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- CINEMA -
(Crítica - Novembro / 2002)

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(Período de 23/11/02 - 30/11/2002)

Fale com Ela (Hable con Ella), de Pedro Almodovar 2002 - O último filme do cineasta espanhol Pedro Almodovar, lida com dois homens que tem os seus grande amores em coma e a parceria e cumplicidade que se estabelece entre eles e a história de suas vidas que confluíram no hospital em que acabam por se conhecer.

        Benigno (Javier Cámara, estupendo) é um enfermeiro que se dedica vinte e quatro horas por dias a cuidar de uma jovem, Alicia (Leonor Watling), por quem nutria uma paixão platônica antes do acidente automobilístico que a levou ao coma.

        Marco (Dario Gradinetti) vive um romance com Lydia (Rosario Flores), uma toureira que sofre um acidente em plena arena e guarda para si a verdade dos seus sentimentos sobre a relação de ambos, tendo o jornalista vivido por Gradinetti como seu acompanhante fiel no hospital.

        As tramas se revestem de pequenos momentos de humor, uma performance iluminada de Geraldine Chaplin e nenhuma de suas cenas são perdidas na trama, sempre vêm ao serviço da história ou a ressaltar o universo de Almodovar, nada no filme é dispensável.

        Um roteiro leve, mas conciso e profundo, agradável aos mais diferentes paladares e que tem uma trama repleta de reviravoltas e surpresas que surpreendem e aumentam o grau de prazer cinematográfico daqueles que se aventurarem.

        Um elenco profissional e competente que responde ao uso que o diretor faz de suas imagens reforçam e muito a força do filme, especialmente os já citados, Cámara e Chaplin, brilhantes, mas todos carregam seus  personagens com a força que eles lhe exigem.

        Almodovar mais uma vez acerta a sua receita e ainda brinda os brasileiros com Caetano Veloso cantando ao vivo com Cecilia Roth (Tudo Sobre Minha Mãe) e Cecilia Roth (De Saltos Altos) na platéia e uma belíssima tourada ao som de Elis Regina - cantar um bolerão rasgado como só Elis sabia fazer.

Cotação: **** ½

                                                                                                                                                           Lourival Sobral 


Dicas da semana:
(Período de 16/11/02 - 22/11/2002)

Dragão Vermelho (Red Dragon), de Brett Rattner 2002 - O escritor Thomas Harris criou o seu mais famoso personagem, Hannibal Lecter, em “Dragão Vermelho” e que ganhou fama mundial quando do já clássico “O Silêncio dos Inocentes", que ainda geraria um filho mais novo e menos brilhante, “Hannibal”.

        O filme conta a história do agente do FBI, Will Graham (Edward Norton), que anos após capturar o terrível canibal imortalizado por Anthony Hopkins, recorre a Hannibal para desvendar a alma de um novo serial killer que está em ação.

        O filme se desdobra em três frentes: a atividade do serial killer vivido por Joseph Fiennes, a investigação em si e a relação do agente com o Dr. Hannibal e sua família. Elas convergem como a receita dos bons filmes americanos para uma seqüência final previsível.

        O roteiro do premiado Ted Tally (“O Silêncio dos Inocentes”) tenta realçar demais a figura do personagem de Hopkins e acaba por perder o ritmo da trama e é confuso ao explicar os porquês do serial killer , mas segue magistralmente alguns dogmas do suspense e consegue, ao final, um bom resultado.

        A direção de Bret Rattner (Um homem de Família) é burocrática e utiliza primariamente os recursos que lhe são dados por uma superprodução, inclusive exigindo pouco do seu excepcional elenco, recheado de estrelas de peso cinematográfico.

        O elenco é o ponto alto do filme, pois lá estão alguns dos rostos mais talentosos da arte de representar que falem inglês, Norton supera sua idade inadequada com talento; Hopkins consegue ser crível, mas também está na idade errada e parece cansado de representar; Philip Seymour Hoffman, faz mais uma de suas brilhantes performances coadjuvantes; Ralph Fiennes, arrisca com talento o seu assassino serial, mas a fleugma britânica sempre se deixa transparecer e; Emily Watson, para alguns a melhor atriz de cinema atual, sustenta seu pequeno papel da cega com o talento que dela se espera.

        O filme perde muito com a primeira versão feita para o cinema e pouco vista realizada pelo hoje conhecido Michael Mann (“Ali” e “O Informante”) e que por contar com um elenco de pouca fama pode realizar um filme enxuto, dando a cada um o peso que a trama do livro de Harris lhe concedia e não deixando o filme cair no seu ritmo.

        Um filme que necessita atenção dobrada para se conhecer realmente os detalhes mínimos que informam com antecedência o desenrolar da trama, mas que serve tanto ao gosto rebuscado dos apreciadores de tramas complexas, como aquele que vai ao cinema em busca de duas horas de entretenimento leve e diversão.

