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- CINEMA -
(Crítica - Setembro / 2002)

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Dicas da semana:
(Período de 28/09 - 04/10/2002)

O Closet (Le Placard, Francis Veber, 2001) - Contador  e funcionário de segundo escalão de empresa de plástico (Daniel Auteil) sabe que vai ser demitido e recebe o conselho de vizinho (Michel Aumont) para fingir-se de homossexual e utilizar os preconceitos e a homofobia de forma invertida.

            Seu plano é tão bem sucedido que acaba reconquistando seu filho e se tornando uma celebridade dentro da firma e ainda foi o objeto de situações mais estranhas ao seu modo de viver tão trivial, gerando uma série de confusões e gags interessantes.

            As piadas são sempre leves e, apesar do tema espinhoso, conseguem realmente efeito junto a platéia e nisso temos em alta o trabalho de  Gerard Depardieu que vive o seu gerente, treinador de rugby que tenta provar que não é preconceituoso e acaba por provocar algumas boas gargalhadas, sabendo explorar cada chance que tem para brilhar.

            O resto do elenco faz parte da nata dos atores franceses e cumprem sua função correta e, por vezes, brilhantemente, pois não dá para reunir os já citados e ainda Thierry Lhemitte, Michele Laroque e Jean Rochefort e não conseguir um resultado interessante.

            O diretor Francis Veber, experimentado em comédias leves, muitas já readaptadas pelos americanos, está em forma, sabe dosar drama e comédia e explorar o timing  de comédia de seu elenco, além de utilizar bem os recursos de som e montagem para realçar os percalços dos personagens no decorrer da trama, sem que desejemos um tempo para descansar.

Cotação: *** ½

Rollerball (John Mctiernan, 2002) - Remake do interessante filme de Norman Jewinson “Rollerball - Os Gladiadores do Futuro") acaba se revelando uma grande decepção, pois perde todo o pano de fundo questionador que havia no original, onde questões hoje tão debatidas, como violência, esporte e mídia,  ainda eram pontuais, principalmente no cinema.

            O elenco desperdiça o ótimo Jean Reno que vive o promotor do Rollerball, jogo misto de vários esportes violentos e radicais, que tenta tornar o tal evento ainda mais atraente tornando o jogo ainda mais letal para seus jogadores.

            A rebeldia dos jogadores contra o absurdo continua sendo o detonador do conflito do filme, mas o que vale mesmo são as seqüências de ação e de briga que preenchem boa parte das duas horas de exibição do filme, trazendo a emoção (?) do tal jogo para o público.

            O diretor John Mctiernan mantém a qualidade de seus filmes de ação, mas é burocrático em termos de inovações e busca empolgar quem se digna a ver seu filme preenchendo com violência estilizada e, em alguns momentos, gratuita.

Cotação: * ½
   
                                                                                                                                                        Lourival Sobral


Dicas da semana:
(Período de 21/09 - 27/09/2002)

Divinos Segredos (Divine Secrets of the Ya-Ya Sisterhood, Callie Khouri, 2002) - Quando recebeu seu Oscar de melhor roteiro original por seu maravilhoso trabalho em “Thelma e Louise”, Callie Khouri virou referência de filmes que teriam personagens femininos relevantes e importantes em conteúdo e espaço na tela e, esse selo parece que acaba por reduzi-la a trabalhos em que esteja aprisionada nesse ambiente. 

            “Divinos Segredos” recicla todo um manual de filme dirigido para as mulheres, vemos todas as questões femininas e feministas serem postas num ambiente em que mãe (Ellen Burstyn) e filha (Sandra Bullock) são confrontadas para que se conciliem através da tal irmandade Ya-Ya e a partir dessa reunião feminina as duas brigam, choram, se ofendem, se declaram, expõem todo tipo de emoção. 

            Na tentativa dessa integração mãe e filha o filme oferece um generoso elenco feminino que é o ponto que torna o filme interessante, pois apesar de Sandra Bullock ser apática, não se consegue escapar de Maggie Smith, Fionnula Flannagan, Shirley Knight e, especialmente, Ellen Burstin (desde já favorita ao Oscar de Melhor atriz coadjuvante) sem que se sinta comovido pelo talento e bom uso do texto que, embora feminista demais, é bem acima dos roteiros que comumente  Hollywood nos apresenta.  

