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- Direito & Defesa do Consumidor -
01 de abril de 2006

REPORTAGEM ESPECIAL:
Os crimes da Aracruz Celulose
Portal Brasil, reportagem (*)

            O governo sueco quer limpar suas mãos dos crimes ambientais e sociais praticados pela Aracruz Celulose e vai se desfazer de suas ações na empresa. Adota a medida após vigorosos protestos naquele país. A decisão sueca deve ser exemplo para o governo brasileiro, que tem obrigação moral de vender as ações (do BNDES) que possui da empresa. A opinião é de Paulo Henrique Vicente Oliveira, liderança Tupinikim. A informação de que a família real sueca se sensibilizou com as denúncias sobre as ações da Aracruz Celulose foi veiculada na imprensa mundial em janeiro pp., logo após violenta ação da Polícia Federal contra os índios em cumprimento a uma liminar da Justiça em favor da empresa. A decisão da Justiça não considerou inúmeras denúncias que lhe foram apresentadas de que a Aracruz Celulose tomara as terras dos índios durante a ditadura militar, e as vem explorando. E que as terras retomadas pelos índios foram estas, roubadas há décadas. Por sua vez, a Polícia Federal executou a missão, urdida no Ministério da Justiça, usando como base a "casa de hóspedes" da Aracruz Celulose, em atitude ilegal, para onde conduziu presos lideranças indígenas e funcionários da Funai. A Polícia Federal também usou de violência até contra índias idosas, grávidas e contra crianças indígenas, deixando 13 feridos a bala de borracha.

            A notícia da venda de ações da Aracruz Celulose pela família real sueca foi dada em primeira mão pelo jornalista Ricardo Boechat, âncora da Rede Bandeirantes. E todas as denúncias sobre os crimes da Aracruz Celulose foram divulgadas por Século Diário, que vem acompanhando de perto o drama dos índios explorados e agredidos pela empresa. Uma reportagem da "Século Diário" cobriu toda a violência praticada pela Polícia Federal (PF) contra duas aldeias indígenas em Aracruz, norte do Estado. A cobertura dos repórteres Flávia Bernardes e Bernardo Coutinho - mostrando ações violentas da PF e da Aracruz Celulose, que usou seus tratores para destruir as aldeias - deixou indignados defensores do meio ambiente e dos direitos humanos em vários países. O material divulgado contrastava com as notícias da mídia convencional do Estado, preparadas de modo a justificar a violência praticada contra os índios.

            Ilegal também foi a decisão do Ministério da Justiça de não dar ciência do mandado judicial ao Ministério Público Federal (MPF). Tampouco foi notificada a Fundação Nacional do Índio (FUNAI), órgão do próprio ministério. A ação gerou protestos de ambientalistas e de agentes sociais em todo o mundo. Foi a gota d`água para a decisão do governo sueco. Depois de críticas ferozes da sociedade sueca para a conservação da natureza e também da imprensa, a família real sueca decidiu vender as ações da Aracruz Celulose (a Aracruz é sócia igualitária da empresa sueco-filandesa Stora Enso na Veracel, construída na Bahia). O governo sueco considerou as acusações contra a Aracruz Celulose de destruir a floresta nativa, e de ignorar direitos humanas no Brasil. Na empresa de investimento Gluonen, os acionistas principais são a princesa Victoria, o príncipe Carl Phillip e princesa Madeleine. Foi divulgado na imprensa que Gluonen teve confiança na Aracruz Celulose de que a empresa era ambiental e socialmente sustentável. Mas mudou de idéia depois das últimas informações e decidiu vender suas ações. Os conservacionistas suecos ficaram satisfeitos com a decisão da Coroa sueca.

            Ao comentar a ação feita em favor da Aracruz Celulose pela Justiça e pela Polícia Federal e sobre a decisão da Coroa sueca, disse Paulo Oliveira: "Foi todo um ato de brutalidade da Policia Federal praticada contra nós, que somos donos da terra. E se for concreto que o governo sueco vai deixar a empresa é uma vitória para nós. Mostra a sensibilidade do governo daquele país, que é o que queremos do governo brasileiro", diz Paulo Henrique Vicente Oliveira.

            Dos índios, a Aracruz Celulose tomou cerca de 40 mil hectares de terras no Espírito Santo. Estudos da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) confirmam que a empresa se apropriou de 18.070 hectares de terras dos índios capixabas. Desses, os índios retomaram no ano passado 11.009 hectares apropriados ilegalmente pela empresa, e lutam por sua demarcação oficial. Paulo Henrique Vicente Oliveira lembra que a Aracruz Celulose tomou terras dos índios e dos quilombolas".

            Na implantação da Aracruz Celulose, durante a ditadura militar, em situação desfavorável para a celulose no mercado internacional o governo brasileiro assumiu a construção da empresa. Depois, com o mercado internacional reaquecido, praticamente doou a maioria das ações ao setor privado. A empresa mantém as ações do BNDES na empresa para facilitar a tomada de empréstimos a juros baixos, como ocorreu no Governo Fernando Henrique Cardoso, que financiou a ampliação da produção das fábricas no Espírito Santo, e no Governo Lula: este financiou boa parte da construção da Veracel. As ações do Governo que a empresa são também parte de sua estratégia de marketing: o governo tem que assumir parte do ônus de suas ações contra o meio ambiente e contra as minorias.

            O controle acionário da Aracruz é exercido pelos grupos Lorentzen (do empresário norueguês Erling Sven Lorentzen, casado com a princesa Ragnhild, irmã do rei Harald V,), Safra e Votorantim (28% do capital votante cada) e pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), como 12,5% das ações. A Aracruz Celulose é presidida pelo brasileiro Carlos Augusto Lira Aguiar, engenheiro químico, nascido em 1945, em Sobral, no Ceará.


(*) Matéria enviada ao editor-chefe do Portal Brasil, Fernando Toscano, por promotora de justiça, que pediu sigilo. A matéria foi editada e alguns dados suprimidos.


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