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GESTÃO
DE MARKETING E NEGÓCIOS
01 / JANEIRO / 2007
DICAS DE BOAS MANEIRAS:
Noções de boas maneiras para secretárias liberais
Por Antônio Inácio Ribeiro
Colunista-titular do Portal Brasil e Diretor da Odontex, www.odontex.com.br
Imaginemos que duas secretárias tenham cursado a mesma escola, estudado nos mesmos livros e, para aumentar condições de igualdade, que tenham aprendido as mesmas coisas. Assim era no século passado, quando as pessoas eram mais ou menos iguais, faziam tudo mais ou menos da mesma maneira e ganhavam mais ou menos a mesma coisa. A revolução da Internet e a globalização mudaram radicalmente as aspirações no tocante ao desempenho profissional, fazendo com que quem emprega deseje “algo mais”. No passado, a primeira idéia que ocorria neste sentido era assédio sexual. No presente, esta é a última e, ainda assim, pode ser mal vista pelo empregador. O algo novo que está sendo buscado é o diferencial, aquilo que fará uma secretária ser melhor que outras e, em conseqüência disso, ser melhor remunerada, mesmo não sendo a mais bonita.
ETIQUETA
A função de secretária, embora de forma não explícita em sua descrição, traz
embutida em seus requisitos para o sucesso um forte componente de relacionamento
humano, mediante o qual pessoas são conquistadas e os clientes se tornam fiéis. Dentre as coisas que não são percebidas numa primeira análise está a forma de
atendimento ao público, incluindo noções de etiqueta e comportamento perante os
pacientes e o profissional. Sem pretender definir etiqueta ou dar curso de
“socialite”, procurarei, exemplificando, apresentar algumas sugestões para
melhorar o desempenho nesse sentido.
IMAGEM
Se a primeira impressão é a que fica, e as demais são as que marcam, é
importante que a secretária se preocupe todos os dias com o seu visual. Não
precisa ser uma candidata a modelo, mas não pode dar sinais de desleixo. Antes
de iniciar seu dia de trabalho, precisa olhar-se no espelho com olhos
cuidadosos. Se usar uniforme, verificar se o mesmo está completo e limpo em
todas as suas peças, principalmente os sapatos que, se vistos por baixo da mesa,
podem causar a impressão de falta de cuidado, mesmo que a sujeira seja
ocasional. Calças ou saias e blusas muito justas devem ser guardadas para
depois que o regime estiver concluído, pois além de marcar demais o corpo, tiram
a espontaneidade e limitam os movimentos. Maquiagem leve, ou mesmo o uso de
apenas um batom para realçar é um detalhe que faz diferença e que não passa
despercebido. Os cabelos devem ser presos e as unhas devem ser limpas e não
muito longas. Unhas pintadas com cores muito fortes ou unhas muito grandes são
inadequadas à função.
POSTURA AO
FALAR
Uma das tarefas mais freqüentes neste trabalho é a de falar com os clientes. Procure se policiar ou pedir para que alguém de confiança lhe informe se seu tom
de voz é o ideal. Algumas pessoas falam muito alto e, por isso, irritam; outras
falam baixo demais, fazendo com que, muitas vezes, haja a necessidade de repetir
o que foi dito. Se isto acontecer com freqüência, treine e se policie para
falar um pouco mais alto, procurando virar o rosto para a pessoa a quem você
está se dirigindo. Havendo música no ambiente, cuide para que ela esteja um
pouco abaixo de seu tom de voz e, como regra, procure falar num tom um pouco
acima do da música. Evite conversas particulares mais demoradas ao telefone
(mais de um minuto) quando houver paciente na ante sala (denominação melhor para
sala de espera, que dá uma idéia de que se terá de esperar), mesmo que você fale
baixo; inclusive porque, neste caso, o paciente poderá pensar que está falando
baixo porque ele não deve saber do que você está falando. Se acontecer, peça
para desligar, prometendo ligar mais tarde, quando o cliente já tiver entrado
para atendimento.
