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01 de agosto de 2006
A INDÚSTRIA DO CANUDO
Por Antonio Carlos
Evangelista Ribeiro
Colunista-Titular do Portal Brasil
Ao longo dos tempos, o ensino superior no Brasil, principalmente nos últimos anos, tem evoluído no aspecto quantitativo.
Como nação independente, temos um histórico preocupante na área educacional. O primeiro livro foi editado no País apenas em 1808, para marcar a fundação da imprensa nacional, o que significa que levamos 308 anos para editar o primeiro livro.
A partir daí, somente em 1922, foi criada a Universidade do Brasil, para atender mais a interesses políticos do que efetivamente a preocupação com o desenvolvimento da aprendizagem, do conhecimento e da cultura no País.
Apenas em 1934, mais de um século após a declaração de independência (07 de setembro de 1822), com a criação da Universidade de São Paulo – USP, de fato, o País ganhou uma universidade que efetivamente funcionasse.
Não se pode contestar o fato de que uma boa formação acadêmica capacita e habilita o indivíduo a exercer um papel mais efetivo na sociedade podendo contribuir mais ativamente para o desenvolvimento sócio-econômico e cultural da comunidade.
No cenário mundial, com a abrangência da tecnologia e a interação entre os mercados cada vez mais presentes pela globalização, pela tecnologia e pela competição entre países, o conhecimento é de fundamental importância para a defesa dos interesses nacionais e a sobrevivência das comunidades.
Nesse contexto, é lógico pensar que o indivíduo com boa formação acadêmica costuma conseguir melhores empregos, criar negócios, aperfeiçoar tecnologias e ajudar a melhorar a produtividade das empresas.
A carência de escolas públicas e privadas de ensino universitário no Brasil, a necessidade do Governo em expandir a oferta de escolas de ensino superior para atender demanda latente, melhorar a capacitação da população, principalmente dos jovens - futuros profissionais e empreendedores -, mostrou um mercado potencial.
Para uma melhor visualização do problema, há dois anos, o Ministério da Educação com base em resultado de estudo técnico divulgou que seriam necessários, durante os próximos cinco anos, investimentos no setor educacional da ordem de R$ 120 bilhões por ano.
O Governo Federal, os Estados e os Municípios investem hoje cerca de R$
50 bilhões ao ano no setor de educação.
Além disso, o ensino superior é bem mais oneroso que ensino fundamental. Segundo o pesquisador colombiano Alberto Rodriguez, no Brasil, o gasto público com um aluno do ensino superior é 12 vezes maior que o gasto com um aluno do ensino fundamental.
O Governo buscando compartilhar sua responsabilidade incentivou a criação de novas escolas superiores e, de fato, a ampliação da rede de ensino tem possibilitado o acesso a um maior número de pessoas ao ensino superior.
O brasileiro hoje dispõe de uma rede de ensino superior mais ampliada e melhor distribuída pelo seu território, apesar de existirem, ainda, regiões extremamente carentes, necessitadas de quase tudo, inclusive de ensino básico, quanto mais o ensino universitário.
Isso, aliado à precariedade e a escassez da estrutura pública de ensino superior e a falta de vontade política em investir na área educacional fez surgir a “Indústria do Canudo”.
Esse compartilhamento de responsabilidades, no meu ponto vista, ocorreu de forma atabalhoada, pouco organizada e transformando a nobre função de ensino, em um verdadeiro mercado. Podemos observar a priorização de lucro em detrimento da qualidade por grande parte das instituições de ensino particulares recém-criadas. Algumas delas até impressionam pelo poder comercial. São verdadeiros shoppings.
A proliferação de escolas de ensino superior no Brasil, nos últimos anos - algumas delas verdadeiras arapucas -, ocasionaram outros problemas que poderiam ser evitados se analisados de forma global considerando o macro sistema sócio-econômico.
Fazendo uma conta bem simples. Em uma metrópole de 2 milhões de habitantes, vamos imaginar que existam 10 turmas com 40 alunos distribuídas entre as instituições de ensino, com índice de aprovação de 90%. Isso significa que, a cada ano, são colocados no mercado 360 novos profissionais na área com cursos superior.
Pergunta-se: No mercado de trabalho quantas vagas da área são criadas ao ano?
Infelizmente, a oferta de profissionais é bem maior que a demanda. Se ampliarmos a amostra, vamos constatar que isso é um problema gigantesco, mas, é a nossa realidade.
Com toda essa preocupação em qualificação superior, até porque o mercado de trabalho também passou a exigir, esqueceu-se da especialização técnica de nível intermediário que certamente exigiria investimentos menores resultando em melhores padrões de eficiência.
Há
necessidade de se rever o projeto educacional brasileiro para oferecer ensino de
qualidade, preparando profissionais para o mercado de trabalho e não distribuir
canudos para apenas engrossar as estatísticas, sabendo, de antemão, que a grande
maioria dos formados com cursos superiores não encontrarão vagas no mercado de
trabalho nas suas áreas de formação. O Projeto
Educacional não deve ser estanque e sim parte de um Projeto Nacional coerente e
abrangente, considerando-se a realidade do País e as variáveis sócio-econômicas.
MATÉRIA AUTORIZADA
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