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- CINEMA -
(Crítica - Fevereiro / 2003)

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Dicas da semana:
(Período de 22/02/2003 à 28/02/2003)

Deus é Brasileiro de Cacá Diegues - Uma deliciosa comédia que narra a história fantástica do dia em que Deus desce a terra em busca de um santo que lhe pudesse render em suas férias, narrando os revezes dessa procura e o confronto com a realidade do país em meio a problemas sociais e belezas naturais.

            O Deus (Antônio Fagundes) é aquele pai estressado que se acha exigido demais e, ao tempo que parece cansado, se revela simpático e um quê de complacente com sua criação, entende os artifícios humanos e até revela uma simpatia pelos artifícios de sobrevivência do brasileiro.

            Amparado no malandro de bom coração Taoca (Wagner Moura) e em Madá (Paloma Duarte), uma esperta moça que deseja seguir para São Paulo, a viagem acaba por viajar por paisagens distintas do país, verificando a pobreza absoluta e exploração capitalista, mas sempre com um olhar esperançoso e solidário para com o povo brasileiro.

            Cacá Diegues é um diretor cuja a obra é irregular, passando dos ótimos “A Grande Cidade” e “Chuvas de Verão” a filmes sofríveis como “Quilombo” e “Tieta do Agreste”, trabalha com a idéia da identidade nacional e revisa nesse filme seu outro road movie  “Bye Bye Brasil”, fazendo uma leitura toda sua dos efeitos do progresso e como, por vezes, eles influenciam, mas não necessariamente graduam a qualidade de vida das pessoas.

            O desenvolvimento da trama é claudicante, mas há alguns diálogos memoráveis que se vale do excelente elenco para tornar a trama interessante e utiliza bem o clima de sua base literária “O Santo que não acreditava em Deus” de João Ubaldo Ribeiro para realçar seu clima de brasilidade e leveza.

            Antônio Fagundes está tocante vivendo seu personagem divino, tem a medida do seu texto e sabe usar as palavras para fazer perfeito o clima de suas cenas; Wagner Moura é perfeito em seu malandro Taoca, é tocante e engraçado; Paloma Duarte é a beleza graciosa, na medida da brasilidade do filme.

            Um filme com defeitos, mas uma ótima diversão, com deliciosa trilha sonora e um resultado final que agrada e deixa aquela sensação de ter visto um agradável exercício cinematográfico, que supera seus eventuais problemas com uma mensagem positiva e produção impecável.

Cotação: *** ½

Lourival Sobral           


Dicas da semana:
(Período de 15/02/2003 à 21/02/2003)

Gangues de Nova York (Gangs of New York), de Martin Scorsese, 2002 - A gênese de uma grande cidade não escapa de episódios dramáticos e se o nome da referida cidade for Nova York teremos por natureza a confluência dos excluídos de boa parte do mundo se encontrando para dar a feição da “Big Apple” que hoje conhecemos.

            Martin Scorsese situa seu épico no conflito entre Amsterdan Vallon (Leonardo di Caprio), filho de um pastor que foi mártir na luta da integração dos irlandeses e demais estrangeiros com os “nativos”, como se denominavam os nascidos nos Estados Unidos chefiados por William “The Butcher” Cutting (Daniel Day Lewis, o outro pólo do conflito, assassino do pai de Amsterdan, o Priest Vallon, Liam Neeson.

            Um duelo mortal marcado para acontecer a partir da primeira seqüência, mas que oferece na tela muito mais, Scorsese integra de forma soberba o conflito entre os protagonistas e seus seguidores, o romance de Amsterdan com Jenny Everdane (Cameron Diaz) e o embaralhado cenário americano envolvendo a Guerra da Secessão, imigração em massa, explosão racial.

            Um ritmo alucinante que toma a tela com belíssimas tomadas da uma pretensa Nova York de então, fruto de fantástico trabalho de reconstrução que conseguem tornar a tela um espetáculo deslumbrante, com ágil trabalho de câmera e planos pouco prováveis nos dias de criatividade sofrível.

            O excepcional elenco formado por alguns dos grandes atores do cinema atual (John C. Reilly, Jim Broadbent, Brendan Gleeson) tem a linda e talentosa presença de Diaz, que a cada filme bom que faz parece demonstrar mais e mais talento, o DiCaprio voltando a ser o ótimo ator pré-Titanic e, um dos grandes desempenhos do cinema em anos, Day-Lewis numa explosão de talento.

            Scorsese num ambiente épico consegue manter sua marca, seus temas e seu jeito de filmar, embora numa seara mais ampla que costuma abordar em sua filmografia, um dos melhores trabalhos seus, e até pelo esforço de décadas para realizá-lo, mereceu o resultado final.

