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01 de setembro de 2006
O ENSINO: SUAS METAS E CONSEQÜÊNCIAS
Por Antonio Carlos
Evangelista Ribeiro
Colunista-Titular do Portal Brasil
Nos dois últimos artigos: “A Indústria do Canudo” e “A Globalização e o
Ensino” procurei fazer uma análise superficial da situação sofrível do ensino no
Brasil e as causas que provocaram isso.
A qualidade de nosso ensino (fundamental, médio e superior) se perdeu. Rapidamente, nosso ensino se transformou e perdeu suas bases.
Hoje se concluiu o ensino fundamental sem conhecimento correto dos verbos, conjugações verbais, concordâncias, com um conhecimento de matemática e das demais disciplinas insuficiente.
A prioridade do Estado é mostrar, de forma estatística, que está erradicando o analfabetismo e disponibilizando a população, principalmente de mais baixa renda, o ensino fundamental.
Os órgãos financiadores como já vimos no artigo anterior, estipulam metas a serem cumpridas pelo Estado para justificar os recursos repassados e continuar obtendo financiamentos.
O Estado, por sua vez, para cumprir as metas, ajusta os critérios educacionais de forma a facilitar o atendimento das exigências dos financiadores. O aluno passa de ano automaticamente, passando por avaliações superficiais e com conceitos questionáveis, mais, cumpre-se a meta.
Qualidade?
Por várias vezes tomei conhecimento de erros crassos (Dicionário Houaiss - Derivação: sentido figurado tosco, grosseiro, rudimentar) de professores do ensino fundamental (de escolas públicas e particulares), em várias disciplinas.
Esses profissionais de hoje já são frutos da descontinuidade da base de ensino ocorrida na política educacional brasileira. Além disso, a remuneração recebida não o permite financiar seu auto- desenvolvimento.
Isso vai se avolumando. O aluno, com um ensino fundamental precário em qualidade (estrutura física e educacional), se habilita para o ensino médio.
Conseqüência direta: o ensino médio deixa a desejar em qualidade, já que o aluno não possui uma base sólida de conhecimento e, não raramente, tem grande dificuldade de acompanhamento das disciplinas. Por outro lado, há metas a cumprir de aprovação, sem que nelas esteja embutido o efetivo aprendizado.
Na seqüência têm-se o ensino superior. Um grande negócio.
Para comprovar essa teoria de desqualificação do ensino brasileiro, fruto da interferência na política de ensino do País, podemos observar o acontecido em recente episódio do “Aprendiz 3”.
Para quem não conhece um breve histórico: empresário gestor de conglomerado empresarial oferece vaga de emprego de aprendiz em uma de suas empresas, ao vencedor do programa. Os candidatos são pré-selecionados, através de currículo. Todos com currículo invejável, com pós-graduações e alguns com mestrado.
Após o cumprimento de uma tarefa, constatou-se em um texto, em inglês, mais de duzentos erros. Esse texto, redigido pelos candidatos, foi enviado a um cliente. O que você pensaria se recebesse de uma empresa um texto contento uma proposta de negócio nessas condições?
Observe-se que a vaga de aprendiz é para uma de suas empresas sediadas no exterior, portanto, o amplo domínio do inglês é primordial e foi uma das condições da pré-seleção.
Além disso, observa-se que maioria dos candidatos não possui domínio adequado dos conhecimentos que dizem ter e comprovam através de diplomas de graduação, pós-graduação e mestrado.
As situações criadas pelo programa, as soluções sugeridas e vivenciadas pelos candidatos mostram o efeito e as conseqüências da descontinuidade e das interferências na política de ensino.
A política de ensino precisa ser repensada. O Estado tem obrigação constitucional de prover o ensino, de boa qualidade. O ensino tem que ser moldado para suprir as necessidades do mercado de trabalho e não para cumprir metas dos órgãos financiadores.
Estamos incorrendo em um grande erro. Formando alfabetizados de luxo.
MATÉRIA AUTORIZADA
EXPRESSAMENTE PELO SEU AUTOR
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OS DIREITOS AUTORAIS DESSE TEXTO ESTÃO RESERVADOS AO SEU AUTOR
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