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- CINEMA -
(Crítica - Janeiro/2002)

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Dicas da semana:
(Período de 26/01-01/02/2002)

Preso na Escuridão (Abre Los Ojos, Alejandro Amenabar, 1997) - Um homem desperta de um sono profundo, se prepara para sair e se depara com sua cidade, uma grande metrópole, sem sinal qualquer de vida e começa a vivenciar uma trama em que parece haver dois níveis de realidade que se fundem e se confundem.

Esse é um pequeno resumo do que vem a ser “Preso na Escuridão”, um clássico moderno do cinema espanhol e seu remake americano Vanilla Sky, que, não obstante terem uma estrutura praticamente igual acabam em resultados díspares, visto a mão de seus diretores, a qualidade de seus elencos e principalmente o espírito que impregna suas estruturas.

“Preso na Escuridão” tem como base a angústia do seu protagonista bon vivant que tem na angústia de encontrar a sua história, seu passado e seu futuro, ingrediente mister do seu desenvolvimento na trama, o diretor/roteirista Amenabar capricha na tensão psicológica, nas perguntas vagamente respondidas e num ritmo em que os silêncios, as sombras têm função dramática conduzindo e confundindo o público.

“Vanilla Sky” acaba diluindo o lado psicológico da trama, caminha pelo lado frenético da ação, as dúvidas são entremeadas quase sempre com o ritmo de quem não tem tempo para respirar e seu diretor Crowe (do ótimo “Quase Famosos”) imprime seu trabalho de não baixar o ritmo, até salvando totalmente o bom roteiro que tinha nas mãos da diluição total, de ser mais um veículo para Tom Cruise.

Os elencos contribuem para reforçar tais referências: se em “Vanilla” existe a confirmação de Cameron Diaz como atriz talentosa, um nível acima da sua equivalente a espanhola Najwa Nimri; Penelope Cruz faz a mesma personagem em ambos os filmes, mas se demonstra segurança, comodidade e certo talento na versão espanhola, não o faz na americana, pois além de ter um domínio precário da língua,  parece não conseguir em suas incursões fora da Espanha o nível de desempenho que lá consegue.

Tom Cruise, artífice desse remake, é simplesmente engolido pela densidade que o personagem David Aames tem gravado em seu DNA espanhol, decididamente parece não ter entendido o que exatamente movia e preocupava sua matriz César, brilhantemente vivido por Eduardo Noriega, que mesmo não sendo o melhor ator do mundo, esteve excepcional e dentro da faixa etária exata para o papel.

Decididamente Tom Cruise envelheceu e já não lhe cabem alguns personagens em que maiores questionamentos impliquem em estar na faixa dos vinte anos e principalmente necessitem de um entendimento maior do que lhe rodeia, ficou aprisionado no bom ator para filmes bons para levar um bom público ao cinema, não lhe caindo bem a transgressão.

Um único destaque de Vanilla Sky (além de Cameron Diaz) é a excelente trilha sonora, recheado de hits e com ótimo tema original composto por Paul Mccartney.

Cotações:
Vanilla Sky---** ½
Preso na Escuridão ****

A Festa do Globo de Ouro

Foram entregues em 20/01/2002 os Globos de Ouro, prêmio oferecido pela Associação de Cronistas Estrangeiros de Hollywood que serve de ante-sala para o Oscar.

Seus principais vencedores:

Melhor Filme Dramático: Uma Mente Brilhante (A Beautiful Mind) - desde já maior favorito ao Oscar, ainda que tenha concorrência com “O Senhor dos Anéis”;

Melhor Ator Dramático: Russell Crowe (Uma Mente Brilhante) - boas chances de repetir o feito de Tom Hanks e Spencer Tracy e bisar seu Oscar por “Gladiador”;

Melhor Atriz Dramática: Sissiy Spacek (In the Bedroom) - favoritíssima ao Oscar, pode ser batida apenas pelo furacão Nicole Kidman;

Melhor Filme Comédia/Musical - Moulin Rouge - parece fadado a Indicação;

