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16
/ janeiro / 2006
EBTIDA
Por Antonio Carlos
Evangelista Ribeiro
Colunista-Titular do Portal Brasil
Outro dia, em conversa com um colega de trabalho, questionávamos a finalidade
do índice chamado “ebtida ou ebitida”. Esse índice passou a ser observado
e considerado para avaliação de empresas na década de 90.
O Ebitda foi criado com a finalidade de mostrar aos acionistas e investidores o
potencial de geração de caixa de uma empresa e o potencial de um negócio.
Esse índice busca espelhar o montante de recursos financeiros gerado pelos
ativos operacionais, ou melhor, em outras palavras procura mostrar que se o negócio
explorado pela empresa é lucrativo ou não.
Esse parâmetro vem sendo cada vez mais utilizado, para avaliar as empresas e
sua capacidade operacional.
A sua metodologia de cálculo é simples. O ebtida é o lucro apurado antes das
despesas financeiras, dos impostos e da depreciação e amortização.
Os defensores do ebtida argumentam que esse índice proporciona a possibilidade
de analisar sozinho, se uma empresa tem condições de superar a concorrência
ou se está destinada a apresentar dificuldades sujeitas, inclusive, a
inviabilizar sua atividade. Dentre outros argumentos afirmam que o ebtida
permite usar o passado para estimar o futuro.
O nome Ebtida, vem do inglês. É a sigla utilizada para o Lucro Antes dos
Juros, Impostos, Depreciação e Amortização. Em português: Lajida.
Observa-se que o emprego desse índice é bastante utilizado por instituições
multinacionais, grandes e mega empresas.
Nesse nicho de empresas, a sua utilização, como
parâmetro balizador faz sentido.
Por serem empresas com filiais em vários países ou participarem de concorrências
de mercado internacionais e, até para a colocação de debêntures no mercado
externo, esse índice permite equalizar as empresas pelo critério
exclusivamente operacional, excluindo-se variáveis não padronizadas já que
cada País possui sua própria legislação e adota critérios particulares de
impostos, depreciação e amortização.
A apuração do ebtida não sofre influência das variáveis específicas de
cada país, como taxas de juros, regras de depreciação e, principalmente, as
complexas variações e exigibilidade entre as leis tributárias. Por exemplo:
no Brasil, a depreciação dos ativos pode ser contabilizada em até dez anos,
dependendo do item do imobilizado. Em economias de outros países esse prazo é
diferente, o que certamente distorce o montante de depreciação.
Desta forma, é mais um índice operacional. Útil, quando se tratam comparações
entre empresas sediadas em diferentes países, que tenham suas operações
globalizadas ou até mesmo para comparar desempenhos em diferentes filiais de
grandes corporações.
Simplesmente mais um índice operacional que, deverá ser avaliado no contexto
operacional como um todo e não isoladamente como apregoam seus defensores.
Esse conceito de índice operacional não se adequa à nossa realidade e, sua
utilização para apurar desempenhos de empresas genuinamente brasileiras,
sediadas e com suas operações centralizadas no território nacional, gera
discrepâncias.
A carga tributária brasileira, as taxas cobradas pelo Estado e pelas instituições
financeiras e os juros sobre empréstimos e financiamento praticados no Brasil são
elevados e não podem dissociados na avaliação de qualquer empresa.
Além disso, há que se considerar, ainda, que:
·
na
apuração desse índice não é considerado o endividamento da Empresa;
·
a
possibilidade de variação de critérios entre os Contadores, o que pode
acarretar grande flexibilidade quando da contabilização de despesas
financeiras e de depreciação;
·
tanto
o lucro líquido quanto o operacional vão depender bastante do ponto de partida
e dos critérios utilizados pelo Contador.
Portanto, podemos concluir que o ebtida é apenas mais um índice operacional
que pode ser analisado no conjunto dos demais índices para
subsidiar a análise empresarial de determinada empresa.
Devemos afastar a idéia de índice absoluto que, isoladamente, pode sinalizar o
sucesso de determinada ou negócio.
Poderá ser mais significativo na análise quando a empresa dispor de capital é
abundante e barato.
Em cenários econômicos onde se encontra elevada carga tributária, extorsivas
taxas de juros e crédito apertado, esse índice tem pouca utilidade.
MATÉRIA AUTORIZADA
EXPRESSAMENTE PELO SEU AUTOR
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