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- CINEMA -
(Crítica - Outubro / 2002)

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Dicas da semana:
(Período de 26/10/02 - 01/11/2002)

Estrada Para Perdição (Road to Perdition, 2002), de Sam Mendes - Vai chegando o final do ano e começam a estourar os lançamentos que buscam a premiação da Academia de Hollywood. A safra foi iniciada com ótimo “Estrada para Perdição” do diretor, oscarizado por “Beleza Americana”, Sam Mendes.

        Tom Hanks (Mike Sullivan)  vive um gangster que vê sua família ser esfacelada pelo filho do seu patrão, que o criou como filho, quando seu filho mais velho testemunha um assassinato. O filme traz a sua luta por vingança e para proteger o filho que lhe restou e o resgate de sua relação com seu filho.

        O filme tem ótimas seqüências de ação com momentos eletrizantes, mas o que traz cor ao filme é que todos seus personagens são multidimensionais, numa trama que não se ressente de surpresas, dando margem ao divertimento leve e a análises mais aprofundadas em que todos os personagens são dignos de um segundo de reflexão sobre eles.

        O diretor Sam Mendes demonstra a competência já demonstrada na sua feliz estréia e faz excepcional uso do roteiro baseado nas histórias do premiado roteirista de quadrinhos Max Allan Collins e transforma as cenas em momentos vivos, criando um clima de suspense e drama psicológico de exuberante eficiência, sabendo usar dos recursos que tinha em mãos e, em especial, do seu ótimo elenco.

        Como Mike Sullivan, Hanks caminha para mais uma indicação ao Oscar e tem um de seus melhores momentos na tela grande, faz um personagem difícil que tem que combinar humanidade e frieza durante toda a história, dominando a ação e transmitindo toda um naipe de sentimentos que os acontecimentos trouxeram a seu gangster sem caminho outro a seguir senão a vingança.

        O elenco coadjuvante é recheado de performances excelentes seja pelas brilhantes aparições de Stanley Tuccy e Jennifer Jason Leigh, ou do menino Tyler Hoechin, mas os grandes destaques estão nos excepcionais trabalhos de Paul Newman, vivendo o gangster chefe e Jude Law, numa composição de tipo raramente vista no cinema atual, como o esquisito dublê de assassino de aluguel e fotógrafos de cadáveres.

        Um filme que chega para abrir a temporada dos grandes lançamentos do ano e engendra um filme extremamente moderno em sua concepção visual e no tom reflexivo do seu roteiro, mas com um certo ar retrô dos grandes filmes clássicos policiais americanos.

Cotação:****

                                                                                                                                                         Lourival Sobral


Dicas da semana:
(Período de 19/10/02 - 25/10/2002)

A Paixão de Jacobina, de Fábio Barreto - Uma grande produção cinematográfica quando é equivocada expõe feridas e problemas de toda uma indústria e esse “A Paixão de Jacobina” serve para ilustrar bem essa situação.

        Um filme caro que queria como protagonista a supermodelo Gisele Bundchen, vivendo a líder de comunidade religiosa que abalou o sul do país, que teria pretensões a alto vôos por seu tema, sua estrela e qualidade de produção, resultou num grande tombo na carreira do diretor Fábio Barreto.

        Um filme monocórdico com uma interpretação canhestra de Letícia Spiller, em alguns momentos chega a ser risível sua Jacobina, tantos os esforços para lhe gradar e relevar a figura da personagem. Um roteiro que busca o épico, o fantástico e só não pode ser comparado a regular adaptação da vida de Joana D’Arc de Luc Besson, pois seria reduzir a qualidade do francês.

        Deve-se ressaltar apenas a presença de Thiago Lacerda, que consegue transitar neutro no mar de interpretações tenebrosas que ocupam tempo na tela grande, e consegue realizar um trabalho que ao menos aceitável.

        O filme ainda encontra forte concorrência no pequeno clássico dos anos 70, que narrou a tragédia do grupo da seita Farrabrás, onde Jacobina foi vivida pela excelente atriz sulista Marlise Sauressig (a mãe de Ana Terra na minissérie global  “O Tempo e o Vento”). Um filme semi-documental e com poucos recursos, mas que eternizou a dimensão da personagem magistralmente interpretado por Sauressig, que hoje se dedica a uma fábrica de brinquedos pedagógicos.

        O diretor Fábio Barreto aposta no luxo de sua produção, na dimensão natural ou não de seus cenários e esquece do roteiro, direção de elenco e enquadramentos que captem emoção, tudo parece preparado para cenas de impacto, que de tão amontoadas perdem o sentido, além dos impagáveis transes da personagem de Letícia Spiller digna dos atores de filmes B de terror dos anos 40.

        Um exemplo do que não deve ser um filme comercial, não resiste a dez minutos de exibição, ainda mais quando se pretendia tratar do senso de realidade de uma comunidade ímpar na historiografia do sul do país, importante elemento do desenvolvimento histórico da região que deixa rastro até hoje nas lembranças e no vocabulário local.

Cotação: BOMBA!