Melhor Ator Comédia/Musical - Gene Hackmann (The Royal Tannenbauns) - Indicação certa e alguma possibilidade de prêmio;

Melhor Atriz Comédia/Musical: Nicole Kidman - Moulin Rouge - é a ameça ao segundo prêmio de Sissy Spacek;

Melhor Diretor - Robert Altman (Gosford Park) - dirigindo uma comédia policial recheada de grandes atores, pode ganhar enfim seu Oscar. Um mau sinal não foi incluído na lista da “Director’s Guild”;

Melhor Filme Estrangeiro -Terra de Ninguém (No Man’s Land) - o favorito da crítica, rivalizará com o favoritismo popular do francês Amelie. Walter Salles e seu “Abril Despedaçado” se contentará com indicação;

Melhor Ator Coadjuvante - Jim Broadbent (Iris) - Grande ator britânico, merecia reconhecimento há dois anos por seu brilhante trabalho em Topsy Turvy, está fantástico também em “Moulin Rouge” e “ O Diário de Bridget Jones”;

Melhor Atriz Coadjuvante - Jennifer Connelly (Uma Mente Brilhante) - consegui reconhecimento com “Réquiem para um Sonho” e com o Globo de Ouro se distancia de suas concorrentes Marisa Tomei, Helen Mirren e Kate Winslett em direção a Estatueta.

                                                                                                                                                    Lourival Sobral

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Dicas da semana:
(Período de 19/01-25/01/2002)

O Senhor dos Anéis: A Irmandade dos Anéis (The Lord of the Rings: Fellowship of Rings) de Peter Jackson 2001 - O Senhor dos Anéis é considerada por boa parte da crítica literária de língua inglesa a obra contemporânea por excelência e pensar e vê-la nas telas sempre foi um misto de desejo e receio de seus inúmeros entusiastas que têm nela seu livro sagrado.

O projeto produzido por Peter Jackson foi ousado a tomar para si a responsabilidade de fazer de pronto toda a trilogia, comprando uma incógnita de 300 milhões de dólares que poderia ser um tormento que perduraria até o Natal de 2003, quando se fará o lançamento da terceira parte.

Diretor, entre outros filmes, de um cult de Terror “Fome Animal” e do brilhante “Almas Gêmeas”- que revelou Kate Winslett e lhe deu uma indicação ao Oscar de roteiro, Peter ousou fugir da fórmula de George Lucas em sua série “Star Wars”, privilegiando os atores e ação fundada na profundidade da obra de Tolkien e não num festival de pirotecnia de efeitos especiais.

As quase três horas do filme são de ação incessante, ainda que não-iniciados no livro perca um pouco a extensão psicológica de seus personagens, da diversidade de detalhes que cada habitante da Terra Média tem em sua extensa descrição literária que são pincelados durante todo o filme ficando subordinados a ação do filme que com ligeiros retoques seguem linearmente a sua base literária.

O elenco excepcionalmente bem escolhido resulta da escolha de um bom naipe de atores de forte tradição teatral com bons atores em busca do estrelato já de algum tempo como Elijah Wood, Viggo Motensen nas funções que seriam reservadas as grandes estrelas hollywoodianas que não poderiam embarcar em um longo periodo (19 meses) de filmagem na Nova Zelândia.

Destaques individuais a beleza de Liv Tyler e o talento de Ian Mckellen e Ian Holm como o mago Gandalf e o hobbitt Bilbo Baggins “Bolseiro” que dominam a cena de um filme de ação, subvertendo a idéia do blockbuster - ação tendo a superficialidade como tema.

Uma sensação que pode se fazer presente é de deja vu seja de algumas seqüências ou do desenvolvimento da trama, pois várias das idéias de Tolkien já foram diluídas e recicladas a exaustão ao longo das décadas - é impossível não lembrar do Obi Wan Kenobi de Alec Guiness ao ver o Gandalf em ação.

Um filme que diverte e deixa o gosto amargo de saber que teremos que esperar um ano pelo próximo capítulo da saga de Frodo Bolseiro em sua missão.

