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- ENTREVISTA -
Fernando Dias Ribeiro

A U T O M O B I L I S M O
ENTREVISTA - Fernando Dias Ribeiro

            O editor do Portal Brasil, Fernando Toscano, entrevistou, em 07.11.2004, com exclusividade, o campeão da Fórmula Russell de 2004, Fernando Dias Ribeiro:


Fernando Dias Ribeiro
1. O que é exatamente a Fórmula Russell? Por que no Brasil ela é ainda pouco divulgada?
            A Fórmula Russell é antes de tudo uma categoria-escola, pois é promovida pela mais conceituada escola de pilotagem do mundo, a Jim Russell Racing School, fundada na Inglaterra e com franquias espalhadas por todo o mundo. Uma das mais completas e profissionais é a dos Estados Unidos. No Brasil a Russell não deu certo basicamente por falta de mercado. Para manter uma escola de pilotagem economicamente viável é preciso muita criatividade e profissionalismo. A solução que a Russell encontrou foi verticalizar as varias atividades para minimizar os custos.

            Para começar eles tem uma linha de montagem de monopostos. Eles encomendam as peças de fornecedores, tais como chassis, motor, câmbio e componentes e montam os carros na própria escola. Os carros são equivalentes a um Formula Ford 2000 Inglês, com pneus slicks, asas dianteira e traseira, freio a disco nas quatro, amortecedores Koni. A diferenca está no motor Mazda de 2 rotores (rotativo) de 180 hps extremamente econômico e praticamente indestrutível. Este motor pode correr mais de 3 anos sem queda significante de performance e com manuten~ção mínima.

 

            A mão-de-obra (muito cara nos EUA) eles conseguem através de um programa de treinamento de mecânicos. Estes mecânicos são também entusiastas que querem correr, de forma que, ao mesmo tempo em que fazem o curso de mecânica, também competem num campeonato de Fórmula Russell só para mecânicos e ainda pagam para fazer o curso, alem de serem os próprios mecânicos que cuidam dos 20 carros da categoria nos dias de treino e corridas. Um exercito de mão-de-obra qualificada.

 

            O Campeonato da Fórmula Russell é a atividade da escola para chamar atenção e também colocar seus alunos em ação num ambiente competitivo. É um campeonato aberto, profissional, onde qualquer piloto de qualquer origem poder participar, desde que traga o patrocínio para pagar a inscrição. Muitos nomes famosos surgiram desta categoria, tais como Emerson Fittipaldi, Rick Mears, Jacques Villeneueve e outros. O campeonato reúne mais de 100 pilotos durante uma temporada, todos correndo pelo mesmos pontos mas divididos em grupos de 15 pilotos (A,B,C,D...) conforme colocação na tabela geral.

 

2. Qual a maior dificuldade encontrada por um piloto de 47 anos? Você acredita que existam favorecimentos? 

            Quem ainda corre com mais de 40 anos de idade é porque tem dinheiro sobrando e faz o esporte por hobby. Dificilmente uma equipe ou patrocinador vai querer investir num piloto de idade. Mas o que realmente define as possibilidades de um piloto é o quanto ele pode oferecer de performance dentro da pista (vencer corridas e campeonatos). Os maiores problemas de um piloto nestas condições é, em primeiro lugar, andar igual ou melhor que um piloto jovem. Logo a seguir é conseguir uma oportunidade de provar isso numa categoria superior como a Fórmula Indy por exemplo.

 

            Quanto a existir favorecimentos, se eu responder para você que sim eu vou ser expulso da Fórmula Russell no dia seguinte, pois esta é uma categoria fechada, um business, bem diferente de uma categoria organizada por uma federação por exemplo, na qual você chega com seu equipamento e corre. O que eu posso dizer é que a Fórmula Russell é um business, nos mesmos moldes da Formula Barber Dodge, Skip Barber e outras pelo mundo, onde todos os carros são fornecidos pelos organizadores. É uma coisa lógica que os organizadores vão preferir que um piloto jovem, de futuro e bom de braço seja o campeão, pois isso traz melhor retorno para a categoria. Não posso negar que muitas vezes me senti preterido e como um estranho no ninho.

 

3. Qual a sensação da conquista de mais um título?

            Todo piloto almeja vencer, assim como todo profissional em sua área busca ser o melhor. Este foi o primeiro ano que eu consegui fazer a maioria das provas (não participei de apenas 2 das 19). Consegui vencer na Master. Fico feliz pelo título que pode abrir as portas para que eu suba de categoria, que é realmente o meu objetivo.