                                                                                                                                                        Lourival Sobral 


Dicas da semana:
(Período de 12/10/02 - 18/10/2002)

Ônibus 174, de José Linhares 2002 - Documentário em tom humanista sobre a tragédia ocorrida em junho de 2000 no ônibus da linha 174 no Rio de Janeiro, quando após tornar refém todo um ônibus, um assaltante e uma das reféns foram assassinados numa ainda mal explicada ação policial.

            O documentário é fartamente ilustrado com imagens, depoimentos e consegue imprimir um tom de reportagem reflexiva sobre o evento, sem perder o norte da simplicidade narrativa e as diversas dimensões que o fato pode ser visto a depender do ponto de vista.

            O jovem que escapando do massacre da Candelária viria a se tornar o seqüestrador do ônibus é tratado como um sobrevivente, mas também não é absolvido.

            Um documentário que emociona, informa e reflexiona sobre um fato conhecido, mas que tem em suas entranhas, diversas histórias que, ao serem contadas, parecem gradar a uma universalidade que ultrapassa a imagem de um fato comezinho de violência das grandes cidades.

Cotação: ****

Possessão (Possession, de Neil LaBute, 2002) - O diretor LaBute, inimigo número 1 das feministas americanas, autor do libelo sexista e ótimo filme “Na Companhia dos Homens” vem fazer um filme com um roteiro mais tradicional e, ainda que haja espaço para seus petardos sobre a guerra dos sexos, perdeu o tom radical.

            A paixão de dois interessados em literatura que se apaixonam ao tempo que estudam o romance de dois poetas vitorianos e estabelecem relação com esses personagens e servem a LaBute para expressar a imutabilidade das relações humanas em sua profundidade.

            O elenco onde se destacam Aaron Eckhart, alter ego  de LaBute, Gwyneth Paltrow e Jeremy Northam não consegue demonstrar na tela a complexidade da história e especialmente Northam, decepciona, pois apesar de acostumados a personagens de época, parece não encontrar o tom do seu personagem prejudicando sua colega Jennifer Ehle.

            Um filme de um diretor que, domado pelos limites dos grandes estúdios ou de um esteta, perdeu seu ponto conceitual a ter nas mãos uma verba orçamentária maior e exigências maiores de bilheteria e com isso não soube lidar. Essa é a história por trás de “Possessão”

Cotação: ** ½

                                                                                                                                                         Lourival Sobral 


Dicas da semana:
(Período de 05/10/02 - 11/10/2002)

Scooby Doo de Raja Gosnell 2002  - A adaptação para o cinema do clássico desenho de Hanna Barbera, apesar da expectativa de seus inúmeros fãs, já tinha um jeitão de bomba cinematográfica, seja pela dificuldade de adaptar para a tela grande com pessoas um desenho animado com animais articulados, seja por ser difícil conseguir um bom roteiro que consiga fazer crível as aventuras do cachorro boa praça e seus amigos.

            A trama optou pelo caminho mais simples, uma trama que busca o caminho das historietas da televisão: a galera do “The Mystery Machine” - o furgão da turma - é chamada para resolver o mistério do desaparecimento da prima de Salsicha (vivido pelo esquisitão Mathew Lillard) e a trama se desenvolve linearmente alternando as deduções de Velma, o jogo de gato e rato com o vilão, a solução final.

            O elenco é especialmente ruim, Freddie Prinze Jr. é Fred e se antes era apenas um visual bonito tentando a vida em filmes adolescentes, agora chega a ser engraçado de tão forçado a caricatura do seu personagem, Sarah Michelle Gellar (Daphne) não tem o charme da personagem animada, mas consegue ao menos ter a leveza que se espera de Daphne; Mathew Lillard que usa sua experiência em filmes trash, parece ser o único a se aproximar do Salsicha original, fazendo inclusive boa dupla com o Scooby. A bela Linda Cardelini (Velma) tenta copiar a sua referência animada e é tudo que consegue.

            Um filme que vale pela curiosidade e pela nostalgia e, para aqueles que assistirem a versão dublada, a extraordinária perfomance do comediante Orlando Drummond (o Seu Peru da Escolinha do Professor Raimundo) que repete o seu trabalho que é referência de qualquer brasileiro que assistiu a algum dos episódios de Scooby Doo.

Cotação: **

Loucuras na Idade Média (Black Knight), de Gil Junger 2001 - A aventura de um americano urbano que se vê transportado ao século XIV e as possíveis confusões que esse choque cultural pode gerar. Essa é história desse “Loucuras na Idade Média”, filme feito para utilizar o sucesso do comediante Martin Lawrence.

            É impressionante como os americanos gostam de Martin Lawrence que através de comédias grotescas e filmes policiais violentos consegue manter uma média de pelo menos um filme por ano e sempre com razoável sucesso de bilheteria e até alguns grande hits como o terrível “Vovó...Zona”.

            Um filme para os possíveis fãs do comediante Lawrence que se vale de gags visuais de mau gosto e piadas pouco criativas para conquistar algumas gargalhadas de quem se dispõe a assistir seus produtos cinematográficos.

Cotação: *

                                                                                                                                                          Lourival Sobral


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