Cotação: ****

O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel (The Lord of the Rings: The Fellowship of the Rings) 2001 - Direção: Peter Jackson
Elenco: Elijah Wood (Frodo Baggins “Bolseiro”), Ian Mckellen ( Gandalf), Ian Holme (Bilbo Baggins “Bolseiro”), Viggo Mortensen (Aragorn “Pasolargo), Sean Astin (Sam Gamgi), Liv Tyler (Arwen), Cate Blanchett (Galadriel), Sean Bean ( Boromir), Orlando Bloom (Legolas), Christopher Lee (Saruman, Hugo Weaving (Lord Elrond)

Estréia Brasileira: 01/01/2002

Carreira: AFI Awards: Melhor Filme,

                Indicado aos Globos de Ouro de Filme, Direção, Canção e Trilha Sonora Original

                9 Indicações ao Golden Satellite Award ( incluindo Melhor Filme e Ator Coadjuvante-Ian Mckellen)               

                                                                                                                                Lourival Sobral

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Dicas da semana:
(Período de 12/01-18/01/2002)

O que vem por aí - Oscar 2002

Final de ano nos Estados Unidos e início de fevereiro no Brasil começam a desembocar os grandes lançamentos que a grande indústria americana espera ver reconhecidos como os grandes laureados no Oscar 2002.

É certo que o ano termina esvaziado com a não estréia de dois filmes tidos como favoritíssimos ao prêmio que por causa dos atentados de setembro foram deixados para o ano que vem; “Gangs of New York”, de Martin Scorsese e “Heaven” de Tom Tykwer, estréia do alemão de Corra Lola, Corra

O que nos espera nas salas de cinema:

Ali - A cinebiografia de Muhammad Ali (Will Smith) dirigida por Michael Mann chegou a ser franco favorito, mas com sua estréia esfriaram suas chances, mas pode emplacar o prêmio a Smith.

Uma Mente Brilhante (A Beatiful Mind) - Raro filme dos grandes estúdios a ter reais chances na corrida desse ano, pode bisar o prêmio para Russell Crowe, que vive um deficiente mental, tem ganho fôlego nas ultimas semanas.

Gosford Park - O filme que pode dar a Robert Altman o seu prêmio, tanto por sua qualidade, mas também pelo pouco peso de seus concorrentes a estatueta de direção. Um filme com um elenco estrelar de atrizes.

Dia de Treinamento (Training Day) - Um filme feito para dar o prêmio a Denzel Washington que disputa cabeça a cabeça com Crowe o prêmio.

Iris - Drama sobre senhora com problemas mentais e sentimentais na maturidade, um filme de atores que pode sair com prêmios para seu elenco (Judi Dench, Kate Winslett e Jim Broadbent)

The Royal Tannebaums - A comédia ácida sobre o pai de três jovens que em sua infância foram crianças prodígios e que tenta retomar contato com eles, hoje todos fracassados. Um grande filme com uma interpretação digna de nota de Gene Hackman e um Ótimo roteiro do diretor Wes Anderson.

The Majestic - Um filme de Frank Darabont (A Espera de um Milagre) estrelado por Jim Carrey (O Mundo de Andy) - uma decepçao, mas pode ser um azarão.

Mullohand Drive - Um maravilhoso exercício de David Lynch. Dificilmente a Academia se abrirá para algo tão profundo e denso, mas os prêmios podem ajudar. É o queridinho da crítica americana, se ganhar o Globo de Ouro, pode ser irreversível sua indicação.

Monster’s Ball - Um drama pesado com brilhantes atuações de Hale Berry (Surpreedente!), Billy Bob Thornton e Peter Boyle.

The man who wasn’t there - Um noir no melhor estilo dos irmãos Coen, que pode ter sucesso na lista e render a Billy Bob Thornton seu segundo prêmio.

In The Bedroom - O filme independente por excelência, excelentes elenco, roteiro e direção, falta-lhe, entretanto, bom desempenho de bilheteria.

