Tomar decisões faz parte de cada dia, e tomar as decisões certas é o grande desafio que enfrentamos. Cada sim e cada não, parar ou continuar, diminuir ou aumentar, afastar-se ou se aproximar, nos move pelos caminhos da vida, determinando as novas decisões que teremos que tomar.

As escolhas de hoje vão criar as oportunidades de amanhã. Se optamos por mentir, uma mentira vai levar a outra, e a outra mais, até que estejamos soterrados pelo peso de ter que manter vivo um fato que nunca existiu. E é difícil manter o controle sobre a memória de detalhes fictícios que foram sendo criados na medida em que se fizeram necessários para dar base à mentira anterior. Chega um momento em que o castelo desaba – e desaba exatamente sobre o seu criador.

Equilibrar-se sobre as pedras do caminho já é complicado o suficiente quando as pedras estão firmes no lugar. Imagine ter que fazer o mesmo sobre pedaços precários de madeira que flutuam sobre um rio caudaloso... A mentira é exaustiva para a alma, em todas as suas manifestações e em todos os seus desdobramentos. Criminosos que se entregam espontaneamente à justiça são um bom exemplo de como o peso de viver em fuga afeta as pessoas – preferem cumprir sua pena e recuperar a sua paz.

Quando se vive em uma sociedade corroída pela corrupção de valores, é comum encontrar caminhos escusos e razões para segui-los, mas é exatamente nestas horas que devemos ouvir o que diz a nossa consciência – aquela parte de nós que não depende de luxos, que não se impressiona com fama, que não tem sede de poder. Aquela parte de nós que sabe discernir o certo do errado, e que enxerga claramente as consequencias de cada ato e as repercussões de cada escolha. Que percebe a diferença entre a voz da razão e o canto da sereia, e não se deixa levar pela ilusão das aparências.

Muitas vezes é preciso dizer não para o fácil, para o simpático, para o interessante e até mesmo para o lucrativo. Muitas vezes, é preciso dizer não em momentos que não esperam de nós nada além do silêncio conivente, pois também ele têm seus desdobramentos.

Na sociedade do “ter” é um grande desafio optar pelo “ser” – mas é justamente esta escolha que permite a uma pessoa ter um sono tranquilo, sem medo de pesadelos. Pois em sua mente não há monstros que a persigam, nem ameaças à espreita. Honestidade e justiça não são incompatíveis com fortuna ou com sucesso. A diferença está em obter o que merecemos e usufruir do que por direito nos pertence, em oposição a viver do ar sugado de outros. Uma grande diferença...