou ocorrência de manifestações que pudessem comprometer a imagem do país em âmbito internacional não se configuraram. Pelo contrário, a avaliação como um todo foi bastante positiva, em especial pela hospitalidade com que recebemos os estrangeiros – algo previsível, pois esta é nossa identidade cultural.
Contudo, há dois aspectos em especial que gostaria de destacar. Eles dizem respeito aos temas planejamento e liderança.
1. Sobre planejamento
A Copa teve início e canteiros de obras ainda estavam instalados em grande parte dos estádios. Mais ainda, apenas 41% das metas de infraestrutura estabelecidas para o torneio foram cumpridas no prazo, sendo que 6% foram simplesmente abandonadas. Os orçamentos, todos, superaram os valores estimados. As arenas erguidas em regiões onde não há clubes tradicionais amargam público equivalente a 10% de sua capacidade nas partidas do campeonato brasileiro da série B. Assim, o êxito do torneio na percepção do público não pode obscurecer tais fatos.
Do ponto de vista esportivo, o fracasso do Brasil, menos por não ter alcançado o título e mais pelas humilhantes derrotas sofridas nas duas últimas partidas, também decorre da falta de planejamento. Sob a égide de um comando retrógrado da CBF, o futebol brasileiro é sinônimo de decadência. Não há formação de técnicos, não há preparação de atletas, revelamos cada vez menos talentos, não conseguimos reter os melhores jogadores e nossos campeonatos regionais e nacionais são exemplos de desorganização. Assim, a seleção apenas reproduziu este contexto: faltou-lhe preparação (muitos amistosos realizados foram contra equipes frágeis e sem tradição), treinamento, esquema tático e equilíbrio emocional.
2. Sobre liderança
O evento deixou algumas lições preciosas a este respeito.
Primeiro, o comportamento de Thiago Silva na partida contra o Chile, quando desolado diante do risco de desclassificação, isolou-se da equipe, recusando-se a ser um dos batedores de pênalti, entregando-se às lágrimas quando deveria, na posição de capitão, apoiar e incentivar seus colegas. Liderança não se impõe pelo cargo ou pela posição. Liderança se conquista e se exerce com autonomia e autoridade.
Segundo, a inépcia de Felipão na semifinal contra a Alemanha, quando após sofrer o segundo e o terceiro gols, mostrou-se absolutamente negligente ao não provocar alguma substituição, sinalizando ao time que uma mudança de postura era necessária para alterar o cenário dramático daquele momento. Quando o navio está afundando, cabe ao comandante tomar providências e lidar com as consequências.
Terceiro, um real exemplo de liderança positiva demonstrado pelo técnico holandês Van Gaal. Além de alterar a equipe a cada partida, de acordo com o perfil do adversário, utilizou todos os 23 atletas ao longo das sete partidas do torneio. Mas o ponto alto, indiscutivelmente, ocorreu nas quartas de final contra a Costa Rica, quando no minuto final da prorrogação promoveu sua última substituição colocando o goleiro reserva Tim Krul, de grande envergadura e talento especial em disputas por pênaltis. Uma escolha assertiva, que garantiu a equipe nas semifinais. O líder autêntico conhece seus liderados e sabe potencializar suas principais competências.
Espero que a Copa de 2014 deixe como maior legado a reflexão e o aprendizado para que iguais erros não se repitam. E a Olimpíada de 2016 já está em contagem regressiva.
(*)
Tom
Coelho é educador, conferencista e escritor com artigos publicados em 17
países. É autor de “Somos Maus Amantes – Reflexões sobre carreira, liderança e
comportamento” (Flor de Liz, 2011),
“Sete Vidas – Lições para construir seu equilíbrio pessoal e profissional”
(Saraiva, 2008) e coautor de outras cinco obras. Contatos através do e-mail
[email protected].
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www.tomcoelho.com.br.
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