O início dos ano nos permite ousar em algumas projeções:

Prováveis Indicados

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Dicas da semana:
(Período de 05/01-11/01/2002)

Em cartaz – Oscar 2002

Quando em 14 de fevereiro se anunciarem as indicações ao Oscar  alguns do filmes que já podem ser encontrados nas vídeolocadoras ou estão em cartaz nos cinemas brasileiros poderão encontrar seu lugar no sortudo rol de nominados ao grande prêmio do cinema mundial. Vai aqui uma pequena lista dos filmes já acessíveis aos brasileiros e suas possíveis chances.

1-       O Senhor dos Anéis (Lord of the Rings) O senhor dos Anéis - A primeira parte da saga de Tolkien já é tratada como um clássico por alguns críticos ao redor do mundo e pode vir a receber uma penca de prêmios da academia.

Provável vencedor: Melhor filme e categorias técnicas
Boas chances de vitória: Melhor diretor (Peter Jackson)
Indicação: Ator Coadjuvante (Ian Mckellen)
Alguma chance de indicação: Ator Coadjuvante (Elijah Wood e Ian Holm)

2-       Amnésia (Memento) de Christopher Nolan - Um filme que dependendo do humor da academia pode receber um bom número de indicações, mas que não deve vingar.

Boas chances de vitória: Roteiro Original (Christopher Nolan)
Boa chance de indicação: Direção (Nolan)
Alguma chance de indicação: Filme, Ator (Guy Pearce), Ator Coadjuvante (Joe Pantoliano), Fotografia

3-       Moulin Rouge - Amor em vermelho (Moulin Rouge) de Baz Luhrman - O melhor musical em décadas pode ser ousado demais para os padrões hollywoodianos.

Boas chances de vitória: Atriz (Nicole Kidman)
Indicação: Filme, Diretor (Luhrman), Roteiro
Boa chance de Indicação: Ator Coadjuvante (Joe Broadbent)
Alguma chance de Indicação: Ator (Ewan Mcgregor)

4-       Os Outros ( The Others) de Alejandro Amenabar

Indicação: Roteiro (Amenabar)
Alguma chance de indicação: Atriz (Nicole Kidman) Atriz coadjuvante ( Fionulla Flanagan)

5-       Shrek

Provável vencedor: Melhor filme de animação
Alguma chance de indicação: Melhor filme

6-       Monsters S. A.

Indicação: Filme de Animação

7-       Círculo de Fogo (Enemy of the Gates) de Jean Jacques Anaud - O filme era favorito a ser o vencedor no ano anterior, adiou sua estréia e foi um fracasso, mas é um belo filme.

Chance de indicação: Fotografia e categorias técnicas
Alguma chance de indicação: Ator (Jude Law), Ator Coadjuvane (Ed Harris)

8-       A I - Inteligência Artificial (AI) de Steven Spielberg

Chance de vitória: Canção
Alguma chance de vitória: categorias técnicas
Chance de indicação: Ator coadjuvante (Jude Law), Roteiro Adaptado
Alguma chance de indicação: Filme, Diretor, Ator ( Haley Joel Osmentt) Atriz Coadjuvante (Frances O’Connor)

9-       O Quarto do Filho (La Stanza del Figlio) de Nanni Moretti

Chance de vitória: Melhor Filme Estrangeiro

10-    Hedwig, Amor , Rock e Traição (Hedwig) de John Cameron Mitchell

Alguma chance de indicação: Ator (Mitchell)

11-    O Diário de Bridget Jones (Bridget Jones ‘ Diary) de Sharon Maguire e Legalmente Loira (Legally Blonde ) de Roberto Luketic

Alguma chance de indicação : Atriz (Renee Zellwegger e Reese Whiterspoon)

Verifica-se que, como todo ano, a grande maioria dos favoritos começará a estrear a partir de finais de janeiro e que o ritmo se acelera a partir de fevereiro para aproveitar o quente das indicações e a chegada da grande gala anual do cinema.

                                                                                                                                                        Lourival Sobral

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