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R E L I G I Ã O
16
/ MARÇO / 2008

ESTER, DESORDEM, ENTROPIA E OBEDIÊNCIA
Por Bruno Aníball Peixoto de Souza, colunista do Portal Brasil

            LUIS BRUÑEL, o famoso diretor espanhol, aderiu ao movimento surrealista porque descobriu que o homem não era livre. Em verdade ele é escravo de seus delitos e pecados. Essa conclusão os surrealistas não alcançaram porque prelevavam os sonhos, queriam registrar a arte do subconsciente. Foram caçadores de fontes rotas, corrompidas, cuja beleza residiu em manifestar a própria miséria pela ausência de significado do nihilismo. Foram geniais ao revelarem ao mundo que se algo está errado é o homem se encontra desconectado da verdadeira liberdade.

            Nesse processo, romper é a chave mestra na busca de um real significado. Abaixo a autoridade estatal, a patriarcal, ou qualquer outra, importa insurgir. Em qualquer cenário, sempre haverá motivo para revolta. A sociedade se organiza e luta contra a desorganização, a entropia. A decadência torna inviável a convivência humana, daí mecanismos de pacificação de conflitos, mediante cortes, tribunais e outros.

            O relacionamento de pais e filhos talvez seja o mais vergastado neste processo, precipuamente na adolescência, onde a sublevação é diretamente proporcional à queda das amarras, dos aparatos de controle e da subjugação pela força. A entropia é inerente ao jovem adolescente. O que lhe é estranho é a submissão espontânea e volitiva, por convicção, porque é fácil detectar defeitos nos pais, manipula-los para justificar a rebeldia. O difícil é reconhecer que, com ou sem defeitos, nenhum ser humano ama mais o filho do que um pai e uma mãe e, mesmo inquestionavelmente falhos, ainda assim, aconselham o que sublimam ser o melhor, e usualmente é.

            O livro de Hebreus é precioso ao revelar que JESUS, o DEUS FILHO, aprendeu a obediência nas coisas que sofreu, porque em seu trono, plenipotenciário da essência de DEUS, inexistia a dor, a solidão, a angústia e o terror profundo da morte de cruz como óbices à obediência. Mas a obediência de JESUS até a morte, e morte de cruz, subjugou a morte e redundou em vida eterna aos que nasceram de novo pelo poder do ESPÍRITO SANTO DE DEUS, ao se entregarem a JESUS, sendo remidos por seu sangue - (Hebreus 5 : 8):

"Ainda que era Filho, aprendeu a obediência, por aquilo que padeceu."

            A essência da não submissão é o egoísmo, porque toda ordem, ressalvadas exceções, se estabelece como instrumento de acomodação familiar, profissional e social. Em especial na família, a autoridade do pai e da mãe se assenta em DEUS, repise-se, apesar das falhas, como um meio de pacificação para crescimento e aprendizado dos incautos, os jovens. As cãs, os cabelos brancos, ensinam e podem até livrar da morte. A Bíblia registra que JESUS era submisso ao tosco José e à limitada Maria, pessoas desprovidas da sua capacidade intelectual, e assombrou os doutos do seu povo, quando apenas tinha doze anos.

            A ordem em regra é estabelecida em função da coletividade. A sublevação se liba usualmente no egoísmo, daí, qual o movimento revolucionário teve hombridade de reconhecer que errou? Não lembro de nenhum, porque o foco são interesses pontuais, travestido de interesse coletivo e bem estar social. Albert Camus, no livro “O Extrangeiro”, criticou os intelectuais franceses afeitos às causas revolucionárias, na época, o comunismo: “Toda idéia falsa termina em sangue e é sempre o sangue alheio. Por isso, alguns de nossos filósofos sentem-se a vontade para dizer o que lhes dá na veneta”.

            ESTER, a menina que em hebraico se chamava HADASSA, poderia se revoltar contra DEUS, participando de qualquer movimento revolucionário, rechaçando o núcleo familiar,  a uma porque nascera num povo desterrado, subjugado, por pecados cometidos por seus antepassados, e não por ela; a duas, porque além do drama do exílio, o que já era muito para uma criança inocente, viu DEUS permitir que seu pai e sua mãe lhe fossem tragados pela morte. HADASSA detinha razões humanas para rejeitar a DEUS.

            Fato é que foi introduzida no palácio de Assuero, o rei Medo-Persa que reinou sobre o mundo conhecido, excluída a América descoberta em 1.492, o Brasil em 1.500, e a Oceania, 100 anos depois, enfim, foi introduzida e submeteu-se a um concurso de beleza com preparativos que se arrastaram por doze meses, até ser levantada à rainha do mundo conhecido, olvidando a todos sua origem judia e seu parentesco, por ordem expressa de Mordecai, o judeu que lhe adotara, o qual sequer passava da porta do pórtico, a quem lhe era defeso a opulência. A esse homem, do lado de fora, HADASSA, a rainha ESTER que governou o mundo, reservava este tipo de sentimento:

“Ester, porém, não declarava a sua parentela e o seu povo, como Mardoqueu lhe ordenara; porque Ester cumpria o mandado de Mardoqueu, como quando a criara.”

            Jovens buscam a liberdade financeira para se libertarem das “amarras” impostas pelos pais, pela rebeldia ínsita a essa face da vida, como guerrilheiros querem derrubar o governo estabelecido, elocubrando como seria o gosto dessa liberdade, de dizer não, de desobedecer aos pais, ao passo que nas Escrituras honrar os pais é o primeiro mandamento com promessa de longevidade concedida por DEUS.

            A rainha ESTER, a outrora órfã HADASSA, teve mais liberdade financeira do que um jovem ou adolescente poderia sonhar. Metade da Índia à Etiópia lhe cabia por disposição do poderoso rei Asseiro, e essa moça, ainda assim, era submissa a um pai adotivo que sequer adentrava ao Palácio.

            Quando jovens se levantam contra os pais destroem suas vidas, a de outras, geram irresponsavelmente outras vidas pelo sexo desregrado, crianças que crescerão acreditando na paixão, e não no amor, porque foram fruto de eflúvios passionais, desprovidos do compromisso que só o amor pode gerar, envolverão emocionalmente vítimas desmantelando estruturas emocionais do coração, se derramarão nas drogas para experimentar os limites do prazer, tudo para tentar encher o buraco negro do vazio existencial dentro deles.

            Noutra direção, ESTER se submeteu ao velho pai adotivo, o homem defenestrado pela hierarquia social, e, assim, experimentou a promessa de não só ter seus dias de vida dilatados, como o de se tornar literalmente uma estrela de salvação para toda uma nação, a qual até hoje lhe presta homenagem no dia do Purim judaico.

            ESTER em persa significa estrela, uma estrela que brilhou quando uma órfã se submeteu a um pai, pobre, humanamente irrelevante, alguém muito abaixo do seu status de rainha. Quando essa menina foi submissa sua estrela iluminou a vida de muitos e os salvou, pelo que também é uma pré-figura de JESUS no antigo testamento, o qual pela obediência trouxe a vida eterna a todos os que crêem.

            A verdadeira revolução é se submeter à vontade DEUS, mesmo sem entender, honrando o pai e a mãe.

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