            O trabalho da Khouri diretora é apenas correto, utiliza seu elenco e tira dele o que ele lhe oferece sem parecer pedir ou querer mais que o simples, talvez interessada demais no discurso ou apenas por não ter muita vocação para o metier

Cotação: **1/2 

Gregório de Mattos (de Ana Carolina, 2002) - A diretora Ana Carolina, após o ótimo “Amélia”, traz um projeto ousado de dramatizações e leituras de texto do poeta Gregório de Mattos, num arrojado trabalho que tenta fazer da força, ironia e impacto das palavras do “Boca do Inferno” algo mais que letras impressas nos livros. 

            Contando em seu elenco com “personas” como Xuxa Lopes e Wally Salomão, o filme resulta hermético, não pela qualidade e profundidade dos textos ou pelo uso que Ana Carolina faz deles, mas por não ser digerível ao grande público uma pequena obra baseada em textos num mundo cinematográfico onde algo que planos com mais de trinta segundos são considerados dispersantes da atenção da audiência. 

            Um filme para gostos próprios e que, se não se revela uma obra-prima, gradua a programação cinematográfica e a filmografia nacional atual com algo de mais arrojado que os bons produtos comerciais que têm se conseguido fazer no Brasil. 

Cotação: *** 1/2 
                                                                                                                                                           Lourival Sobral


Dicas da semana:
(Período de 14/09 - 20/09/2002)

Insônia (Insomnia, Christopher Nolan 2002) - Dupla de detetives (Al Pacino e Martin Donovan) são enviados ao Alasca para ajudar a polícia local a solucionar o assassinato de uma estudante e acabam por encontrar uma trama onde os meandros da polícia americana e a relação entre os pólos de uma chantagem são questionados embalados pela incapacidade de dormir que titula o filme que vai juntamente com a trama embotando o senso de julgamento do detetive Will Dormer (AL Pacino).

            A trama se desenvolve em dois tempos: o primeiro que narra o início das investigações, onde se estabelece a ligação entre Dormer e a investigadora local Ellie Burr (Hilary Swank) e o assassinato acidental de Eckhart (Donovan) por seu parceiro; num segundo tempo, a ligação entre o Dormer e o assassino (Robin Williams) envolvidos numa trama de gato e rato de chantagem, a investigação da Ellie e as dúvidas existenciais de Dormer.

            Al Pacino realiza mais um trabalho excepcional, consegue demonstrar ao longo do filme todo o processo de fracionamento emocional do seu personagem que de uma só vez se defronta com uma situação de chantagem, uma insônia interminável, a morte de seu parceiro por suas mãos e a chantagem do criminoso colocando em xeque inúmeros de seus conceitos pessoais.

            Robin Williams rouba a cena com seu assassino que demonstra num rosto quase imóvel todas as emoções possíveis tangenciando a loucura desvairada e a mais conseqüente das lógicas em cada uma de suas ações, referendando a intenção do roteiro em deixar Dormer sem qualquer possibilidade de ação a não ser a implosão interna.

            Hilary Swank vive com perfeição sua aprendiz de grande investigadora policial e, ainda que seu personagem não tenha a mesma força dos protagonistas demonstra um quê do talento já demonstrado na sua interpretação primorosa em “Boys Don’t Cry”.

            O diretor Nolan realiza um filme com a marca de quem tinha que respaldar o sucesso de público e crítica do aclamado “Amnésia” e seu intento é satisfeito, pois, embora sem os grandes vôos estilísticos de seu outro filme, ele consegue fazer um policial correto e interessante, bem representado e dirigido e ainda lhe é possibilitado gradar seu roteiro-base com detalhes emprestados pelos cenários e outros recursos de linguagem que constroem um todo muito interessante.

            Um dos bons filmes chegados dos Estados Unidos, “Insônia” conserva a atenção do seu público por seu bom roteiro com ótimo elenco e um certo ar de inovação que pode ainda carregar uma produção cuja intenção é ser apenas um bom filme.

Cotação: *** ½ 

                                                                                                                                                          Lourival Sobral


Dicas da semana:
(Período de 07/09 - 13/09/2002)

Cidade de Deus  (Fernando Meirelles e Katia Lund 2002) - O publicitário Fernando Meirelles estreou no cinema com o pouco usual “Domésticas” que se caracteriza pela interessante junção da base teatral com a boa embalagem de comercial, resultando num filme divertido e consegue um “quê” de profundidade numa obra leve.

