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(Crítica -
Janeiro / 2003)
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Dicas da semana:
(Período de 25/01/2003 à
31/01/2003)
Femme Fatale, de Brian de Palma, 2002 - Brian de Palma tem uma carreira irregular que comporta grandes sucessos e fracassos de bilheteria e público, os mais variados temas e demonstração de agilidade com sua câmera e outras de completa debilidade criativa e estilística.
O projeto de Femme Fatale já trouxe um ótimo thriller que em alguns segundos trazia todo o filme concentrado, sem que se entendesse o que estava acontecendo exatamente, mas chamando a atenção e aguçando o público.
Estrelado por Antonio Banderas e Rebecca Romijn Stamos, o filme narra a história de uma ladra sensual, Rebecca, que arma o crime audacioso e tenta fugir de seus parceiros, Banderas acaba cruzando o seu caminho, dificultando seu intento.
De Palma por vezes soa estiloso, mas não se pode negar que utiliza a perfeição os recursos do cinema atual para enlouquecer a trama, sem entretanto perder o fio da meada, gerando um atraente filme que prende seu público e surpreende inúmeras vezes por não oferecer soluções e respostas que seriam as mais esperadas nas tramas em geral.
Um filme assumidamente menor e que por ousar dentro da sua medida, resulta interessante e é diversão garantida.
Cotação: ***
Doidas Demais (The Banger Sisters), de Bob Dolman, 2002 - O delicioso confronto da realidade de duas amigas de juventude que tem posturas completamente diferentes frente a vida, a louquinha parada no tempo vivida por Goldie Hawn e a ajuizada mãe de família de Susan Sarandon, brincam com suas realidades e opções de vida.
O filme do diretor estreante Bob Dolman não julga as posturas das duas mulheres, abre o leque de opções e resulta sempre divertido ainda que abuse da mesma piada durante sua duração.
As duas atrizes, ancoradas na presença do ator Geoffrey Rush, têm a chance de brilhar e especialmente Goldie Hawn (merecidamente indicada ao Globo de Ouro) tem um bom roteiro a seu serviço fato raro nos últimos anos e abusa de sua persona, roubando cena após cena, transbordando de charme e simpatia a sua confusa personagem.
Uma diversão ligeira e com uma característica rara na filmografia atual, uma comédia ligeira de tom adulto, bom roteiro e ótimas interpretações.
Cotação: **1/2
Lourival Sobral
Dicas da semana:
(Período de 18/01/2003 à
24/01/2003)
Thornberrys - O Filme (The Wilde Thornberrys Movie), de Jeff McGrath e Cathy Malkasian, 2002 - O canal de televisão americano Nickelodeon se destacou por ter uma programação divertida e culturalmente responsável, prezando o politicamente correto - em tudo de bom e ruim que encerra o termo - e a construção de um pensamento que prezasse questões como ecologia e/ou paz mundial.
O primeiro desenho de longa metragem traz a série Thornberrys, uma família de exploradores que vive na África em que a filha Eliza desenvolve o hábito de falar com os animais e passa a ser uma espécie de porta-voz dos mesmos, sempre enfrentando as mazelas da caça predatória e o progresso sem sustentabilidade ecológica.
Os animadores não escolheram o traço limpo da Disney, optam pelo frenético, pelos tipos quase caricaturais e envolvem o público em sua história, tentam capturar as crianças e, não só conseguem, como encantam os adultos.
Uma agradável surpresa de férias que vai quebrar a onda de lugares comuns e filme com pouco o que dizer e informar aos jovens, bom cinema, boa diversão e conteúdo saudável e construtivo, ainda que nem sempre a conjunção disso tudo seja necessária para agradar platéias.
Cotação: ***
Amores Parisienses (On Connait la Chanson), de Alain Resnais, 1997, França - Enfim chega aos cinemas um dos maiores sucessos do mestre Alain Resnais, um bela comédia dramática que faz uso de velhas canções para pontuar sua trama e elucidar boa parte das emoções de seus personagens que vão se desnudando frente a tela.
O roteiro dos atores/autores Agnes Jaoui (diretora de “O Gosto dos Outros”) e Jean Pierre Barcri explora a vida de alguns personagens que circundam três irmãs com os mais diferentes conflitos e mantém um ritmo e percepção da realidade extraordinários.
Os atores se servem de seus personagens e da intimidade de trabalhar com Resnais, a maioria é constante nos últimos filmes do diretor e parecem se divertir em cena, mesmo nas seqüências dramáticas que como tudo no filme não é superficial, apenas o parece em sua leveza cênica e na conjugação com as canções.
Reunir grande parte dos bons atores franceses de meia-idade num filme é só para quem já assinou obras como “Hiroshima Mon Amour” e pode oferecer o luxo de ter em papéis de tamanho coadjuvante grandes atores como o premiado André Dussolier (Cesar, de Melhor Ator por “Amores Parisienses”) e Sabine Azema.