 

4. Quais seus planos para 2005?
            Já adquiri um nível técnico que me permite correr competitivo na Super Mazda ou mesmo na Infiniti Pro Series. Sonho com esta oportunidade e estou trabalhando duro para conseguir patrocinio para correr numa destas categorias. Se não conseguir vou fazer mais um ano de Russell com o prêmio de campeão da Master. Se vencer também na geral, ganho de prêmio 2 corridas no nacional da Super Mazda.

 

5. Qual o custo de uma temporada completa nessa categoria?

            Mínimo de US$ 19 mil incluído seguro (sem direito a treino e sem acidentes). Para fazer com treino e tudo o que tem direito, US$ 40 mil (pelo menos um acidente médio).

 

6. Qual o retorno na mídia, dentro e fora dos EUA? Quem faz cobertura e qual a quantidade de público presente, em média? Há transmissões?

            Por ser uma categoria tão barata e fechada, não há como esperar que haja grande projeção na mídia, pois os organizadores não investem em divulgacao para público nesse sentido. É o piloto quem tem que fazer o retorno acontecer através de assessoria de imprensa. A ESPN patrocina a categoria divulgando resultados e de vez em quando transmitindo corridas, mas não ao vivo. O público se resume aos interessados no evento, principalmente amigos e familiares dos pilotos.

 

7. Você foi, na minha opinião, um dos melhores pilotos de kart de Brasília em todos os tempos. Qual a vantagem que um piloto de kart tem em relação a outro competidor que não teve essa experiência?

            O kart é a escola básica para qualquer piloto que queira chegar no topo das corridas de fórmula. É muito difícil para um piloto que não veio do kart competir contra os pilotos que vieram do kart dentro das categorias de monoposto (fórmula). No turismo, Nascar e outras a diferença não é tanta e com talento e treino dá para competir de igual para igual.

 

8. Qual seu relacionamento com caminhões? Detalhe essa informação.

            Quando cheguei nos EUA eu só corria, com o suporte de meus patrocinadores do Brasil e os colaboradores do projeto 1000 a 1000. Com a queda do Real diante do dólar e as dificuldades econômicas no Brasil eu acabei ficando sem recursos para continuar, foi aí que eu consegui o patrocínio de uma empresa de transporte nos Estados Unidos. Eles, além de me patrocinarem, me deram a oportunidade de aprender a dirigir caminhões enormes (Tractor-Trailer / Carretas). Foi aí que eu peguei experiência e toda vez que precisava de um reforço de caixa para continuar correndo eu pulava dentro de um caminhão e trabalhava duro. Por ironia do destino, guiar estes caminhões acabou se tornando um treino muito útil, principalmente no que diz respeito a usar o câmbio seco, passar marchas no tempo e freiar com o pé esquerdo simultaneamente. O que acontece é que nos caminhões o sistema de freios a ar leva de 1 a 3 segundos para reagir e entrar em ação. Para ser mais rápido nos circuitos e rotas eu pisava no freio com o pé esquerdo calibrando o sistema pneumático e quando chegava no ponto de realmente frear eu só dosava a pressão e vinha reduzindo as marchas no tempo sem embreagem e o monstro parava que nem uma criancinha num tempo muito menor. Imagina fazendo isso durante 6 meses, 7 dias por semana, 12 horas por dia. Voce acaba ficando "viciado".

 

9. O que você acha da Fórmula Truck no Brasil?

            Eu não conheço muito da Fórmula Truck no Brasil pois quando vim para cá a categoria estava apenas começando. Mas imagino que seja um grande sucesso e possa se tornar uma paixão nacional, principalmente no interior. Fico triste que nesta categoria não exista nenhum caminhoneiro de verdade competindo, desses que rodam o país inteiro debaixo de sol e chuva. Esses caras sao uns verdadeiros heróis anônimos. Você não faz idéia do sufoco que eles passam.

 

10. Há possibilidade de fazer a F-Indy, IRL ou Infiniti Pro Series ainda? O que você acha hoje da Stock Car Brasil?

            Sonho com a Infiniti e também com a IRL. São sonhos bem malucos aos olhos dos que entendem de automobilismo e sabem que é praticamente impossível a um piloto de 47 anos almejar tal coisa, mas como sonhar faz parte de minha fé, sigo em frente. Quanto a Stock Car no Brasil, é uma categoria rica e apaixonante, o melhor que temos, ideal para quem tem muita experiência no automobilismo mas já desistiu de tentar vôos maiores.

 

Leia tudo sobre a vida e a carreira do piloto no site http://www.gracers.com/ 

- Entrevista exclusiva concedida ao editor do Portal Brasil, Fernando Toscano, em 07.11.2004 -

 


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