GESTOS
COMPLEMENTARES
Se a conversação for sobre assuntos objetivos e definidos, procure
complementá-la com gestos e alternar o olhar entre a pessoa com quem está
falando e o motivo da conversação. Por exemplo, ao marcar uma consulta ou
entrevista, quando estiver junto com o cliente escolhendo o horário, aponte os
horários disponíveis. Se for oferecer uma caneta para preenchimento de um
cheque, sinalize-a com a mão ou a alcance. Mesmo ao oferecer uma revista nova
para leitura, ofereça-a usando a mão para complementar, indicando-a. Ao chamar o
cliente para o atendimento, mesmo que sua função não seja de levá-lo até dentro
da sala clínica ou escritório, faça menção de acompanhá-lo, indicando inclusive
a direção da mesma, de preferência abrindo a porta para que ele entre.
FAZENDO
RELACIONAMENTOS
O lado social do seu trabalho é tão importante quanto toda sua rotina diária. A
criação de laços de amizade com os clientes ajuda na fidelidade que estes vão
ter para com o consultório ou escritório e aumenta a possibilidade de que
indiquem novos clientes. Para isso, você não precisa ser uma “tagarela”, que
fica o tempo todo contando a sua vida particular ou todo o capítulo anterior da
novela. É muito mais produtivo, quando o objetivo é envolver o cliente,
procurar saber detalhes da vida dele, suas preferências, e também as coisas de
que não gosta, as quais deverão sempre ser informadas ao profissional, na
ausência do cliente. Evite intromissões ou tentar saber detalhes da intimidade
do cliente, contentando-se, nessa área, em saber somente aquilo que ele
espontaneamente revelar. Se ele lhe confidenciar alguma doença de um parente,
pergunte a respeito nas consultas seguintes, demonstrando interesse. Na dúvida,
pergunte ao cliente sobre o que ele gosta de conversar, quais são seus assuntos
prediletos. Algumas preferências poderão ser anotadas na ficha do paciente,
fora do acesso deste, de forma que o profissional saiba também como agradá-lo
neste sentido.
LEMBRANDO
NOMES
Procure lembrar o nome completo do cliente. Quando ele tiver filhos, irmãos,
outros parentes e amigos que também sejam pacientes, pergunte por eles ou
comente que um deles esteve aí recentemente. Se algum deles deixar lembranças
para o outro, não confie na memória. Anote imediatamente na ficha do
destinatário da mensagem e, assim que este tiver uma nova consulta, dê o recado.
Procure saber mais da família do cliente, quantos irmãos têm, quem são seus
tios, primos, onde moram, o que fazem; pois isso ajuda a conquistar novos
clientes e o induz a pensar neles no consultório ou escritório e, eventualmente,
por associação de idéias, lembrar do profissional quando estiver falando com
eles. Se o cliente falar de filho ou mãe e estes não forem clientes, convide-os
a conhecer o consultório em uma próxima vinda. Se vierem, avise ao profissional
de sua presença, para que ele venha cumprimentá-los.
FORMA DE
TRATAMENTO
O ideal é que o (a) cliente seja sempre tratado (a) por senhor ou senhora, salvo
por orientação expressa do próprio cliente. Nesses casos, você pode ainda ter o
cuidado de tratá-lo mais algumas vezes de senhor, para confirmar que é de outra
maneira que ele prefere ser tratado. Caso ele insista, dizendo que já falou
para tratá-lo de “você”, desculpe-se dizendo que está acostumada a tratar a
todos desta forma. Na repetição da solicitação para tratamento não formal ao
cliente, não deixe de anotar esta informação na ficha, para que, nas próximas
consultas ou entrevistas, este seja o tratamento. Mesmo com os mais informais,
evite o uso de gírias de convívio familiar ou dos amigos de fora do trabalho. A
exceção são as gírias correntes, que sejam simples e facilmente compreendidas
por todos (por exemplo, “com certeza”); sendo, neste caso, importante não
utilizá-las em demasia, pois isso dá idéia de pobreza de vocabulário, que é a
característica principal das pessoas que usam gírias o tempo todo.