Cotação: *** ½

                                                                                                                                                           Lourival Sobral


Dicas da semana:
(Período de 09/11/02 - 15/11/2002)

Dívida de Sangue (Blood Work) de Clint Eastwood 2002 - Durante os últimos anos da década de 80 e toda a última década Clint Eastwood construiu uma carreira de diretor acima da média com ótimos filmes como “Bird”, “Coração de Caçador” e o superpremiado “Os Imperdoáveis”.

            Os anos também chegaram para o eterno Dirty Harry e ele inclusive os assumiu com bom humor no agradável “Cowboys do Espaço”, mas agora ele tenta resgatar o policial durão que parecia aposentado para sempre, ainda que não cometendo o erro de esquecer sua faixa etária.

            Clint vive Terry McCaleb, um agente do FBI aposentado que sofreu um ataque cardíaco quando perseguia um serial killer obcecado por ele e acaba de fazer transplante de coração, estando em recuperação.

            A trama realmente se inicia quando a irmã da doadora do coração de McCaleb o procura e pede que ele descubra quem teria assassinado sua irmã num assalto aparentemente banal a uma delicatessen e ele, que resiste num primeiro momento, acaba se envolvendo no caso.

            O filme se desenvolve com algumas reviravoltas forçadas e com o elenco cumprindo seu trabalho de forma burocrática, inclusive com uma conclusão das mais canhestras dos últimos tempos no cinema americano, que não é dos mais criativos, por conceito.

            O Clint diretor também não escapa do seu próprio filme e se mostra cansado para melhores planos, embora haja duas interessantes seqüências de perseguição e alguns bons momentos de enquadramento, o que não serve a salvar o filme do lugar comum.

            O roteiro de Brian Helgeland , do ótimo “Los Angeles - Cidade Proibida” e do subvalorizado “O Mensageiro”, não consegue o mínimo de verossimilhança do interessante livro de Michael Connelly, fazendo uso de diálogos quase pueris e mal concatenados.

            Um filme que traz Clint Eastwood aos tempos dos seus filmes de ação, agora sem o glamour de seus 40 anos, sem grandes atrativos e pouco inspirado, mas na média atual é perfeitamente assistido por qualquer público que não tenha grandes exigências ou expectativas autorais.

Cotação: ** ½ 

                                                                                                                                                          Lourival Sobral


Dicas da semana:
(Período de 02/11/02 - 08/11/2002) 

Sinais (Signs), de M. Night Shymailan 2002 - O diretor Shymaialan sempre tentou conciliar em seus filmes, especialmente nos seus dois grandes sucessos “O Sexto Sentido” e “Corpo Fechado”, os ingredientes necessários para se fazer um bom filme de suspense com proposições metafísicas e espirituais próprias de sua formação.

            “Sinais” explora os desenhos em plantações que, por vezes, aparecem nos lugares mais diferentes do mundo em contraposição a um reverendo que está vivendo uma crise de fé após a morte de sua esposa.

            Mel Gibson vive o reverendo que encontra na sua fazenda os tais sinais e crê que se trataria de uma brincadeira de mau gosto de filhos de um vizinho e o desenrolar da história demonstra que realmente serem os tais desenhos obras de extra terrenos.

            O reverendo e seu irmão (Joaquin Phoenix) são confrontados com seus medos mais profundos e a história se desenvolve na ação que seria a invasão intergalática e o aprofundamento da crise interna dos personagens envolvidos na tragédia pessoal do reverendo, ou seja, seus filhos, o motorista causador do acidente e a pequena comunidade interiorana americana da qual ele faz parte.

            O diretor Shymailan conduz a ação casando essas duas linhas com sua habitual técnica para o suspense e consegue um resultado interessante, especialmente nos primeiros dois terços do filme, onde não há a necessidade de conclusão das tramas e com isso os dois viés não se tocam.

            O terço da conclusão acaba resultando insatisfatório pela necessidade de fundir os sentimentos dos personagens num todo coerente. Ainda que linearmente os protagonistas se resolvam plenamente com os acontecimentos, uns criativos, outros um tanto forçados que acontecem nesse espaço de tempo.

            O elenco pequeno e eficiente cumpre bem seu papel e tem bons momentos, especialmente o menino Kierin Culkin, impressionante como o filho asmático de Gibson e sustenta bem a trama, redimensionando as dores dos personagens no caos que se instala com a possibilidade de fim dos tempos.

            Um filme que é uma boa diversão com qualidade, um interessante exercício dos lugares comuns do cinemão comercial a serviço da proposição de questões metafísicas mais aprofundadas, mas que só captura a parte do público que nessa faceta do filme ficar interessado.

Cotação: *** ½

                                                                                                                                                          Lourival Sobral


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