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- CINEMA -
(Crítica - Março / 2003)

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Dicas da semana:
(Período de 22.03.2003 à 31.03.2003)

Oscar 2003 - Véspera da entrega do principal prêmio do cinema e, ao que parece, teremos a consagração de um musical após 1968, quando “Oliver”, dirigido por Carol Reed, surpreendeu e levou a estatueta central.

Os indicados nas principais categorias:

Melhor filme:

1-       Chicago (13 indicações) - O agradável musical dirigido por Rob Cohen, levando para a tela grande, a versão musical adaptada e coreografada pela marca indisfarçável de Bob Fosse, nos últimos meses fez valer o seu favoritismo e dificilmente perderá a estatueta. É o grande favorito.

2-       O Pianista (7 Indicações) - A saga do pianista em meio a segunda guerra mundial no gueto de Varsóvia acabou por tornar-se a segunda opção, caso a Academia não opte por “Chicago”. Um filme com méritos narrativos e históricos e, ainda, ao gosto da comunidade judaica que mantém a máquina do cinema americano.

3-       As Horas (9 Indicações) - Aparece como terceira força, amparado em inúmeros prêmios da crítica americana e do Globo de Ouro de melhor filme dramático. Um trabalho excelente do hábil diretor Stephen Daldry que se apoiou nas suas três grandes estrelas.

4-       As Gangues de Nova York (10 Indicações) - O controverso épico de Martin Scorsese perdeu terreno nos últimos meses, visto a divisão dos críticos americanos que amaram ou odiaram o filme.

5-       O Senhor dos Anéis - As Duas Torres (6 Indicações) - Se a primeira parte recordista em indicações não conseguiu tirar o prêmio do apenas razoável “Uma Mente Brilhante”, numa competição mais forte o show de adaptação de Peter Jackson não deve ter maiores chances.

Favorito: Qualquer outro que não “Chicago”, será uma grande zebra.

Quem merecia: Não dá para afastar o belíssimo trabalho de Roman Polanski no ótimo “O Pianista”.

Quem faltou: O belo e ousado “Longe do Paraíso”do polêmico Todd Haynes.

Melhor Ator:

1-       Daniel Day Lewis - (Gangues de Nova York) - Retorna ao cinema após longo afastamento num meticuloso trabalho de composição com o seu Billy, The Butcher, um trabalho meticuloso, mas que por vezes tem um quê de artificial. Já vencedor por  “Meu Pé Esquerdo” (1989) e indicado por “Em nome do Pai” (1992), merecia ter no currículo ao menos duas outras indicações por “O Lutador” (1997) e “A Insustentável Leveza do Ser” (1988).

2-       Jack Nicholson (As Confissões de Schmidt) - Era favoritíssimo, até Day Lewis aparecer e lhe roubar a cena. Caso vença estará recebendo seu quarto prêmio. Já vencedor por “Um Estranho no Ninho” (1975), “Melhor é Impossível” (1997) e Laços de Ternura (1983).

3-       Adrien Brody (O Pianista) - Vivendo o punk em “O Verão de Sam” (1999) foi cogitado para estrear na competição mais famosa do cinema, mas só agora com seu meticuloso trabalho dramático conseguiu e mantém chances reduzidas, mas alguma esperança.

4-       Nicolas Cage (Adaptação) - Após vencer por “Despedida em Las Vegas” pareceu que seu prêmio havia sido um acidente do destino, pois passeou por filmes ruins e interpretações precárias, se recuperando com esse interessante trabalho onde vive os gêmeos roteiristas de forma brilhante.

5-       Michael Caine (O Americano Tranqüilo) - Recebendo sua sexta indicação, tendo vencido nas duas vezes em que foi indicado como coadjuvante por “Hannah e suas Irmãs”(1986) e “Regras da Vida” (1999), provavelmente não será essa brilhante performance do jornalista britânico na que desvenda os mistérios da atuação americana na Guerra da Indochina que lhe trará o prêmio.

Favorito: Com cinco grandes interpretações na disputa Day Lewis, após vencer o prêmio do Sindicato dos Atores (SAG) parece imbatível, ainda que Nicholson mantenha sua força.

Merecia vencer: Aqui nenhuma vitória seria injusta, mas é inegável que o novato Brody, em meio aos figurões, seria a uma escolha mais que justa.

Quem merecia: Num ano de grandes atuações Sam Rockwell por “Confessions of a Dangerous Mind” e Campbell Scott por “Roger Dodger” poderiam estar na disputa.

Melhor Atriz:

1-       Renee Zellwegger (Chicago) - Se no ano passado seu trabalho em “O Diário de Bridget Jones” não foi reconhecido, nem seu grande trabalho em “A Enfermeira Betty” foi indicado, desta vez a sorte lhe sorri e Roxie Hart, a simpática assassina, pode lhe trazer a estatueta. Por ter vencido o SAG, prêmio dos sindicato dos atores parece ser a melhor opção.

2-       Nicole Kidman (As horas) - Antes indicada por “Moulin Rouge”, tem na sua interessante recriação de Virginia Woolf uma grande chance de ganhar o prêmio, parecia abrir vantagem mas Zellwegger hoje parece mais perto da vitória.

