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A D E E C O N O M I A
16 / janeiro / 2006
COMÉRCIO NANICO
Por Marcos Cintra
Dados do Banco Mundial mostram que nos cinco primeiros anos deste século as exportações mundiais cresceram mais de 60% em termos nominais. Saltaram de US$ 5,5 trilhões em 1999 para US$ 8,9 trilhões em 2004.
A
crescente abertura da economia mundial vem aumentando o peso da atividade
exportadora como elemento dinamizador do crescimento econômico das nações. A
correlação entre a expansão do produto nacional e as exportações é cada
vez mais expressiva.
No
Brasil, as exportações vêm batendo recordes desde 2000 e os superávits
comerciais são crescentes desde 2001. Em meados da década de 90, a balança
comercial brasileira, que registrava saldos positivos desde 1981, tornou-se
deficitária. As importações dispararam, e em 1997 o saldo negativo atingiu o
pico de US$ 6,7 bilhões. Nos três anos seguintes, ele persistiu, mas foi
decrescente ano após ano. Em 2001, houve superávit de US$ 2,6 bilhões, e
desde então o fluxo comercial externo tem registrado saldo positivo e
crescente. O superávit saltou de US$ 13,2 bilhões em 2002 para mais de US$ 40
bilhões em 2005, e as exportações em relação ao PIB cresceram no mesmo período
de 4,5% para cerca de 6%.
A
balança comercial tem sido um dos sustentáculos do crescimento do PIB
brasileiro nos últimos três anos, sobretudo em 2004, quando a economia cresceu
quase 5%. A queda do PIB no terceiro trimestre de 2005 só não foi maior em razão
do desempenho positivo das exportações.
A
análise objetiva dos fatos mostra, contudo, que a triplicação do saldo
comercial e a duplicação das exportações entre 2002 e 2005 foram causadas
muito mais pela expansão da economia mundial do que pelos méritos da política
econômica interna.
Em 2003, o PIB mundial cresceu 4%; no ano passado, 5,1%. Para 2005, está prevista expansão na casa dos 4%. Países emergentes crescem entre 7% e 9%, há anos, como resultado da expansão de suas vendas externas. De 1994 a 2004, a Rússia aumentou suas exportações de US$ 67 bilhões para US$ 184 bilhões; a Índia, de US$ 25 bilhões para US$ 76 bilhões; o Chile, de US$ 11,6 bilhões para US$ 32 bilhões; a Argentina, de US$ 15,6 bilhões para US$ 34,4 bilhões; e a China, de US$ 121 bilhões para US$ 593 bilhões. No Brasil, o salto foi de US$ 43,5 bilhões para US$ 96,5 bilhões.
A
tabela acima mostra que, apesar de todo o alarde em torno da balança comercial
brasileira, ainda somos nanicos no comércio global.
Os
emergentes estão fazendo o Brasil comer muita poeira no comércio mundial. O
pequeno avanço previsto na participação brasileira em 2005 pode ser
passageiro, uma vez que a previsão da OCDE de crescimento de 9,1% do comércio
global em 2006 é superior à estimativa de crescimento das exportações
nacionais. Ademais, a armadilha criada pela política econômica no tocante ao câmbio
faz surgir o risco de perda de mercados.
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