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C O L U N A     D E     E C O N O M I A
16 / fevereiro / 2006

A LIÇÃO DE CARVILLE
Por Marcos Cintra      

Durante as eleições de 1992 nos Estados Unidos o comando de campanha do candidato republicano George Bush apostou que poderia vencer o pleito explorando o resultado da guerra contra o Iraque. Eis que o estrategista político James Carville deu uma cartada decisiva para a vitória do democrata Bill Clinton utilizando quatro palavras. A célebre frase "Its the economy stupid" tornou-se emblemática para resumir que o que vale numa disputa política são os efeitos e expectativas das medidas na área econômica.

 

Ao que tudo indica, a lição de Carville foi assimilada pelo presidente Lula. Após colher derrotas políticas fragorosas e permanecer no centro de uma das maiores crises da história do país, o presidente busca salvar seu mandato com ações no campo econômico.

 

Chama a atenção o fato de o presidente se manter relativamente bem avaliado nas pesquisas de opinião mesmo com a forte crise que instalou em seu governo em meados do ano passado. O discurso da ética foi pelo ralo.

 

Para contrabalançar, foi intensificada a estratégia de adoção de medidas assistencialistas como o Bolsa-Família, que na realidade é uma unificação e ampliação de programas que já existiam antes. O montante transferido às famílias saltou de R$ 3,4 bilhões para R$ 6,5 bilhões de 2003 para 2005. O número de famílias atendidas passou de 3,6 milhões para 8,7 milhões nesse período. E deverá chegar a 12 milhões em 2006.

 

Na área habitacional foram adotadas medidas importantes para o setor. Em 2006 haverá expansão dos recursos para o financiamento de moradias. O montante destinado para o setor é da ordem de R$ 18 bilhões, sendo que apenas a Caixa Econômica Federal entra com R$ 11 bilhões desse total. Nunca o setor habitacional teve tanta disponibilidade de recursos financeiros. Trata-se de setor altamente absorvedor de mão-de-obra e, portanto, deverá ter impacto importante na taxa de emprego.

 

Aos micro e pequenos empresários o agrado veio sob a forma de elevação dos limites do Simples. No ano passado os valores para o enquadramento de empresas foram reajustados em 100%, atendendo a uma justa e antiga reivindicação empresarial. Porém cumpre citar que ainda há uma grande insatisfação no tocante à elevação das alíquotas do Simples. No entanto, o fato é que muitas empresas que antes eram tributadas pelo lucro real passaram a ter a opção de recolher seus impostos por um sistema que foi avaliado pelo Sebrae como ótimo ou bom por 83% das empresas pesquisadas.

 

Outra medida que atinge em cheio a população mais pobre é a desoneração do IPI incidente sobre a cesta básica de materiais de construção, em estudo no governo. Sabidamente a população de baixa renda constrói habitação por sistema de autoconstrução. Nesse caso o impacto dessa medida será rapidamente sentido pela população de baixa renda.

 

As mais recentes ações do governo na área econômica, ou melhor, em pontos da economia que o cidadão sente rápido em sua rotina diária, são o aumento do salário mínimo para R$ 350, aumento de 75% desde que Lula assumiu contra um IPCA de 25% no mesmo período, e a correção em 8% nos valores da tabela do Imposto de Renda. Ainda que não reponha a inflação registrada em seu governo, a correção da tabela terá impacto na renda disponível dos assalariados. Convém lembrar que, para recompor os valores da tabela do IRPF com base no IPCA, a atualização deveria ser de 13% quando se considera o período de 2003 a 2005 e de 58% de 1996 em diante.

 

O presidente Lula luta por sua sobrevivência política e age deliberadamente para aumentar seu cacife eleitoral. Fica a cada dia mais evidente que a podridão moral não é privilégio exclusivo do governo, como bem demonstram as novas listas de caixa dois de Furnas e os maldisfarçados acordos nas CPIs entre governo e oposição para se protegerem mutuamente dos respingos do lamaçal de corrupção e mentiras que estão vindo à tona. A questão ética nas próximas eleições fica cada dia mais enfraquecida e poderá não ser a arma letal que a oposição pensou que poderia ser.

 

Mesmo com a sensação de que o PT é igualzinho aos outros partidos que já estiveram no poder, as eleições podem ser decididas por medidas econômicas como as que o governo vem adotando.

 

A população pobre que recebe recursos do governo, o cidadão que tem mais chance de conseguir realizar o sonho da casa própria, o pequeno empresário que passa a gastar menos com imposto, o trabalhador que é beneficiado com ganho real no salário mínimo e paga menos pela cesta básica de construção e o empregado formal que embolsa um pouco mais de dinheiro por conta de ter menos salário retido na fonte podem fazer a diferença e confirmar que a economia é que faz a diferença na hora de depositar o voto na urna.

 

Na economia Lula está errando muito no atacado, mas acerta no varejo. Isso pode lhe dar mais quatro anos de governo.

 

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PUBLICAÇÕES AUTORIZADAS EXPRESSAMENTE PELO DR. MARCOS CINTRA
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