3-       Julianne Moore (Longe do Paraíso) - A melhor atriz americana da última década parecia destinada, enfim, à vitória, mas, ao que parece, o mesmo que ocorreu com suas indicações “Boogie Nights”(1997) e “Fim de Caso” (2001) quando mesmo merecendo não venceu.

4-       Diane Lane (Infidelidade) - A bela da geração “brat pack” foi morar na Austrália e se afastou dos grandes filmes. Impressionou com a sua esposa adúltera que num dia de ventania se apaixona por um livreiro francês, numa interpretação que durante meses ficou na memória do público e crítica americanos.

5-       Salma Hayek (Frida) - Sua tenacidade em produzir o filme e seu belo trabalho de representação já foram recompensados com sua indicação e as outras cinco que o filme recebeu. Seria o grande azarão se viesse a vencer.

Favorito: Renee Zellwegger tem boa vantagem, mas não se pode afastar a vitória de Kidman e, num rasgo de extremo bom gosto, a vitória da campeã dos críticos Julianne Moore.

Mereceria vencer: Julianne Moore, se o mundo fosse justo levaria dois Oscars nesse domingo para fazer companhia a mais alguns que já deveria ter em casa,mas como o mundo não é...

Quem faltou na lista: Meryl Streep por “As Horas” que acabou prejudicada por ter a personagem mais contemporânea, mas num trabalho excepcional. Se fosse elegível, ninguém no mundo poderia negar qualquer prêmio a Isabelle Hupert em “A Professora de Piano”.

Direção:

1-       Rob Cohen (Chicago) - Na onda do seu filme e contando com o prêmio dos sindicatos dos Diretores, tem contra si, apenas, o fato de não ter uma extensa carreira e atribuírem boa parte da força do seu musical ao espírito de Bob Fosse.

2-       Martin Scorsese (Gangues de Nova York) - Grandes chances para um grande mestre, ainda que seu épico tenha dividido opiniões. Em grandes filmes indicados ou não, acabou derrotado. Seria agora?

3-       Pedro Almodovar (Fale com Ela) - O Prêmio para um mundo que ainda não foi dado a um diretor, num ano de disputa sem grandes favoritos poderia acontecer.

4-       Stephen Daldry - Dois filmes, dois grandes sucessos de crítica, boa recepção de público. Tudo pode levar o britânico Daldry a estatueta.

5-       Roman Polanski - Não seria em meio a guerra, que Polanski seria perdoado pela comunidade americana a lhe oferecer um prêmio pessoal.

Favorito: Rob Cohen pela onda “Chicago” e Scorsese pela carreira lutam cabeça a cabeça. A Miramax adoraria ver Scorsese reconhecido e o investimento de “Gangues....” retornando a seus cofres.

Quem Merecia: Almodovar, sem dúvidas tem o grande trabalho entre os indicados.

Quem faltou: Phillip Noyce com dois belos filmes num mesmo ano “O Americano Tranquilo” e o independente “Rabbit Proof Fence”.

Lourival Sobral            


Dicas da semana:
(Período de 15.03.2003 à 21.03.2003)

O Pianista (The Pianist), de Roman Polanski, 2002 - A trajetória do pianista Wladyslaw Szpilman que sobreviveu ao gueto de Varsóvia e a anos de clandestinidade durante a segunda guerra mundial é o tema do filme que traz de volta Roman Polanski ao reconhecimento de seu talento autoral.

            Magistralmente vivido por Adrien Brody (de “O Verão de Sam”), Wladek é atropelado pelos fatos e desce todo inferno vivido pelos judeus na Polônia e parece sempre está por perto do cenário dos acontecimentos importantes, sendo testemunha ocular de muitos fatos.

            Polanski dá o toque pessoal ao fundir suas memórias de habitante do mesmo gueto com o personagem central e, em alguns momentos, se perde em didatismos para tentar pintar com colores fortes as agruras e dores que chegavam aos judeus do gueto.

            O filme, entretanto, não se torna uma chata lição de história, é vibrante em seu protagonista, que vive a guerra interiorizadamente e fisicamente, suas dores ultrapassam sua própria história e tocam o público.

            As histórias do gueto de Varsóvia e da sociedade polonesa subjugada e, posteriormente, se rebelando contra os nazistas fazem Polanski narrar a história com agilidade, mas sempre com a idéia do contraste, do choque, muitas vezes passando longe da delicadeza narrativa, entretanto sem comprometer o resultado final, talvez por tratar de questão tão dramática.

            Um filme que cumpre sua função de épico, mas que tem no homem que viveu a história a sua grande força, é a história de um povo vivida por um homem que com sua aguçada sensibilidade, sentia algo a mais sobre tudo aquilo que o cercava.

            A Academia de Hollywood reconheceu a qualidade do filme indicando-o para inúmeros prêmios entre eles, filme, direção, e ator, todas elas mais que justas. O filme ainda foi premiado com a Palma de Ouro no Festival de Cannes 2002, demonstrando que, ainda que uma narrativa tradicional, é possível realizar filmes ousados no resultado e centrados em um ator pouco conhecido, mas de enorme talento.