ABRINDO A
PORTA
Mesmo que o cliente seja antigo, considerado da casa, não deixe de levantar
assim que ele for sair. Faça os procedimentos de rotina, como a marcação da
próxima consulta ou entrevista, lembrá-lo do cheque a ser preenchido,
oferecer-lhe um táxi e mais um chá ou café. Isto feito, dirija-se com ele até à
porta, tendo o cuidado de se posicionar sempre do lado certo, de forma a abri-la
sem ficar diretamente na frente do cliente e ter de se movimentar, após a porta
estar aberta, para facilitar a sua saída. Em tom profissional, deseje-lhe “bom
dia” e diga “até a próxima”. Mesmo que esteja fazendo outra coisa importante,
lembre-se: nada é mais importante do que o cliente, nem mesmo um serviço
solicitado pelo profissional, que se avisado do motivo, entenderá. Esta última
impressão é a que fica e a que ele guardará até a próxima entrevista ou
consulta. Lembre-se de que um simples “tchau”, sentada em sua cadeira é o mesmo
que dar a entender, porque ele está indo, já não é mais tão importante. Isso
significa para o cliente o mesmo que sentimos quando um vendedor se esforça em
efetuar uma venda e, depois de conseguir, pouco se importa com a demora na
entrega ou com o pacote mal feito.
OFERECENDO
Chá, café e água devem ser oferecidos assim que o cliente chegar, de forma a
evitar que, no decorrer de sua espera, outros afazeres possam levá-la ao
esquecimento. No tocante às boas maneiras, não esqueça da bandeja ao servir,
lembre-se do suporte, caso seja servido algo quente em copos plásticos e se for
cliente de idade, coloque um guardanapo na bandeja. Se por acaso for necessária
alguma espera para preparar o solicitado, não esqueça de justificar a demora
pelo fato de ser preparado na hora. Querendo ou precisando evitar esta
situação, ofereça somente o que estiver disponível e no verão dê preferência ao
chá ou água gelados.
PARENTES
Tenha sempre na lembrança que esposa, filhos e pais do profissional, ainda que
“chatos” ou “espaçosos”, são peças importantes na formação do seu conceito
perante o mesmo, principalmente porque eles se encarregarão certamente de
comentar algo que não lhes tenha agradado, coisa que a maioria dos clientes não
faz.
Para manter o emprego, lembre-se: “Parente é como patrão, tem sempre razão”. Nunca tente impor limites ou regras aos parentes do profissional, porque, ainda que você tenha razão, ele, na maioria das vezes, irá se posicionar em favor dos parentes e sua imagem será inevitavelmente desgastada.
ASSÉDIO
SEXUAL
O assédio é uma situação desagradável, que deve sempre ser tratada com
tranqüilidade. Diga sempre, diante de uma suspeita de assédio, que seu marido
(ainda que você não tenha) é uma pessoa espetacular, e também que o seu chefe é
extremamente rígido quanto à postura, de forma a cortar o mal pela raiz. Não
brinque com fogo, porque mesmo tendo extintor de incêndio, um dia você vai se
queimar. Não alimente conversas com rodeio, não se faça de desentendida, porque
quem está atacando pode imaginar que sua ingenuidade ou indiferença podem ser
sinais discretos de consentimento. Se houver continuidade do assédio mesmo
depois de comentário claro de sua parte, diga delicadamente que irá comentar o
assunto com o Doutor, pedindo permissão, dando a entender que ele estará a par
do que está ocorrendo.
Em qualquer das situações tratadas acima, mantenha sempre a calma, procurando sempre pensar antes de reagir. Boas maneiras conquistam clientes e empregadores, além de serem garantia de emprego e de um dia-a-dia agradável no trabalho.
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