Ariel (Daniel Hendler), jovem judeu de ascendência polonesa, busca um passaporte que lhe permita viver na Europa e buscar novos rumos para sua vida de vinte e tantos anos, estancada junto com as perspectivas de futuro em seu país.

            O personagem central vive com sua mãe que é proprietária de um pequeno armarinho em um minúsculo e decadente shopping buenairense e ressente-se do abandono paterno que o abandonou ainda bebê e foi lutar na guerra do Yom Kippur e viver em Israel.

            Outros personagens do centro comercial também vivem suas pequenas histórias e buscam a sobrevivência e um algo mais de felicidade que lhes permita suportar a situação em que estão inseridos. As narrativas têm sempre um gosto amargo, mas que deixam, ao final, uma sensação de esperança que invade a platéia.

            O diretor Burman constrói o filme com base em sentimentos e consegue fugir da pieguice, armadilha que ameaça que ousa lidar com sentimentos humanos e buscar uma sinceridade na interpretação e nos pequenos dramas do cotidiano.  As soluções do roteiro são inteligentes e coerentes, nunca é criado um final feliz desnecessário e inverossímil.

            O premiado desempenho de Hendler é digno de nota. O ator conseguiu criar nuances num personagem que era apenas um rapaz comum que, em uma sucessão de episódios, tem que enfrentar um turbilhão emocional e rever suas intenções.

            Um filme delicado que emociona e mexe com o espectador pela identificação com os sentimentos impressos em cada fotograma.