Cotação: ****

 Lourival Sobral          


Dicas da semana:
(Período de 08.03.2003 à 14.03.2003)

Cristina quer casar, de Luis Villaça - Cristina (Denise Fraga) está com 34 anos, sem perspectiva profissional e pessoal e recorre a uma agência de casamentos, em busca de satisfação pessoal e financeira.

            O triângulo amoroso por Cristina, o dono da agência (Marco Ricca) e seu pretendente (Fábio Assunção), se estabelece e as situações sempre confrontam seus protagonistas.

            Uma comédia ligeira, com forte influência da dobradinha que Denise Fraga e Luís Villaça fazem no “Retrato Falado”, que sofre por ser previsível em suas situações e que não consegue vislumbrar em seu roteiro muito a ser desenvolvido.

            O elenco repleto de bons e reconhecidos atores, com destaque para Suely Franco e Rogério Cardoso, cumpre bem a missão de realizar um filme despretensioso no nível de razoáveis comédias importadas que fazem algum sucesso em nossos cinemas.

            O charme de Denise Fraga e a competência de Marco Ricca, entretanto, não consegue impedir que o tédio de sua duração excessiva chegue ao espectador, que espera a obviedade por incontáveis minutos de cenas sem qualquer função na trama.

            Um filme para constar na lista dos filmes lançados ocupando espaço no mercado que, em boa hora, começa a ser preenchido com filmes nacionais de qualidades.

Cotação: ** ½

O Americano Tranqüilo (The Quiet American), de Phillip Noyce, 2002 - Uma interessante adaptação do livro homônimo de Graham Greene levada a tela com competência por Phillip Noyce e tendo no brilhante desempenho de Michael Caine e no carisma de Brendan Fraser seus principais trunfos.

            Repórter inglês (Caine) trava contato com jovem americano (Fraser) no Vietnã em processo de independência da França e vivem um triângulo amoroso com o jovem vietnamita em meio ao conflito instalado.

            Um filme que acabou por tornar-se atual por discutir os métodos e a presença americana nos conflitos mundiais, sempre com uma visão extremamente inglesa sobre todos os atores do palco de guerra: americanos, vietnamitas e franceses.

            Noyce surpreende com um belo trabalho de direção, ousando nas seqüências de ação e tendo em Caine em performance excepcional, inserido numa história empolgante, repleta de reviravoltas empolgantes e, por vezes, chocante.

Cotação: ****

Lourival Sobral             


Dicas da semana:
(Período de 01.03.2003 à 07.03.2003)

Adaptação (Adaptation), de Spike Jonze, 2002 - O diretor Spike Jonze saiu do mundo dos videoclips com seu ótimo “Quero Ser John Malkovich”, um roteiro bizarro e, exceto alguns pecadilhos narrativos, muito interessante que conquistou admiradores em diversas partes do mundo.

            Em seu segundo filme, Jonze reinventa o trabalho do roteirista de cinema, usando como protagonista o seu próprio roteirista Charlie Kaufman e seu irmão Donald (ambos vividos por Nicolas Cage) que em crise criativa e com dificuldades em desenvolver um roteiro sobre um livro sobre orquídeas, discute o trabalho do roteirista.

            Charlie (Cage) recebe a incumbência de adaptar para as telas o romance de Susan Orlean (Meryl Streep) que trata do descobrimento do universo das orquídeas pela autora/jornalista quando de seu encontro com John Laroche (Chris Cooper) que se embrenha nos pântanos em busca das flores.

            Enquanto Kaufman desenvolve seu roteiro, o livro é contado e ficamos entendendo a relação Susan e Laroche, ao tempo em que Donald (Cage) desenvolve um roteiro recheados de clichês e absurdos, levando seu irmão à loucura.

            A trama entretanto abandona os conflitos criativos e existenciais em seu terço final, envereda por um tom de aventura quando os irmãos se unem em função do roteiro e, embora um tanto absurdo, o final empresta ao filme algumas cenas básicas de atração cinematográfica, como se Jonze e seus roteiristas, respondessem com certa ironia ao conflito entre a formula pronta e a criação livre cinematográfica.

            O elenco tem em Cage o grande destaque, quando já se imaginava que seu Oscar por “Despedida em Las Vegas” poderia ter sido um equívoco, ele renasce com dois papéis complexos e extremamente bem representados, coadjuvado pela excepcional Meryl Streep e, do já merecedor de reconhecimento Chris Cooper (“Beleza Americana”, “Céu de Outubro”), ambos inclusive favoritos ao Oscar.

            Jonze volta a conquistar admiradores, e também detratores, com sua visão oposta do que se espera de um filme americano, reinventa o cinema e consegue uma pequena pérola merecedora da atenção do público que não é prejudicada nem pelo final que peca por verossimilhança, embora exigir isso de Jonze, seria tentar enquadrá-lo na mediocridade de que ele tanto foge. 

Cotação: ****

Lourival Sobral             


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