Cotação: **** ½

Lourival Sobral          


Dicas da semana:
(Período de 08/02/2003 à 14/02/2003) 

A Onda do Sonhos (Blue Crush), de John Stockwel, 2002 - Um filme de surfe que se diferencia por abordar com alta doses de romantismo o universo das surfistas que também se aventuram nas ondas ao redor do mundo.

            Um filme que tem em seu elenco algumas boas atrizes, especialmente a ótima Vanessa Martinez, mas que se perde por tratar o tema sem grandes pretensões e sem encontrar o nível de plasticidade que um filme sobre esportes exige.

            O diretor Stockwel é pouco criativo, transforma o já fraco roteiro num amontoado de amenidades, fazendo apenas mais um filme que constará em algum acervo televisivo e vai ser exibido em qualquer tarde ou final de noite sem grande interesse do insone que se arrisque a assisti-lo.

            Um filme que cumpre sua missão de filme de verão, invadir as telas com imagens leves e música alta, cujo o roteiro, boa direção e desenrolar interessante são coisas absolutamente dispensáveis, o que importa é o clima de se estar a assistir um filme bonito.

Cotação: **

O Terno de Dois Bilhões de Dólares (The Tuxedo), de Kevin Donovan - Um motorista de táxi que se torna agente secreto, essa é a a base da trama que tem em Jackie Chan seu maior trunfo, usando e abusando do carisma do lutador/ator em encantar uma parte do público em muitos dos países do mundo.

            A trama é recheada de ação frenética e por vezes, sem muita lógica. O que vale é agilidade, rapidez, algumas piadas rápidas e sempre as lutas ensaiadas de Chan, que suprem o desejo de seus fãs em vê-lo em ação, numa história simples.

            O diretor Donovan cumpre a tarefa de conduzir um projeto que apareça bem feito na tela e nada mais, cabe a ele montar certinho, dirigir certinho, ou seja, foi um competente operário do cinema, sem nada a acrescentar.

            Um filme de férias para os fãs de Jackie Chan, se esperar algo mais o público sairá decepcionado, se buscar exatamente isso, vai adorar e recomendar o filme.

Cotação: * 1/2

Lourival Sobral           


Dicas da semana:
(Período de 01/02/2003 à 07/02/2003) 

O homem do ano - O que você faria se Deus lhe aparecesse em forma de gente, na hora e no local mais inesperados? Partindo dessa pergunta, João Ubaldo Ribeiro escreveu um conto e Cacá Diegues acaba de lançar um filme. O título, para os dois (por herança), é o mesmo: "Deus é brasileiro". Longe de ser uma unanimidade, o longa, que tem Antonio Fagundes e Paloma Duarte no elenco, é um dos mais eloqüentes retratos das belezas naturais brasileiras.

            Um mundo de águas e de desertos, de flora e de fauna, de fenômenos meteorológicos e de elementos humanos. Só pela fotografia já teria valido a pena. Apesar da dupla global (que se sai muito bem, diga-se de passagem), "Deus é brasileiro" revela também, em definitivo, o talento de Wagner Moura. O ator baiano, formado em teatro, já havia participado de "Abril despedaçado" (2002) e de "As três Marias" (2002), mas é graças à química com o todo-poderoso que ele se consagra em toda a sua habilidade. Embora os realizadores considerem a comparação despropositada, Wagner Moura encarna Taoca: uma variante do malandro nordestino típico, celebrizada recentemente, em tela grande, por Matheus Natchergaele, o eterno João Grilo. É esse Brasil, o da exuberância paisagística, o dos tipos riquíssimos, que compõe o panorama traçado por Carlos Diegues e sua fita. 

            Anos-luz da "estética da fome", propagandeada pelo Cinema Novo (que ajudou a fundar), o diretor de "Xica da Silva" (1976) não se sente comprometido com antigos cânones - e parte para a celebração do Brasil das disparidades, dos paradoxos, das incongruências. Conta que, há muito tempo, não se divertia tanto filmando. A técnica está presente no domínio completo da narrativa, ainda que os planos sejam variados e os cortes sucessivos. "Deus é brasileiro" é, assumidamente, um road movie. O espectador, se embarca na viagem, se sente completamente dominado pelos efeitos combinados (alguns de pós-produção), emergindo para a realidade só no final da sessão. Além do virtuosismo imagético, há também as escolhas acertadas para a trilha sonora, que passa por Djavan e Villa-Lobos, conferindo destaque ao Cordel do Fogo Encantado (que, aliás, faz uma ponta). O Carlos Diegues que, nos anos 90, se dividia entre a retomada cinematográfica e a influência da televisão parece ter se realizado plenamente em "Deus é brasileiro". Um sentimento que tende a se confirmar na recepção calorosa por parte do público (ainda que a crítica refugue um pouco).

Matéria especial - "Digestivo Cultural"   


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