            Em Cidade de Deus, baseado no livro de Paulo Lins, Meirelles utiliza seu talento e formação para dar uma estética pop a uma triste história real ocorrida no Rio de Janeiro, um sábio uso da câmera, ótimos recursos técnicos e um orçamento generoso que foram essenciais para o resultado.

            A gênese e o desenrolar da briga de traficantes ocorrida na  Cidade de Deus, misto de conjunto residencial e favela da periferia carioca é a história central do filme sob a ótica do narrador, um jovem que escapa da vida de crimes que sempre esteve rondando a sua volta.

            Um filme difícil de ser assistido, mas de resultado realmente impressionante, se por um lado somos instados a presenciar algumas cenas que resvalam no mau gosto pela crueza de suas imagens que revoltam e reviram o estômago, ao longo do filme a violência se dilui e cria um todo que explica o porquê dessas imagens.

            Uma possível crítica a ser feita ao filme é a montagem que gera um híbrido de filme americano com toque cinemanovista, mas só revela a capacidade aglutinadora de Meirelles que construiu uma obra complexa e comercial capaz de correr mundo e ser entendida pelo público mais acostumado a uma estética americana de imagens rápidas e movimentos incessantes de câmera e montagem.

            Um elenco formado por atores recrutados sem grande experiência, cumpre fielmente sua missão relembrando os milagres do neo-realismo italiano e os reforços do ótimo Matheus Nachtergaele, do cariocão Seu Jorge e dos experientes Gero Camilo, Graziela Moretto e Charles Paraventi (esses últimos também, ótimos, em “Domésticas”) só aumentam o talento do grupo de atores e respaldam todo o projeto com atuações impressionantes. Uma atuação digna de nota é de Leandro Firmino da Hora como Zé Pequeno, o cruel marginal que desde criança tinha sede de sangue.

            Um filme ficcional com respaldo documental e que consegue impactar por, ainda que romanceando, discorrer sobre uma tragédia social ocorrida já há alguns anos e, que, gera emoções confusas, pois apesar de todo impacto sabemos que a situação atual é bem pior que a descrita no filme.

Cotação: ****

                                                                                                                                                         Lourival Sobral


Dicas da semana:
(Período de 01/09 - 06/09/2002)

Em Má Companhia (Bad Company, Joel Schumacher, 2002) - Durante uma operação da CIA, o agente designado (Chris Rock) é assassinado e seu irmão gêmeo é chamado para substituí-lo, mas se revela um grande problema pelo seu temperamento de espalhafato que o faz uma piada como agente secreto.

            Um agente mais experiente e com um certo ar britânico (Anthony Hopkins) é trazido a trama para lhe dar parâmetros e apoio nessa missão e acaba por estabelecer uma daquelas típicas relações conflituosas de parceiros diferentes em filmes americanos.

            Um típico filme da fase atual da carreira de Anthony Hopkins que é recheada de tramas flácidas, sem grande conteúdo e recheadas de clichês, mas que sob a batuta do competente profissional Joel Schumacher até merece uma ida as salas de cinema.

            Não se pode esperar muito desse filme, apenas mais uma bem produzida aventura policial com toques de comédia americana, recheada de lugares comuns e que, na média, acaba conseguindo o seu intento de engrossar o cartel de obras cinematográficas a serem consumidas e exportadas dentro dos Estados Unidos e no muito inteiro.

            Uma curiosidade é ter sido este filme um dos últimos filmes a ter cenas gravadas no World Trade Center.

Cotação: ** ½

K-19 (K-19, The Widowmaker de Kathryn Bigelow, 2002) - Capitão de um submarino russo tenta evitar catástrofe nuclear que pode causar uma guerra mundial e questiona todo o desmonte da máquina de guerra da extinta União Soviética que deixa enorme poderio nuclear sem boa manutenção e, por vezes,  a critério de interesses particulares escusos .

            Um filme dirigido pela diretora Kathryn Bigelow que continua carregando em seqüências de ação de enorme esforço físico para seus atores e dublês e que não tem na sua dupla central Harrison Ford e Liam Neeson o ideal para tais seqüências.

            O grande interesse da fita é ser baseada numa história real pintada com as tintas do americanismo ainda mais reforçado após o ataque terrorista de setembro de 2001 e que, via de regra, perde a imparcialidade ao focalizar incidentes ocorridos em terras estrangeiras.

Cotação: **

                                                                                                                                                          Lourival Sobral


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