Divertido e complexo, provavelmente muito mais para os franceses, já que boa parte das canções guarda relação com a vida deles, mas que pode ser usufruído sem medo por qualquer público interessado por bom cinema, roteiro de qualidade e toque de um mestre que ainda revela a genialidade que o sustenta no cenário cinematográfico há quarenta anos.
Foi lançado na televisão por assinatura com o título “Aquela Velha Canção”.
Cotação: ****
Lourival Sobral
Dicas da semana:
(Período de 11/01/2003 à
17/01/2003)
Doce Lar (Sweet Home, Alabama) de Andy Tennant 2002 - Quando um ator ou atriz atinge um status de ser bom de bilheteria, normalmente começam a chegar os roteiros mais simples onde ele/a possa repetir traços de seus personagens anteriores que angariaram simpatia popular e muitos dólares de bilheteria.
A ótima Reese Whiterspoon (“Eleição” e “Legalmente Loira”) começa a cair nessa armadilha no filme que narra a história de uma estilista de sucesso que ao ser pedida em casamento por seu noivo belo e milionário (Patrick Dempsey, de comédias como “Aluga-se um Namorado”), acaba tendo que revelar sua origem caipira e o fato de ainda estar casada com um sujeito bronco (Josh Lucas).
A trama é desenvolvida com todos os enlaces e desenlaces que questões como triângulo amoroso, choque cultural entre campo e cidade e lembranças do passado podem gerar e Reese pode ser a variação de suas mais famosas personagens sem acrescentar muito de novo ao seu currículo.
O diretor Tennant responde ao que lhe foi pedido, realiza uma fita sóbria para entretenimento, que necessita apenas de boa dose de disposição do público para aceitá-la, mas dificilmente forjará o que naturalmente não consegue, ser uma pequena comédia que ficará na memória da audiência.
Cotação: ** ½
Planeta do Tesouro (Treasure Planet), de Ron Clemens e John Musker - Uma versão de “A Ilha do Tesouro”, clássico livro de Robert Louis Stevenson, que se passa no espaço e tenta modernizar os conflitos aumentando as doses de tensão e ação que envolvem a trama, sempre com um acabamento moderno.
A história do adolescente que descobre um mapa do tesouro que acaba sendo o alvo de duas facções que participam de uma expedição para encontrá-lo já teve melhores veículos que esse desenho animado, mas a sua química parece permanecer mesmo quando não abordam sua história de forma mais conveniente.
Um desenho animado que por vezes abusa de cenas fortes, mas que no todo é mais um bom produto comercial da leva de filmes feitos para a criançada e os adolescentes em suas férias de verão que enchem as filas e as salas de cinema.
Cotação: ** ½
Lourival Sobral
Dicas da semana:
(Período de 04/01/2003 à
10/01/2003)
Ali, de Michael Mann, 2001 - Quando o diretor Michael Mann, após o seu sucesso de crítica “O Informante”, resolveu filmar a vida de Muhammad Ali se esperava um épico de grandes proporções que daria a seu intérprete, Will Smith, um Oscar de melhor ator.
O Filme narra a criação do atleta e do mito, Cassius Clay, e se alonga em longas três horas de exibição, onde o ritmo é perdido em vários momentos e Mann, por vezes, parece não saber o que é essencial para contar sua história.
Will Smith cumpre sua missão, realiza o grande personagem na medida exata, mas sem o brilho extra que torna alguns personagens inesquecíveis na memória do público.
O elenco é equilibrado e tem grandes atuações de John Voight, com merecida indicação ao Oscar, e, especialmente o jovem astro Jamie Foxx, que rouba cada pedacinho das cenas que lhe foram entregues.
Um filme que exige paciência por sua duração longa, mas que é bem filmado, explicadinho, tornando o resultado final, para quem se interesse por seu personagem, interessante.
Cotação:***
Lúcia e o Sexo (Lucía y el sexo), de Julio Medem, 2001 - A história de uma jovem viúva que parte numa viagem a fim de descobrir o sentido de sua vida após a sua recente viuvez e desperta para um mundo de impressões e sensações de todo tipo é contada pelo diretor Julio Medem ( “Terra” e “Os Amantes do Círculo Polar”) com muita delicadeza.
Paz Vega vive Lucía e revela a incrível capacidade de demonstrar nela uma fúria vital, ao tempo, que sua personagem também vivenciava o luto interno da perda do companheiro e utiliza bem seu corpo para compor esse quebra cabeças feminino.
A cinematografia de Medem é difícil para alguns gostos, mas é inegável sua vocação para belas imagens e idéias que, por vezes parecem confusas, são complexas e exploram diversos campos do conhecimento humano e de como emocionalmente estamos envolvidos no mundo que nos rodeia.
Um difícil e interessante exercício de cinema com uma bela em plena forma e com temas que farão pensar, mas sem nenhuma intenção de didatismo.
Cotação:
*** ½
Lourival Sobral
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